cruzamos las fronteras y los mares

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Miguel pegou o carro apressado. Seja lá quem era essa senhora, escutaria umas boas verdades sobre maneiras com os vizinhos. Mal chegou e já queria estragar o que funcionava muito bem? Por birra, ele tinha certeza. A agrônomo partiu para a fazendo que anteriormente sua irmã admirava. Sua caminhonete prata passou por entre o vinhedo, o cheiro invadia seus sentidos. É, tinha que confessar que era uma boa fazenda.

Parou o carro na curva perto da porta de entrada. Estava prestes a tocar a campainha quando ouviu uma voz que fez seu corpo todo arrepiar.

— Posso ajudar? — Angélica perguntou para o homem que nunca tinha visto, mas que parecia determinado.

Miguel se virou para a dona da voz, e se só aquilo tinha feito seu corpo tremer, a visão que tomou conta de seus olhos fez seu coração parar. Na sua frente simplesmente estava a mulher mais linda que já tinha visto em toda sua vida. Ela usava um chapéu por conta do sol, um camisa branca com um decote que valorizava seus atributos e uma calça preta mais apertada que ele já tinha visto. Os cabelos vermelhos estavam balançando com o vento. Tudo naquele cenário foi feito para arrancar sua respiração.

Angélica o olhou, esperando. Seria inútil negar que aquele homem era muito bonito, com seu corpo forte e uma jaqueta que valorizava seus ombros largos. Mas o que mais a intrigou foi o olhar, um verde que ela nunca tinha visto, mas que lhe caía muito bem. Seus pensamentos foram cortados pela voz racional dentro dela que dizia que aqueles olhos já estavam olhando tempo demais.

— Ein? — ela chamou sua atenção.

Miguel saiu do transe e focou no que tinha vindo fazer, mas com certeza perguntaria porque Pedro nunca lhe falou sobre essa funcionária. Esperto, provavelmente o amigo já estava de olho nessa beldade.

— Eu vim falar com a dona da fazenda. — Miguel falou com a voz um pouco incerta. — Ela está?

— Está olhando para ela. — Angélica falou firme, cruzando os braços.

Certo. Isso mudava um pouco as coisas, Miguel pensou. Então quer dizer que a dona de toda a beleza do mundo também era a pessoa sem coração querendo tirar a água do seu gado. Miguel respirou fundo e estendeu a mão para cumprimentá-la, mão essa que ela ignorou totalmente.

— Eu sou Miguel Aguiar, dono da fazenda Aguiar.

Angélica sorriu sarcástica e ele já podia dizer que não gostaria do rumo dessa conversa.

— Ah... o dono do gado se aproveitando da minha água. — ela falou rindo, já imaginando o que o homem estava fazendo ali. — Eu sei o que você vai pedir, a resposta é não.

Miguel a olhou intrigado. Para tanta beleza, ela tinha o mesmo de arrogância.

— Eu fiz esse acordo com o Pedro há mais de três anos, não entendo, se isso não te afetou até agora porque desfazer?

— Pedro fez esse acordo sem me consultar, achou que eu não fosse me importar.

Miguel colocou as mãos na cintura como fazia quando estava irritado.

— Pelo visto ele estava errado. — ele retrucou.

— Muito! — ela rebateu, adotando uma postura ainda mais agressiva para se igualar ao homem.

Oras, era muita pretensão ele simplesmente achar que ela deixaria ele usar a água assim.

— Isso é um absurdo, essa lagoa nem faz parte da sua produção.

— Mas faz parte das minhas terras, se quiser usar vai ter que pagar! — ela exclamou.

— Como é? — ele a olhou indignado, passando as mãos pelo rosto. — Água não se pega, mulher! Nem se nega!

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