Capítulo 20

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Durante todo o percurso até o quarto da ex-amiga, a loira perguntava-se o que a mulher tinha de tão importante para falar com ela que não poderia esperar a realização da própria cesariana. Quanto mais tempo passasse, para que a operação fosse realizada, mas risco de vida corria ela e o bebê. Esperava que a mulher não usasse de sua gravidez de risco para tentar afastá-la do moreno.

Depois de tudo o que viveram nos últimos dias e as angústias das últimas horas, a certeza que tinha era que precisava do ex-marido ao seu lado. Não conseguiria ser feliz sem ele, poderia até enganar-se e fingir felicidade ao ponto de acreditar nela, mas no final tudo daria errado, como já começara a dar com o desiquilíbrio do ex-namorado.

O ar lhe faltou, no instante em que adentrou o quarto que a ex-amiga ocupava. De repente, a loira esqueceu-se de todo mal que a mulher a fez passar. Como poderia ter ódio e ressentimento de alguém com aquela aparência? Embora estivesse grávida e com a barriga enorme, ela encontrava-se magra e com uma aparência pálida e abatida. Os olhos estavam fundos e repletos de olheiras, como se já não dormisse bem há alguns, seria a consciência pesando, depois de todo mal que havia feito?

Barbara a encarou, sorriu e estendeu a mão em direção a ela, como se a convidasse silenciosamente para se aproximar. Foi impossível não reparar os equipamentos e medicamentos conectados a ela. Lili sentiu-se envergonhada, pois, em momentos de raiva, mais de uma vez, tinha desejado o mal daquela mulher e, por mais odioso que fosse, do bebê. Culpava-os por tudo o que tinha acontecido, mas depois de meses conseguia enxergar uma dura verdade: nenhum dos envolvidos naquela história era totalmente vítima ou inocente, todos tiveram a sua parcela de culpa, com exceção do bebê.

— Pediu que me chamasse? – Ela assentiu.

Elas ficaram em silêncio, encaravam-se, mas nenhuma das duas dissera palavra alguma. Barbara parecia triste e envergonhada e não demorou para deixar tudo transbordar para fora dela por meio de lágrimas, ela chorava alto e intensamente.

Era possível sentir a culpa, o arrependimento e o medo presente em cada uma das gotas de lágrima que escorria pelo rosto pálido e abatido da mulher. Não, por mais que tentasse se mostrar indiferente, era impossível. Lili correu em direção a ela e a abraçou, aquela poderia ser a última vez que a veria e não queria que a amiga partisse pensando que ela a odiava.

Odiou o que ela fez, mas, embora pensasse que nutrisse este mesmo sentimento por ela, não a odiava. Sentia raiva pela traição, mentira e por ela ter pouco se importado em procura-la para explicar-se. Barbara agiu como se a amizade de anos não valesse nada e fosse sem importância alguma. Sentiu-se duplamente traída e ferida.

— Tudo bem, tudo bem, eu estou aqui – sussurrou. Barbara tinha a cabeça afundada na curva do pescoço da loira e chorava com intensidade. Lili, por sua vez, acariciava os cabelos da grávida com delicadeza e ternura.

Nunca, em todo o tempo em que a conhecia, a tinha visto chorar. Não do jeito que chorava naquele momento. Barbara sempre lhe pareceu forte, determinada e destemida, mas, naquele instante, parecia uma criança que tivera todos os seus sonhos e expectativas arruinados. Nunca tinha percebido o quão frágil ela era e o quanto precisava de amor, carinho e afeto.

— Me perdoa, por favor, me perdoa. – Barbara apertou ainda mais os braços ao redor da loira e fungou profundamente.

— Está tudo perdoado, Barb, por favor, se acalme. – Barbara respirou fundo algumas vezes e elas se afastaram.

— Eu quero o seu perdão, mas não o mereço. Olha para a mim, estou pagando por tudo o que fiz você e o Cole passarem – lamentou chorosa.

— Todos merecemos perdão, além disso, você não é a única culpada, não o forçou a ir para a cama com você e... – Ela voltou a chorar e colocando ambas as mãos no rosto.

christmas reconciliation ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ ❜.Onde histórias criam vida. Descubra agora