21: "Te Vejo no Inferno"

161 1 0
                                    

Com um sinal da Gnoma, o Djin enrolou meu pescoço numa chave de braço muito forte, pressionando minhas asas – doeu pra burro! Você me paga por machucar as minhas asas, Djin filho duma égua!

Eu não resisti, porque sabia que não adiantaria nada.

Ela segurou meu queixo, apertando minhas bochechas e me fazendo olhar para ela.

− Você não pode escapar, Fadinha. Você vai morrer hoje. Diga adeus à todos que conhece. – ela sussurrou, de um jeito que me deu arrepios e uma vontade louca de sair correndo – embora eu não pudesse por causa do Djin.

E como Despertador pressente à quilômetros meu estado de espírito, ele logo apareceu. Rosnava para a Gnoma, que o olhou como se olhasse para uma barata que ela ia esmagar. Hei! Mais respeito com a minha Mantícora!

− Mantícora. Se você se aproximar mais ou tentar me atacar, sequer deixo ela mandar um beijo de despedida. – seu tom de voz conseguia ser mais frio que o pólo norte – tipo como se estivesse a 0 kelvin. Só sei que Despertador recuou lentamente, mas continuou rosnando. Ele até ameaçou não obedecê-la, mas o olhar que lhe joguei o fez ficar quieto.

A Gnoma começou a andar pra lá e pra cá na sala, pensativa. Ao menos era o que parecia.

− Vejamos... Qual será a melhor forma de te matar? – ela me olhou por um segundo, e vi seu olhar, mais sangrento que o do RedEyes que eu enfrentara. – O que sugere, Kai? – ela andou até o Djin, colocando a mão no braço dele de um jeito quase carinhoso.

Ele a olhou, e eu, pelo canto do olho, percebi que seus olhos sorriam. Coisa estranha...

E então, ele falou. Eu não tinha ouvido a voz de um Djin, mas vou te contar... Até um violino desafinado seria mais agradável... Era uma mistura de grasnado de abutre com uma voz arranhada, um tanto retumbante como um trovão, e ainda assim, eu detectei doçura na voz dele. Ele tinha carinho por ela? Que relação mais estranha...

− Talvez cortes “rasos” em pontos vitais... Assim ela sangraria até morrer. – brrrr! Eu PERCEBI o prazer sádico que ele sentiria se realmente fizesse isso comigo. Argh! Nunca mais ando dentro de casa sem meu pingente pendurado no pescoço!

Bem, se eu escapar dessa, claro... Começo a duvidar que eu vá ver os lindos olhos de céu de verão de Rashne de novo...

− Muito demorado... – a Gnomo murmurou, e então entrou na cozinha. O Djin me arrastou com ele para acompanhá-la.

Ela sentara em cima da mesa.

Caramba! A gente COME em cima dessa mesa todo santo dia, tenha educação! Pra que existe cadeira, hein?

Eu me controlei ao máximo para não gritar para ela descer da mesa. Sério. Todo mundo que participou da minha criação me ensinou que é falta de educação sentar na mesa onde a gente come. Além de anti-higiênico.

Ela me olhava fixamente, e eu, com coragem saída sabe-se lá da onde, devolvia o olhar com igual intensidade. Não desviei em momento algum.

− Você tem brincos encantados feitos pelos Elfos Das Montanhas, e Malë, forjado por Anastásia, não tem? – ela perguntou depois de ficar em silêncio por um tempo. E então, me lembrei de quando eu enfrentara o Djin. Não adiantaria negar. Ela tinha visto as adagas e os brincos.

− Tenho. – me limitei a dizer, esticando o pescoço um tantinho pra facilitar a passagem de ar. Parecia que o Djin apertava meu pescoço cada vez mais!

Ela desceu da mesa e olhou-me fixamente.

− Quem os deu à você? – aquilo não era um pedido. Era uma ordem.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde histórias criam vida. Descubra agora