acordo entre acordo

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No dia seguinte, Angélica saiu para o pátio de casa atrás de Pedro. Viu seu amigo perto da caminhonete da fazenda e sorriu.

— Bom dia, Pedro.

— Bom dia! Dormiu bem? — ele perguntou, desviando o olhar da pasta que segurava.

— Bem... eu tenho um favor para te pedir.

— Claro! — Pedro lhe deu total atenção.

Ela colocou as mãos no bolso de trás da calça, entortando um pouco a postura, nervosa. Olhou para ele mordendo os lábios.

— Preciso que dia ao Senhor Miguel que ele pode usar a água do lago por uma semana... até ele achar outro meio de abastecer seus animais.

Pedro a olhou sorrindo e colocou a pasta no banco do motorista através da janela aberta. Cruzou os braços e a olhou atento.

— Opa, que coisa boa! Mudou de ideia?

— Depois da intercorrência com Leandro ontem, sim...

O amigo coçou a cabeça.

— Fiquei sabendo.

— Pois é, eu não quero que ele fique com a impressão de que aqui resolvemos as coisas daquele jeito, por isso quero que dê essa cortesia como um pedido de desculpas.

— É... acontece que hoje eu não consigo. — ele falou, pegando uma outra pasta que um funcionário tinha acabado de lhe trazer correndo. —Eu vou dar um pulo em Porto Alegre para resolver uma questão com um de nossos exportadores.

— Ah, por isso o terno. — ela concluiu, cruzando os braços. — Não quer que eu vá com você?

— Melhor não, esse cara é um chato, você não imagina a dor de cabeça que foi para convencê-lo a falar comigo depois que seu pai morreu. — ele falou, conferindo a pasta e colocando no banco do motorista junto com a outra.

Angélica o observou. Realmente, se não fosse por Pedro a fazenda estaria perdida, ela esperava conseguir aprender tudo para que pudesse ajudar seu amigo a tocar os negócios.

— Você pode ir até lá! Falar com ele...

Ela arregalou os olhos.

— Está doido? Provavelmente Miguel não quer me ver nem pintada de ouro.

— Ele não é assim, e outra, quem atirou foi o Leandro, não você. Explica que ele vai entender, e vai te agradecer muito por deixar ele usar a água mais uma semana.

Pedro Antônio a beijou na testa e entrou no carro. Olhou para ela e sorriu.

— Ah, se você ver a Fernanda, fala que eu mandei um beijo. — ele disse com um sorriso bobo.

Angélica olhou para ele sem entender, não sabia quem era Fernanda, mas já sabia que a mulher era a razão do sorriso bobo. Ela suspirou ao ver o carro se afastar. A sua única alternativa era falar com ele mesmo. Olhou para seu carro e respirou fundo, tomando coragem.

Momentos depois, ela estava estacionando na porta da casa dele. No caminho até aqui em cima ela viu a plantação, era enorme de fato, e ele devia faturar alto. E tudo era muito bem cuidado, organizado.

Ela desceu do carro e logo sentiu a presença de uma pessoa do seu lado. Olhou e viu um rapaz que devia ter a idade de Maria Antônia, ele tinha olhos curiosos e um sorriso no rosto. Angélica o olhou, esperando ele falar alguma coisa.

— A senhora deve ser a Poderosa! — ele falou em um sussurro meio hipnotizado, mas logo se corrigiu. — Digo! A Dona Angélica!

Angélica concordou com a cabeça, devagar, sem entender de onde o menino tinha tirado esse negócio de poderosa, mas decidindo não perguntar para não se arrepender.

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