O Trem Infinito - Parte 2

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-Kaburamaru... há quanto tempo estamos juntos?- Perto de sua morte, a Lua revia toda sua vida.

Lembrança

Eu tenho poucas memórias da minha família, mas o pouco que me lembro... me traz uma felicidade sem sentido. Afinal, vivíamos em uma luxúria desnecessária, morando em uma mansão e aproveitando grandes refeições usando o dinheiro roubado dos moradores próximos que morriam por uma causa desconhecida por mim naquela época. Minha família nem sentia vergonha, uma eles eram avarentos, arrogantes e horríveis... iguais a mim.

Minha família era composta apenas por mulheres. Lembro-me de terem contado uma vez que fazia cerca de trezentos e setenta anos desde que um homem havia nascido. Por conta disso, me trancaram em uma cela. Mesmo assim, minhas irmãs e minha mãe pareciam me amar de certo modo, pois sempre traziam comida e se ofereciam para me arrumar. Mesmo preso, minha vida estava boa... até a noite chegar. Eu nunca tinha uma boa noite de sono, por causa dos barulhos que vinham do andar de cima, barulhos de rastejo, barulhos que pareciam muito próximos... barulhos de "algo" que me observava.

Quando fiz doze anos, saí pela primeira vez da minha cela. Fui levado a um quarto excessivamente luxuoso e chamativo. E lá estava... a coisa mais bela que eu já havia visto em minha vida.

Um demônio fêmea cuja parte inferior era como uma cobra

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Um demônio fêmea cuja parte inferior era como uma cobra... até hoje, não consigo explicar meu sentimento ao vê-la. Finalmente havia entendido os rastejos, havia entendido quem me observava... era ela, meu "anjo da guarda". Naquele instante, eu estava calado enquanto ela falava algo como:

-"Muito pequeno, vamos esperar mais um pouco". Eu sabia o que ela queria dizer, mas não me importava. Eu nunca tive um propósito além de ser cuidado pela minha família. Minha vontade de viver era quase nula, mas aquela mulher... chamou muita a atenção.

Descobri depois de um tempo que a oni adorava devorar bebês e que minha família os entregava a ela para servi-la. No entanto, ela não quis me devorar por ser diferente. Ela quis esperar meu crescimento, esperar para que eu ficasse maior e tivesse mais nutrientes. No entanto, posso me lembrar claramente de um momento antes de tudo isso, eu nos braços de alguém, com meus olhos abertos e um olhar curioso. Acho que eu tinha uns oito meses na época. O colo em que eu estava sentado não era o da minha mãe... eu sabia. Esse fato me fez começar a pensar: "E se fosse ela?" Essa paixão começou a crescer cada vez mais.

Eu pude ouvir que, depois de ser apresentado, viveria apenas um pouco mais. A oni mandou minha família cortar minha boca para que eu me parecesse com ela. Eles me seguraram, mas eu me soltei e peguei a faca das mãos de uma das minhas irmãs. O que eu fiz? Com a faca em mãos, cortei minha própria boca. Eu mesmo tentei segurar o sangue que escorria com a outra mão, enquanto todos olhavam afastados. A oni me observava com aquele olhar de curiosidade, pensando no porquê de eu fazer aquilo. Ela se aproximou de mim, com a língua para fora e presas à mostra. Ela me questionou sobre minha ação, e eu respondi sem medo:

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