III

253 14 2
                                    

Narrador

James voltou para o dormitório depois da conversa com Marjorie.
- E então? O plano de fingir que esbarrou nela por acidente no corredor? - Sirius fechou um jornal que estava lendo no meio e ergueu as sobrancelhas para James.
- Cinco nuques que ela odeia Pontas agora! - Remus nem ergueu o rosto do livro que estava lendo
James revirou os olhos e se jogou na primeira cama que viu pela frente, que era de Frank.
- Na verdade meus queridos marotos! Ela disse que não me culpa por quase matá-la! - James agarrou o travesseiro.
- Tanta gente aqui da grifinoria e o Pontas foi dar ideia em uma sonserina! - Peter resmungou com sono.
- Ninguém daquela casa a considera como tal! Se pelo menos o chapéu tivesse a colocado na corvinal, tenho certeza que não a maltratariam lá! - James se irritou.
- Não se esqueçam que não podemos julgar alguém pela sua casa! - Remus fechou o livro fazendo um barulhão.
- Mas é a sonserina Aluado! - Sirius examinou Remus.
- Seu irmão é da sonserina Sirius! - Remus berrou com o Black - Suas primas! Tudo bem que a Bellatrix é a filha do cão! Mas e Andrômeda?
Sirius se fechou e apagou as luzes.
- Boa noite, marotos... - Sirius disse antes de dormir, com as lágrimas brilhando em seus olhos.

Marjorie Lovegood

Madame Pomfrey não tinha data certeira de quando me liberaria, então meus deveres eram todos feitos na enfermaria. A parte boa era o silêncio, sem Roberta, Sabrina ou Pantalona me atormentando, não tendo como ver Lucius e sem Filie tagarelando sem parar.
- Marjorie! - Só foi falar... Revirei os olhos, fechei o livro de "história da magia" e forcei o pior sorriso do mundo para Filie que vinha saltitando.
- Filie? O que faz aqui? - Perguntei me fingindo de interessada.
- Me contaram que você estava aqui, então vim te visitar! - Ela estava toda animadinha, o que me fez engolir em seco.
- Jura? Quem te contou? - Quem foi o sagrado que foi cortar minha paz?
- Lucius Malfoy, do sétimo ano! - Filie se sentou do meu lado na maca.
Tinha que ser Lucius.
- Vai para as aulas Filie! Não vai querer ter problemas na primeira semana de aula! - Inventei uma desculpa qualquer.
- Eu só vim visitar uma amiga doente e-
- Não somos amigas, e não estou doente! - A cortei antes que terminasse.
Voltei a olhar para meu livro na esperança que Filie me deixasse sozinha.
- Eu não tenho amigos. E não quero ter amigos... - Apertei os lábios.
- E por que não? - Sério Filie?
- Não quero! - Suspirei me acalmando - Só... Você é uma ótima pessoa. Então se faça o favor de parar de romantizar as pessoas que não se importam com você!
Filie ficou em silêncio, levantou da maca e foi andando a até parar na porta da enfermaria de costa para mim.
- A forma como fala de si mesma. A forma como se humilha é absurda! - Ela disse por fim antes de sair.
Ela errou de novo.... Não me humilho, sou franca falo a verdade mesmo quando não querem ouvir... Mesmo quando eu não quero ouvir, falar a verdade a si mesma é a autoajuda mais poderosa que existe. A minha verdade é....sem resposta, sem registro... insignificância, uma palavra que significa "coisa de pouco valor". Não condizendo com meu nome, Marjorie Lovegood, "Pérola Bom amor", e por outro lado pérolas são arrancadas de suas ostras, a deixando sem proteção, e que o amor é apenas uma ilusão criada pela sociedade para a famosa procriação.... É, meu nome é meu mesmo... Meu nome sou eu mesma.

As horas passam voando quando seus pensamentos a envolvem como uma bruma. Quando vi faltavam menos de duas horas para as aulas acabarem.
Meu repouso era mais do que uma calmaria, era um deleite. Quando a ferida começou a coçar, coloquei minha mão por baixo da gaze, e fiquei cutucando, sentindo arder, tirando a mão e a recolocando só para sair mais sangue. Não me sentia mal fazendo isso... Não mesmo...  Eu acho que até... Gostei?
- Morrer é a parte menos dolorosa da vida, não? - Me virei para o lado, tinha um garoto da minha idade, mas que não sabia quem era.
- Sim... Quem é você? - Perguntei, tirando discretamente a mão de dentro da gaze.
- Perdão, sou Frank Longbotton! - O tal Frank, estava com um gesso na perna deitado na maca ao lado - Ah isso, eu consegui nas escadas que mudam!
- Ah tá - deitei minha cama e fechei os olhos me concentrando.
- Deve ser satisfatório, mexer na sua ferida - Abri os olhos confusa, o que ele quer comigo? - Sabe, se não parar vai acabar perdendo sangue e morrendo!
- Não seria uma má ideia... - Sussurrei para mim mesma mas ele ouviu.
- Acho que deve ser como adormecer sabe? - Ele ainda tá falando.
- Mas isso seria problema meu... Não se meta na minha vida - Me virei para o lado e olhei para ele.
- Não posso!
- E por que? - Já tá começando a me irritar.
- Já estou envolvido demais! - Hã? - Se você começar  a mexer no seu curativo, vou ter que mexer no meu também - Ele riu - E sinceramente não estou afim de pegar outra bactéria no meu machucado de novo.
- Isso é a maior besteira que eu já ouvi - Revirei os olhos.
- E que mesmo assim faz todo sentido para você! - Encarei Frank surpresa - Sei que vai dizer que não, mas sei que concorda comigo!
Aperto um botão e as cortinas se fecham ao redor da minha maca. Era o que eu precisava.
- Sabe que pode correr, mas não consegue fugir de si mesma - O ouvi por trás da cortina.
Bom... Eu sei... E é exatamente com isso que eu conto, ou talvez não? A última coisa que eu quero é ouvir minha voz ou a de mais alguém hoje! Todos tem um limite, e esse é o meu...

"Olhar no espelho é angustiante. Mas a única pergunta que eu tenho para quem tá do outro lado é
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?"

𝕯𝖗𝖆𝖌𝖔𝖓𝖘 - 𝐽𝑎𝑚𝑒𝑠 𝑃𝑜𝑡𝑡𝑒𝑟 Onde histórias criam vida. Descubra agora