Suas meias frases estão escritas nas minhas costas

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Angélica passou a noite no escritório fazendo contas do que poderia doar para Miguel sem que isso afetasse suas próprias finanças. Até mesmo o quanto poderia doar além. Praga, doença de gado, fogo no plantação. Se antes ela já suspeitava, agora ela tinha certeza. Alguém estava agindo contra Miguel, poderia ser Gisele em uma espécie de vingança, ela não saberia dizer, visto que a mulher havia sumido de Monte Castelo. Por volta das duas da manhã, Pedro parou em sua casa para dizer que o fogo tinha sido controlado e que todos tinham ido dormir, menos Miguel, que foi para a delegacia abrir um B.O.

Um dos bombeiros achou uma bomba caseira no meio do estrago e levaram para a perícia. Seria mais um processo correndo para a família Aguiar, tudo que eles não precisavam agora.

A manhã chegou cedo demais para Angélica, logo ela sentiu o cheiro de café vindo da cozinha. Olhou o relógio, se havia cochilado meia hora já era muito. Levantou da cadeira devagar, se alongando. Pegou o celular e foi para a cozinha. Zenaide terminava de passar a manteiga para o pão na chapa.

— Deixa que eu faço isso, tia. — ela disse, se aproximando da mulher, tentando assumir o comando do fogão.

— Nada disso, senta lá. — Zenaide respondeu.

A contragosto a ruiva sentou na mesa da cozinha.

— Maria Antônia não veio? — ela perguntou.

— Minha filha, essa menina está com um humor péssimo há dias, arredia, não fala, mal come... pergunto se foi alguma coisa com o Hugo e ela diz que não... mas acho que devem ter brigado, não sei.

Berenice entrou na cozinha bem naquele momento, e ficou preocupada em ouvir que Maria Antônia não tinha melhorado nada. Seja lá o que tinha acontecido, a advogada estava preocupada e esperava poder ajudar antes de ir embora. Berenice deu um beijo no rosto da amiga e sorriu.

— Bom dia, Dona Zenaide. — ela cumprimentou a amiga.

— Bom dia, querida, senta ai.

Berenice segurou a mão de Angélica e sorriu preocupada.

— Como foi ontem?

— Horrível, Berenice... tanto fogo... um cheiro horrível de queimado... Miguel estava devastado...

— Falou com ele?

— Não consegui... — respondeu em um sussurro. — Mas pedi para o Pedro ir até Miguel assim que desse para verificar se minha doação chegou até ele.

— Doação?

— Anônima, claro. — Angélica esclareceu. — Não quero correr o risco dele recusar.

— Mana...

— Miguel precisa de ajuda... eu sei que ele vai ficar um pouco receoso de aceitar, mas se não aceitar pode perder tudo.

— Fala com ele, amiga... por favor. — Berenice implorou.

— Eu quero... eu quero tanto, mas alguma coisa me prende... eu não consigo.

'' — Então é você. — Angélica ouviu uma voz completamente desconhecida.

Abriu os olhos para se encontrar em uma sala de uma casa que nunca esteve. Móveis que ela não comprou, uma decoração horrível que não fazia bem o seu gosto. Parecia a casa de um jovem. Angélica se voltou na direção da voz, era uma mulher de cabelos escuros e cacheados, com olhos verdes marcantes. Um sorriso encantador. Só não sabia quem diabos era aquela mulher.

— Eu?

— Angélica. — a mulher falou.

— Isso é um sonho, mas eu não faço a mínima ideia de quem você seja e como sabe meu nome.

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