Capítulo 30

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— Mas ela é muito parecida com a garotinha dos cartazes, tem certeza de que não é ela?

Cole deu as costas para a mulher e afastou-se, já não aguentava mais, estava exausto, não dormia há três dias e mal comia.

Qual era o problema daquelas pessoas? Claramente, nenhuma das vinte crianças eram minimamente parecidas com a sua filha, ele poderia citar diferenças gritantes.

— Não, ela não é nenhum pouco parecida – impaciente, o meu irmão a respondeu. – Na verdade, a menina parece muito com a senhora – murmurou, sem humor.

— É mesmo? Mas se quiserem leva-la pelo valor da recompensa, não irei me opor – falou com desdém.

Cole piscou, sentia uma imensa vontade de virar-se em direção a mulher e manda-la tomar vergonha na cara.

Como uma mãe poderia oferecer a sua filha a dois homens adultos e desconhecidos? Ela era muito sem noção ou sem coração mesmo? Não sabia responder.

O celular começou a tocar insistentemente, chamando-o a atenção. Ele não sabia se queria atender.

Desde que colocaram os cartazes com a foto da filha e uma recompensa de cem mil euros, o celular não parava de tocar e, na maioria das vezes, eram ligações de pessoas mal-intencionadas e interessadas apenas no dinheiro.

Ele tirou o aparelho celular do bolso e observou a tela brilhar e o nome da esposa surgir, rapidamente o atendeu e o levou até a orelha.

— Oi, meu amor – murmurou desanimado.

Ela ficou em silêncio, não respondeu nada, mas podia ouvir sua respiração do outro lado da linha.

— Meu amor – falou, um tanto inseguro –, está tudo bem? – Mais silêncio, o que começou a deixa-lo desesperado.

Segundos depois, escutou o choro dela, que aumentou gradativamente. Ela tentava falar, mas as palavras não se formavam. Ele não conseguia compreendê-la, por mais que tentasse.

— Onde você está? – Caminhou em direção ao carro.

Ele está morto! – Disse em meio a soluços.

— Querida, isso foi apenas um pesadelo, ok? Tome outro calmante e volte a deitar, já estou chegando – entrou no carro e o ligou, aguardando o irmão vir de encontro a ele.

Não, não, não, você não está entendendo – falou em completo desespero.

— O que eu não estou entendendo? – Ele apertou o celular entre os dedos. – Onde você está? Está em casa, certo? Em meia hora estou chegando.

Eu o matei, o matei – choramingou ao telefone. – Eu não queria, juro que não queria, mas aconteceu, estou com medo, muito medo.

O coração dele errou a batida. Que conversa errada era aquela? Há mais de vinte quatro horas, quando saiu de casa, tinha-a feito tomar dois calmantes inteiros e deitar. Sua cunhada havia concordado em ficar de olho nela. Sua esposa ainda estava em casa, certo?

Ele colocou o cinto de segurança e respirou fundo.

— Onde você está?

Eu não sei – respondeu e ele socou o volante com força.

Mamãe, por que a senhora está chorando? – Disse uma vozinha sonolenta, muito conhecida, ao fundo.

Desta vez, quem chorou foi ele.

— Ela está com você?

Sim – esta foi a sua resposta.

— O que.... – Fez uma pausa – O que você vê em volta?

christmas reconciliation ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ ❜.Onde histórias criam vida. Descubra agora