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O dia seguinte tinha vindo rápido demais. Berenice iria com eles para servir como ajuda extra na defesa de Miguel caso Gisele tramasse alguma coisa, mas para a advogado o caso era a favor do agrônomo, não tinha duvidas nisso. Não tinha duvidas de que voltariam com essa vitória. Miguel e Berenice conversavam animados na sala enquanto esperavam Angélica descer.

— Angélica, meu amor... vamos nos atrasar. — ele falou em voz alta.

— Calma... — ela falou descendo as escadas. — Só estava passando um batom.

Ela estava maravilhosa mesmo. Uma calça preta e um sobretudo preto que a deixava incrível. Miguel não precisava de muito para babar por ela, o que fez Berenice rir.

— Pra mim não precisa de nada disso.

— Mas eu me arrumo para os outros mesmo. — ela falou convencida, se colocando ao lado dele e arrancando uma risada da amiga.

— Ah! Para os outros? E eu achando que era para mim. — ele falou enquanto colocava a blusa de frio, guiando as mulheres para fora da casa de Angélica.

— Eu me arrumo para você também, mas é mais para os outros porque desde que eu cheguei aqui me olham da cabeça aos pés.

— Isso é verdade. — Berenice concordou. — Outro dia fui na cidade com essa mulher, parecia que estava andando com alguém famoso.

Eles riram até se aproximarem do carro de Miguel. Angélica parou e sentiu o peso da chave de seu carro na bolsa.

— Espera! — ela exclamou, chamando a atenção dos dois. — Podemos ir no meu carro?

Miguel a olhou confuso.

— Podemos, mas o que foi? Algum problema com o meu?

— Não... só estava afim de dirigir hoje.

O agrônomo sorriu para a noiva – um segredo que revelariam para a família naquela noite – e se aproximou para beijá-la. Entraram no carro preto de Angélica e ela lançou um último olhara para a caminhonete de Miguel.

— Vou pedir para o Hugo vir buscar o carro e levar de volta para a fazenda. — ele falou enquanto colocava o cinto.

O caminho para Porto Alegre foi calmo, chegaram no fórum duas horas depois. Berenice adotou sua pose de advogada série e Angélica riu, a amiga se sentia muito em casa em ambientes como esse. Miguel se aproximou de seu advogado e o cumprimentou, apresentando as mulheres. O homem parecia nervoso.

— O que foi? — Miguel perguntou.

— Gisele estava crente que você não viria, fiquei até com medo.

— Ela tentando se sustentar em sua mente doentia uma última vez. — Angélica comentou ácida.

O advogado riu e falou que Berenice e Angélica teriam que esperar no corredor. As duas aproveitaram para ir tomar um café.

Miguel olhava para Gisele com ódio. Tirando a surpresa inegável que ele viu no rosto da mulher ao vê-lo entrar, depois disso a atuação dela foi impecável. De fato, se seu exame toxicológico não tivesse saído, provavelmente o juiz daria causa ganha a ela, ou até adiaria a sentença. Mas para o juiz não tinha erro.

No meio da audiência um assistente entrou com documentos urgentes para o juiz, e a resposta final, que já parecia mais que firmada, só foi reiterada.

— Senhorita Gisele, o seu caso acaba de complicar. — ele olhou os documentos assustado. — Leandro Campello é um nome familiar para a senhora... quantas transações...

— Eu não sou o que a vossa excelência quer dizer. — ela falou, seu corpo branco como folha de papel.

— Nem tente. — ele falou sério. — Esse homem fez uma delação premiada. Reduziu a pena dele em dias, mas acabou com você.

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