Monte Castelo

man i feel like a woman

Ela não o viu depois do acidente com a cobra. Fernanda aparecia em seu sítio todos os dias para ver Pedro, mas ele não tinha dado o ar da graça. Sua perna estava bem melhor, aos poucos ela voltava para a sua rotina de cavalgar pela manhã. O gado dele ia muito bem, ela fazia questão de checar, já que Leandro tinha implicado com os animais por motivo nenhum.

— Seu aniversário está chegando, querida. — ouviu a voz de Zenaide.

A mulher se sentou ao seu lado para almoçar, um sorriso no rosto. Angélica olhou um pouco desconcertada.

— Eu não sei se quero comemorar...

— Deixa de besteira, podemos fazer algo mais íntimo, só a família.

A festa íntima contou com uma grande fogueira em seu gramado, muita música e várias pessoas, amigos de Oxente, pessoas que a conheciam desde pequena e que ela nem se lembrava. Seu aniversário era no meio de junho, dia 17, e todos acharam que seria ótimo fazer uma espécie de festa junina.

Angélica terminava de se arrumar quando ouviu o telefone tocar. Atendeu e caminhou até a janela do quarto, já vendo as pessoas se divertindo em sua festa.

— Eita se não é a aniversariante. — ouviu a voz de Berenice.

— Pensei que tivesse esquecido. — Angélica falou rindo enquanto arrumava o vestido.

— Jamais! O dia que foi uma loucura na empresa.

— Algo que eu devesse me preocupar?

— Não, é o mesmo de sempre. Agora me conta! Como foi seu dia?

Angélica começou a contar sobre o que tinha feito, o presente que tinha ganhado de Pedro Antônio e como Maria Antônia tinha feito um almoço especial. Berenice falou como Caio estava empenhado em criar um presente para a tia Angélica.

— Quando vocês vêm me visitar? Já compraram as passagens? Precisam me avisar para eu buscar vocês no aeroporto.

— Não se preocupa, vamos no final do mês.

A ruiva sorriu.

— Estou ansiosa para chegarem logo, tem tanta coisa que eu quero mostrar para vocês.

— Alguém especial? — Berenice perguntou curiosa.

A mente de Angélica foi na velocidade da luz para a fazenda ao lado. Perguntava-se se Miguel viria. Ela tinha enviado um convite para todos da casa, até a tal Gisele com quem ela não tinha ido muito com a cara.

— Seu nome virou misteriosa? Pela demora eu já imagino qual seja a resposta.

— Não tem ninguém. — ela respondeu logo.

— Até parece, depois eu quero fotos.

Angélica desligou antes que a amiga divagasse mais ainda nessa história. Se olhou no espelho mais uma vez, hoje ela tinha uma necessidade especial de ser sentir mais bonita. Afinal, ela saia do fundo poço devagar, hoje ela queria se permitir celebrar sua vida. 32 anos, um abandono no altar e um aborto espontâneo. Ela suspirou. Sim... talvez ela pudesse se permitir hoje.

Desceu para a festa e todos a esperavam, olhou a redor mas não viu a família de Miguel. Cumprimentou os convidados um pouco distraída, o olhar ainda buscava por aquele verde que não via.

— Eles estão vindo já. — ela ouviu a voz de Pedro Antônio atrás dela.

Angélica se virou com um sorriso.

— Estou mais preocupado por você, sei que se a Fernanda não vier a festa acaba para você. — ela rebateu em tom de brincadeira e Pedro riu.

— E eu sei que o melhor presente de aniversário para você seria bater boca com o Miguel.