I don't know if i like what've become

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— Eu não bebo... não bebo mais que meia taça... — ele sussurrou para si mesmo.

— Mas encheu a cara comigo ontem... eu quero saber como vamos lidar agora... minha reputação vai ficar horrível em Porto Alegre se você não me assumir como sua noiva... no mínimo. — Gisele disse olhando para as unhas.

Miguel olhou para ela como se a morena tivesse sessenta cabeças. O que ela pensava? Em que ano ela achava que estava? Miguel não poderia se importar menos com o que a sociedade de Porto Alegre iria falar, sua preocupação era saber o que tinha acontecido na noite anterior. Tereza colocou a mão no braço do filho.

— Ela só pode ter te dado alguma coisa. — Fernanda concluiu. — Você nunca ficou desse jeito, irmão, nunca!

— Filho... — Tereza chamou a atenção dele. — Tenta se lembrar de alguma coisa.

Ele fechou os olhos, via Gisele caminhando até ele com a taça. Miguel estava na cozinha, ela pegou o vinho na adega. Ele não viu a garrafa abrindo, não viu o vinho descendo para a taça. Mil coisas podem ter acontecido nesse percurso. Abriu os olhos rapidamente, olhando atento.

— Colocou droga na bebida? — ele perguntou chocada.

Gisele riu.

— Credo, Miguel! Que sério... desse jeito até parece que eu abusei de você!

— É claro que foi abuso! — Miguel gritou. — Gisele!

— Denuncia essa vagabunda. — Fernanda falou nervosa.

Gisele se levantou da cama assustada.

— Você está brincando, não é? Que abuso, Miguel! Olha o seu tamanho, muito mais fácil ser o contrário. — ela falou rindo, olhando para Fernanda, que permanecia séria.

Vendo a gravidade da situação, Gisele pegou as roupas e enfiou nas malas rapidamente.

— Eu não acredito que estou sendo humilhada desse jeito... você bebe todas e agora quer colocar a culpa em mim! — ela exclamou e Miguel começou a caminhar de um lado para o outro, nervoso. — Abuso? Você é homem, Miguel! Isso é um absurdo.

Miguel a segurou pelos braços.

— Eu vou te denunciar, eu vou até o fim. — ele falou firme.

— Tenta, Miguel... e eu acabo com você! — ela respondeu no mesmo tom.

Horas depois, Miguel estava sentado em seu escritório. Olhava para a foto que foi tirada com Angélica e Caio há um dia. Como tudo podia mudar em um dia ele não entendia. Foi assim na sua juventude, está sendo assim novamente em sua vida adulta. 10 anos e ele não tinha aprendido que no final das contas tudo ao redor dele poderia virar pó. E a culpa era toda dele.

Deveria ter sido mais esperto, mais ligeiro. Mas como poderia adivinhar que Gisele jogaria tão baixo a ponto de cometer um crime. Ele tinha que ir para a delegacia, tinha que fazer isso logo antes que Gisele saísse impune.

— Filho? — ouviu a voz de Tereza entrando em sua sala.

A senhora se aproximou e Miguel se levantou. Não sabia nem ao menos como começar a explicar para sua mãe todo o caos em volta de algo assim, que parecia tão... idiota. Foi só olhar nos olhos de sua mãe que ele sentiu... sentiu que ela sabia. Tereza se aproximou e o abraçou, Miguel se deixou levar pela emoção.

— Desculpa, mãe...

— Nós vamos para a delegacia tomar as devidas providencias, vamos.

Angélica caminhava por entre a plantação. Seus funcionários trabalhavam concentrados, nenhum a olhava, talvez com medo de que ela reagisse mal, como reagiu mais cedo com Miguel. Como se arrependia de sua atitude inconsequente mas só pensar na cena de ontem... sentia que poderia fazer de novo.

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