pyro

28 3 0
                                    

No dia seguinte, Angélica acordou disposta a cavalgar. O dia não estava tão quente, poderia dizer que até um pouco nublado. Queria ir até o lago que estava lhe rendendo uma dor de cabeça. Na tarde anterior, Pedro Antônio passou horas tentando convencê-la a mudar de ideia e deixar Miguel usar a água para o gado, mas ela foi irredutível, como sempre era com seus negócios. Aquele homem não usaria sua água.

Não importava quão lindo era aquele olho verde, que ele usasse a visão para buscar outro lugar para seus animais se hidratarem. Angélica tomou um banho quente, o tempo estava frio em Monte Castelo. Colocou uma de suas roupas de montaria, arrumou o cabelo e desceu as escadas. O cheiro de café já estava dominando a casa.

Ela se sentou na mesa com Zenaide.

— Está mais calma, minha filha? — a senhora perguntou.

— Um pouco, sim, mas vou passar lá para dar uma olhada, só para garantir.

Zenaide balançou a cabeça rindo.

— E Seu Oxente? Por que ainda não veio me ver? — a ruiva perguntou bebendo seu café.

— Até parece que ele sai do escritório no começo do mês. — ela respondeu rindo. — Ele quer conferir todos os números de rendimento da fazenda, Oxente e Zé Antônio não saem do escritório de jeito nenhum.

Angélica riu e concordou.

— Eu vou passar lá depois então... Tia Zenaide, e Antônio Junior? Eu ainda não o vi.

Zenaide balançou a cabeça.

— Esse só quer saber de jogos de computador agora. E ainda por cima diz que quer ser arquiteto que nem você! Como? Esse menino não pega em um livro!

Com 15 anos, Angélica imaginava que estudar era a última prioridade do rapaz.

— Eu tenho certeza que mais para frente ele corre atrás do prejuízo, e se ele quiser uma vaga de estágio quando passar na faculdade, tenha certeza que minha empresa está de portas abertas para ele.

Angélica saiu para cavalgar pouco tempo depois do café. Pedro estava cuidando das tarefas, e ela sabia que uma hora teria que correr atrás de ler os documentos que se acumulavam em seu escritório, mas hoje ainda queria aproveitar não ter responsabilidades. Diamante estava tranquilo, refletindo sua dona. A arquiteta passeava devagar, apreciando a paisagem do sul. Apertou mais a jaqueta ao seu redor, o vendo gelado não ajudava muito.

Foi se aproximando da lagoa devagar, e suspirou ao ver o mesmo gado que viu quando chegou na vila. Aquele homem não aprendia mesmo. Foi então que o viu, sentado no meio da terra, observando seus animais beberem água. Era um cínico mesmo. E ainda acenou para ela.

— Dona Angélica! — ele falou rindo, limpando a calça.

Ela desceu o cavalo e caminhou até ele.

— Você é teimoso, já falei que não quero seu gado nas minhas terras. — ela falou com a cara fechada.

Miguel sorriu como se não tivesse culpa.

— Sabe como é, eles já estão acostumado, quando eu vi já estavam aqui.

Angélica olhou para os animais e suspirou, voltando o olhar para o homem charmoso na sua frente. Espera um pouco, Angélica, charmoso? Ela balançou a cabeça e falou nervosa.

— Pois os acostume a ficar longe daqui.

Ela começou a se afastar e ele a puxou pelo braço para perto.

— Por que essa implicância toda comigo? — ele perguntou sério.

Angélica se assustou com a proximidade, mas não conseguiu o empurrar para longe.

Monte Castelo Onde histórias criam vida. Descubra agora