34: Parikhan

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Parei somente uma vez mais antes de chegar ao galpão. Para preparar algo que me ajudaria.

Ergui minha blusa e toquei minha barriga com o indicador. Murmurei um encanto simples e engoli a dor ao sentir minha pele ser marcada como que com fogo, o símbolo para teleporte aparecendo.

Quando gravado em algo móvel, o símbolo só pode ser utilizado uma vez. Eu só poderia teleportar-me uma vez.

E uma vez bastava para lutar contra o Djin.

Kai me esperava do lado de fora do galpão, apoiado contra uma árvore e fumando. Ele não me viu, e eu, estando irritada ao máximo, usei um feitiço para lançar uma lâmina de vento e cortar o cigarro. O vento me obedece mais do que a Terra, sabe...

Ele sorriu de um jeito irônico, endireitando-se.

− Você demorou. – jogou o toco do cigarro no chão, rodou os ombros e avançou na minha direção, ficando à uns dez metros.

Girei Fëna e Savën em minhas mãos, olhando para Despertador de um modo sugestivo: praticar batalha em conjunto por insistência de Rashne fora muito útil. Era quase como se soubéssemos o que o outro pensava apenas por causa de um olhar.

− Problemas com visões. E juramentos de sangue. – até mesmo Kai estranhou meu tom de voz, como sua expressão declarou. Até eu estranhei.

Estava mais... Séria. Um tanto sangrenta. Como se não fosse eu, mas alguém sedento de sangue.

O que não deixava de ser verdade.

Eu estava sedenta de sangue. Sedenta de vingança.

Afinal, esses desgraçados mataram minha vó.

Mal demos tempo para Kai pensar no que fazer.

Despertador avançou correndo, desviando para a direita e pulando em seu ombro, com a boca aberta, tencionando prendê-lo com suas presas e rasgá-lo com as garras.

Kai, por algum milagre, conseguiu fazer sua espada de Palavra de Poder e a usou para se defender, cortando a boca de minha Mantícora.

Percebi isso nos poucos segundos que levei para avançar pela esquerda do Djin e usar Fëna para tentar cortar seu pescoço. Mas ele conseguiu pular para trás antes que minha adaga lhe arrancasse a cabeça, conseguindo apenas um corte raso e que não representava grande perigo. Droga.

Aproximei-me de Despertador e, sem tirar os olhos de Kai, recitei o encanto de cura. O ferimento estava sangrando demais. Além disso, Kai poderia contaminá-lo.

− Melhorou bastante no controle de Essência, pelo que vejo. – ele disse sarcasticamente.

Apenas o olhei friamente, antes de me erguer novamente.

Dei um novo olhar para Despertador. Ele usou seus dons de Mantícora e lançou uma rajada de espinhos na direção do Djin.

Kai girou para a esquerda, achando que seria mais fácil se tivesse de lutar contra mim, e não contra meu eterno companheiro.

Aquilo estava escrito na cara dele.

Sorri sarcástica, percebendo Despertador usar a própria essência para usar um feitiço de invisibilidade – Mantícoras podem usar feitiços sem precisar de fala. Quando ele aprender a falar, vou pedir pra ensinar como. E ele não precisa de mais do que invisibilidade. Despertador sabe andar muito silenciosamente. E, enquanto ele convocava a invisibilidade, eu convoquei uma névoa. Tudo isso durante o tempo que o Djin levou para se desviar. A distração tinha dado certo.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde histórias criam vida. Descubra agora