Você me vira a cabeça

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— Você só pode estar brincando comigo, Berenice...

— Eu bem que queria...

— A Juliana simplesmente passou meu endereço? O que essa garota tem na cabeça? — Angélica exclamou se levantando na cadeira e passando as mãos pelo rosto.

— Mana... eu não sei, talvez... não sei...

— Talvez o que? — ela perguntou.

— Ele queira conversar para se desculpar?

Angélica se voltou para a amiga, as mãos no peito como se sentido dor.

— Se desculpar? Pelo o que? Por ter me abandonado no altar? Por me trair? Por me fazer perder meu filho?

Berenice foi até a amiga, segurando suas mãos frias nas dela. Ela já viu muita coisa na sua vida como advogada e ela sentia as coisas, tinha um feeling que só anos de profissão poderiam lhe dar. Se Diego quisesse o perdão ela saberia dizer na hora que colocasse os olhos nele. Assim como saberia dizer sobre Miguel quando o visse, apenas de ter certeza que o agrônomo tinha sido vítima de um golpe.

— Se o Diego... quiser se desculpar... você escuta! — Angélica começou a balançar a cabeça em negação. — Você escuta! E aceita! Só assim vai conseguir seguir em frente dessa dor... dessa angustia...

— Berenice...

— Me escuta. — ela segurou o rosto da amiga entre as mãos. — Miguel errou em não te contar... eu sei... mas você também não falou sobre o Diego.

— Nem se compara! — Angélica rebateu.

— Não... não se compara... mas são segredos que machucam vocês... independente do grau de gravidade... são segredos que machucam... vocês precisam se curar... só isso vai trazer a paz para estarem juntos.

— Não quero saber do Miguel... acabou. — a ruiva falou firme.

— Nós duas sabemos que não acabou, minha amiga...

''Ela parecia uma miragem de tão linda. Os cabelos ruivos, um olhar marcante, um corpo de parar o transito. A atração que ele sentiu por ela foi instantânea. Pelo resto da noite não conseguiu tirar os olhos dela, mas a ruiva parecia nem perceber que ele estava ali, tão engajada com seus colegas e clientes.

Angélica Viana.

Uma das mais famosas arquitetas do Brasil. Diziam que ele tinha sorte de só estar no mesmo ambiente que ela. Mas Diego queria mais, ele era um homem que arriscava, apostava tudo ou nada.

E foi assim que ele se aproximou dela, cheio de charme e uma taça de champanhe. Seus amigos diziam que ele estava louco, alucinado por ousar falar com aquela mulher. Que o chamassem de louco, mas ele não sairia daquele evento sem se fazer notado.

— Boa noite. — ele falou com um sorriso.

Angélica se virou e o olhou nos olhos. Diego sentiu a alma ser levada para longe, um lugar em paz, calmo, completamente conflitando com a personalidade aventureira que ele tinha. Ela sorriu para ele e tomou a taça de sua mão.

— Boa noite, Senhor Vasconcelos. — aquela voz envolveu todos os seus sentidos.

Diego se viu perdido.

— Sabe meu nome? — ele perguntou com um sorriso.

— Um engenheiro famoso... como eu não poderia conhecer? — Angélica respondeu.

Depois daquele encontro eles não se separaram mais. Era quente e explosivo... os dois juntos. Se amavam com fervor, com a energia de um rancor reprimido que nenhum dos dois sabia dizer da onde vinha ou o que nutria. Não brigavam, nunca discutiam, mas a faísca estava ali, presente. Diego amava aquilo, a emoção de não saber o instante seguinte.

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