Capítulo 17

125 10 0
                                    

Medo. Era o que sentia ao subir as escadas. Por que ela não pegou o telefone e ligou para a polícia? Isso seria o mais racional a se fazer. Ao chegar no andar superior, com o abajur, a loira empurrou a porta do quarto da filha e o encontrou intacto como havia deixado. Talvez, a pessoa que invadiu o seu apartamento já tivesse ido embora. Lili suspirou aliviada e caminhou lentamente para o quarto, girou a maçaneta da porta e a abriu, a cena que vislumbrou deixou-a chocada.

O seu quarto estava totalmente revirado. Garrafas de vodca, vinho e whisky encontravam-se espalhadas parcialmente vazias pelo cômodo. Diversos enfeites de porcelana estavam estilhaçados no chão. Próximo à cama, havia uma mala aberta com diversas roupas espalhadas ao redor. Sentado no chão, com os braços ao redor do joelho e a cabeça abaixa estava o seu namorado.

— O que aconteceu aqui? – Será que tentaram assaltá-lo? Questionou-se.

O coração da loira apertou-se, quando o homem ergueu a cabeça e fitou-a. Os olhos escuros estavam inchados, marejados e vermelhos. Era perceptível, a dor e tristeza que ele sentia. O homem chorava igual criança, estava dilacerado. Será que alguém tinha morrido?

— Com quem você estava, Lili? – Com quem, não onde. Um calafrio percorreu a sua coluna. De repente, ela sentia frio e medo.

— Esteve bebendo? KJ, o que aconteceu? – Desconversou. O homem levantou-se e fitou-a. Ela podia ver a raiva brilhando nas irises escuras dele.

— EU PERGUNTEI COM QUEM ESTAVA. COM QUEM VOCÊ ESTAVA? ESTAVA COM ELE NÃO É MESMO, PAULINE? RESPONDE, PORRA! – Ele gritava e caminhava em direção a ela. Lili dava passos para trás e tremeu quando suas costas bateram contra a parede. Estava encurralada.

— Do que você está falando? – Gaguejou.

Ela planejava contar a ele que esteve com o ex-marido, mas não o faria. Não com ele daquela forma. Nunca o tinha visto naquelas condições. KJ sempre foi um homem extremamente controlado, nunca fazia nada em excesso, mas o cheiro de bebida que emanava dele era tão forte que estava lhe causando enjoos.

Eles se conheciam desde sempre e, pela primeira vez, sentia medo dele. Aquele homem, que estava em sua frente, com os olhos transbordando raiva e decepção, não era o mesmo que conhecia desde criança. Quem era aquele? O ruivo realmente seria capaz de machucá-la? O homem estava tão transtornado que acreditava que sim.

— ME RESPONDA! – Exigiu e socou a parede, bem ao lado de sua cabeça. O punho do homem sangrava e ele estava tão descontrolado que nem parecia sentir a dor ou perceber que havia se machucado.

— Não! – Lili piscou, permitindo que as lagrimas que estavam acumuladas em seus olhos finalmente escorressem. – Fui passar o natal com os meus pais no chalé. – Sussurrou com a voz trêmula.

— Lili. Lili. Lili. – O ruivo aproximou ainda mais o seu corpo do dela a medida que cantarolava de forma bastante melodiosa o seu nome.

Ele acariciou as bochechas dela demoradamente com o dedo indicador, sujando-a de sangue.

— Eu te amo tanto, tanto, tanto. Querida, você é o motivo pelo qual durmo e acordo todos os dias. Todos os dias – ele riu e aquilo lhe pareceu um tanto macabro. – Você me ama, meu amor? – Ele desceu o dedo para o pescoço dela e acariciou-o com tamanho cuidado e carinho que a assustava ainda mais.

— Sim. Sim, eu te amo! – Respondeu rapidamente. Temia que ele fizesse algo com ela, caso o contradissesse ou falasse algo que não o agradasse.

Lili apertou a mão ao redor do abajur, será que conseguiria bater nele com aquele objeto? Ela ofegou de pavor quando sentiu a boca dele cobrir o seu pescoço, os seus dentes fecharam-se na pele exposta de forma grosseira e possessiva, machucando-a. Ele empurrava o corpo contra o dela com força, fazendo-a sentir sua excitação. O toque, o cheiro e todo o medo que sentia fazia com que a bile lhe subisse a garganta, estava nauseada e vomitaria a qualquer instante.

christmas reconciliation ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ ❜.Onde histórias criam vida. Descubra agora