trying not to love you

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Miguel voltou a cavalgar pelas terras para cuidar do gado. Hoje era dia 23 de junho. Tinha dois dias antes de enfrentar o pior dia do seu ano. Queria aproveitar da companhia de Angélica, a única coisa que parecia acalmar sua alma atormentada. Por isso pegou seu cavalo cedo, como sabia que ela fazia. O tempo estava nublado, ele corria o risco de não vê-la pelas chances de chuva, mas Manuel tinha lhe garantido que todo dia de manhã ela passava pelo gado, hoje provavelmente não seria diferente.

— Vai passear? — ouviu a voz de Gisele atrás dele.

Miguel se virou sorrindo, educado. A última coisa que precisava era que Gisele resolvesse ir com ele. O agrônomo nunca tinha dado nenhuma esperança para a mulher, mas temia todas as coisas que a mãe falava que ainda nutriam essa expectativa dentro dela.

— Vou olhar o gado. — ele falou com um sorriso.

E tentar convencer uma certa ruiva a passear com ele.

— Posso ir com você?

Ele suspirou, olhou para o céu e viu as nuvens carregadas.

— Vai chover, minha mãe não vai gostar se você sair nesse tempo.

Gisele se aproximou dele devagar, passando a mão pelo seu peito. Miguel suspirou, não conseguia sentir nada se não dó. Ele segurou a mão dela e afastou devagar. Sorriu forçadamente.

— Fica para a próxima.  — ele diz.

Miguel subiu no cavalo com pressa e partiu. Gisele observou ele se afastar contrariada. Ela vinha aguentando isso há anos, mas dessa vez não passaria. Ela não iria embora de Monte Castelo enquanto não estivesse noiva de Miguel. Aquele homem seria dela, e ruiva nenhuma ficaria no seu caminho.

Gisele pegou o celular e discou o número que pensou que não fosse precisar.

— Alô? Eu quero conversar sobre aquilo. — ela falou firme.

Angélica se aproximou do gado devagar. Não sabia se Miguel viria, uma chuva forte ia cair logo. Correu o risco. Diamante se aproximou do gado conhecido e parou como estava acostumado a fazer. A ruiva olhou ao redor. Manuel estava ali e balançou a cabeça em um cumprimentar sério. Sabia que o velho cuidador não era muito fã dela, provavelmente preferia lhe chamar de megera do que de Poderosa.

Logo ela viu o cavalo de Miguel se aproximar, disfarçou, desviou o olhar e deixou Diamante atentou para voltarem a cavalgar, como se ela estivesse ali casualmente. O agrônomo se aproximou com um sorriso no rosto.

— Angélica... que bom te ver por aqui.

— Vim dar uma olhada nos seus animais... — ela respondeu em um tom sério.

— Manuel sempre faz isso, mas fiquei sabendo que você vem todos os dias, algum motivo especial?

A ruiva segurou um sorriso.

— Quero garantir a minha parte do acordo.

— Com um capataz como o seu eu também ficaria preocupado. — ele alfinetou e ela revirou os olhos.

— Algum motivo para o Senhor estar aqui? — Angélica perguntou e ele se aproximou com o cavalo.

— Quero te mostrar minhas terras.

— Para que? — ela retrucou.

— Gosto de compartilhar as coisas com quem me importo.— ele disse em tom convencido.

Ela sorriu, sentindo o rosto ficar vermelho. Aquele homem e seus charmes ainda seriam seu fim. No final das contas ela concordou e Miguel começou o passeio a guiando até o casarão, de onde sua plantação saia. Ele foi descendo pelo terreno, mostrando o vasto verde e seu galpão de hidropônicas.

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