Capítulo 26

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Foi quase quarenta e oito horas de angústia e sofrimento, mas, naquele instante, ocorriam dois grandes acontecimentos. Cole estava sendo transferido da UTI para o quarto, finalmente voltaria a vê-lo. O seu ex-namorado e melhor amigo de infância, também se recuperou e estava sendo levado, algemado, para a delegacia, onde ficaria até o julgamento. Ela esperava, de verdade, que a justiça fosse feita, embora esta nem sempre ocorresse para os ricos.

Vanessa, sua cunhada e advogada, solicitou a prisão preventiva do ruivo, no entanto, esclareceu que provavelmente não conseguiriam muita coisa com aquilo. Ele tinha sido preso em flagrante por tentativa de assassinato, mas o crime tinha muitos atenuantes, ele era réu primário, tinha porte de arma e a que utilizara era registrada no nome dele. Angustiava-a imaginar que o homem pudesse ser solto depois ou, até mesmo, antes do julgamento, que ocorreria há alguns dias.

— A senhora já pode vê-lo – informou uma das enfermeiras.

Embora a operação houvesse sido um sucesso, nem todos os estilhaços de bala haviam sido retirados, pois, poderia causar complicações. Antes de adentrar o quarto, a loira olhou o seu reflexo na tela do celular, infelizmente, não estava nenhum pouco apresentável, afinal, passara os últimos dois dias no hospital, passando na casa de sua mãe apenas para ver a filha e tomar banho.

Um sorriso surgiu em seus lábios, no instante em que o viu. Ela observou-o ressonar, aproximou-se da cama, inclinou-se na direção do moreno e deixou que seus lábios se chocassem aos dele, selando-os demoradamente. Uma lagrima escorreu por sua bochecha e com a mão direita ela acariciou o rosto e cabelos do ex-marido.

Por qual motivo havia sido tão burra? Errou quando não o procurou, o conhecia há anos e ele nunca tinha demonstrado um desvio de caráter, deveria ter lhe dado uma oportunidade e chance para explicar-se. Envolveu-se prematuramente com o ruivo, depois de todo o ocorrido, tinha tanta necessidade de sentir-se amada e desejada que qualquer coisa parecia bastar-lhe, usou-o como estepe essa era a verdade. Tinha convivido o suficiente com o ex-namorado e amigo de infância para conhece-lo e saber do que ele era capaz, ainda mais depois das atitudes recentes dele. Além disso, foi um erro ter levado o moreno para o seu apartamento e deixa-lo vulnerável aos ataques do outro. Não deveria ser ele a estar naquela cama, mas sim ela.

Lili permitiu que seus dedos deslizassem pelos lábios do homem, contornando-os, sentia saudades dos sorrisos largos, das covinhas dele em evidência e a forma como seus olhos estreitavam-se.

— Volta para mim, meu amor – sussurrou baixinho e roçou os lábios aos dele.

Ela sabia que, em breve, ele acordaria, no entanto, não queria esperar muito mais. Precisava senti-lo, dizer a ele que o queria de volta e não apenas para sexo casual e descompromissado, mas como o seu marido. Não esperaria mais, não tinha motivos para isso, voltariam para a casa, juntos criariam a filha e, se ele quisesse, poderiam ter outros bebês, ela queria, pelo menos.

— Só se for para você continuar me beijando – sussurrou com a voz fraca, baixa e extremamente rouca.

Ela não se conteve, deveria ter sido mais delicada, obviamente, mas sentiu-se tão feliz que só percebeu que havia se jogado sobre ele quando o homem soltou um gemido de dor. Droga, os pontos, pensou e afastou-se rapidamente. Ela segurou o rosto do moreno com ambas as mãos e beijou-lhe os lábios repetidas vezes, selando-os.

— Eu senti tanto medo.... – Pronunciou e as lagrimas escorreram livremente pelo seu rosto, molhando-o. – Achei que você fosse me deixar.

— Só se eu fosse muito burro – brincou, com a voz ainda fraca e falha. – Preciso de água – murmurou e ela assentiu.

Claro, como ela podia ser tão estupida? O homem tinha passado mais de quarenta e oito horas desacordado, no instante em que despertou, deveria ter chamado o médico e perguntado se ele precisava de alguma coisa, ao invés de jogar-se sobre ele como uma desesperada.

christmas reconciliation ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ ❜.Onde histórias criam vida. Descubra agora