I did a lot of things wrong, loving you being one

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Zenaide arrumava os últimos detalhes, Maria Antônia a ajudava, um pouco sem entender todo esse zelo que a mãe estava em deixar a casa impecável. A chegada de Angélica mudaria a rotina de todos. Ela viu nas notícias o desastre do casamento, e nem conseguia imaginar a dor que sua menina estava sentindo.

Zenaide e Oxente moravam no terreno da fazenda Viana desde o início do casamento. Oxente e Ramiro eram amigos, e com a ajuda de seu marido, Ramiro prosperou na fazenda e na produção de vinhos, introduzindo a produção de queijos tempo depois graças à eles. Zenaide e Amanda engravidaram na mesma época e se fortaleceram juntas nessa fase, criando uma amizade inseparável. Pedro Antônio e Angélica cresceram juntos, até a família Viana decidir se mudar para Porto Alegre para os estudos da menina.

Ramiro deixou toda a fazendo nas mãos de Oxente, confiando seu bem para o amigo. A propriedade era enorme, e por isso Oxente construiu uma casa um pouco distante da casa principal, para que eles tivessem mais privacidade como família.

Quando Ramiro e Amanda morreram, deram todo o suporte que Angélica precisava. Zenaide a trouxe para perto como uma mãe, e cuidava dela ainda que de longe. A menina não tinha aceitado voltar para Monte Castelo na época, mesmo Pedro Antônio indo até ela para sugerir uma pausa, uma troca de ares.

E agora deu no que deu.

— Mãe, acho que tá bom, né? — Maria Antônia falou.

A jovem de 17 anos tinha muita curiosidade da vida dos outros, mas pouca paciente para serviços domésticos. Zenaide olhou de maneira repreensiva.

— Temos que deixar tudo impecável, Maria Antônia. Quero que ela se sinta bem em voltar para casa, Deus sabe o quanto eu rezei por isso.

— Você tem essa tal de Angélica com carinho demais. Parece até sua filha.

— E é, assim como Amanda sempre teve Pedro como um filho. Você não entende essas coisas. — ela falou, revirando os olhos para a filha e voltando a arrumar os travesseiros. — Sempre prometemos que íamos cuidar dos nossos filhos juntas.

Maria Antônia olhou para a mãe e suspirou. Ela sempre falou com muito carinho de Amanda, e a menina sentia que Zenaide sentia falta dessa amizade. Lembrava como ela ficou triste com a morte de Ramiro e Amanda, chegando a ficar de cama. Ainda mais com a preocupação que tinha com Angélica.

Contrariada, ela começou a ajudar a mãe.

Pedro Antônio dava ordem aos outros empregados, sobre os vinhos, os queijos e os cavalos. Foi quando ele viu um carro grande se aproximando. A SUV preta era a cara de Angélica e só por isso ele já sabia que a grande amiga estava chegando. Tirou o chapéu que usava e esperou, o sol estava quente, mas o vento estava gelado, o que o obrigava a usar uma jaqueta de couro.

O carro parou na curva perto da porta de entrada da grande casa e ele se aproximou com um sorriso. Angélica desceu do carro de óculos escuro e um sorriso. Usava uma calça e uma blusa de moletom. Ela estava magra, foi a primeira coisa que Pedro notou e provavelmente uma das primeiras coisas que sua mãe diria.

Ele a abraçou com força, os outros funcionários não entenderam muito bem.

— Bem vinda de volta. — ele falou quando se afastaram.

Angélica tirou o óculos e arrumou o cabelo para trás, olhou ao redor. A casa ficava no topo da colina, a vista era o vasto vinhedo. Ela olhou para ele novamente e sorriu.

— É estranho estar aqui depois de tanto tempo. — ela disse.

— Trouxe malas? — ele perguntou apontando para o carro.

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