Rouen, França
Regressei a casa muito cansada da viagem, o Japão ainda era longe de França e aquelas horas todas dentro de um avião foram torturantes. Bati a porta e carreguei as minhas malas até ao meu quarto com o intuito de as desfazer, mas assim que entrei no mesmo eu só queria cair na minha cama. Encostei as malas num cantinho e deitei-me sobre o colchão macio, deixei-me levar pelo cansaço e acabei por adormecer poucos segundos depois.
Acordei com os meus pais a falarem demasiado alto, o que me fez levantar da cama num sobressalto. Desci as escadas um pouco à pressa e encontrei os meus progenitores na sala, a minha mãe mostrava algo ao meu pai no seu telemóvel e o homem parecia não querer ver o que estava no ecrã.
-Está aí a tua filha, deve ter chegado hoje do Japão com o seu namoradinho.- as palavras da minha mãe foram suficientes para eu entender o que é que ela mostrava ao meu progenitor.
-Pai, eu posso explicar.- intervim preocupada com a reação do meu pai.
-Porque é que não me disseste antes Elyna?- questionou num tom de voz calmo, eu sabia que ele estava chateado mas também sabia que ele era incapaz de levantar a sua voz para mim.
-Porque tu tens a tua opinião sobre eu namorar desportistas, eu estava com medo da tua reação.- confessei, o meu pai toda a minha vida me disse que namorar desportistas era um erro, porque eles não são de confiança, claro que há exceções mas eu entendia o ponto dele.
-Eu não queria descobrir pelos meios de comunicação que a minha filha namorava com um piloto de fórmula 1, eu queria que o tivesses trazido aqui e me tivesses apresentado o Pierre como o teu namorado.- podia sentir a mágoa na sua voz, assim como também podia sentir a satisfação no olhar da minha mãe.
-Desculpa pai, eu sinto muito. Eu estava com medo de te contar e temia que não aceitasses a minha relação com o Pierre.- as lágrimas começavam a escorrer pelo meu rosto, eu não queria magoar o meu pai, não desta maneira.
-Eu vou tomar um banho, depois falamos Elyna.- foi a última coisa que ele disse antes de sair da sala em direção ao seu quarto.
-Olha como deixaste o teu pai, não nos podias ter dito que andavas enrolada com o Gasly?- a minha mãe quase que cuspiu as suas palavras.
-Eu só devo satisfações ao pai, não as devo a ti.- respondi irritada.- E tu tinhas logo que lhe mostrar as fotografias não tinhas? Não podias esperar até eu lhe contar.
-O teu pai precisava de saber que a filha se andava a aproveitar da fama de um piloto famoso para aumentar a fama dela.- eu fiquei perplexa ao ouvir as suas palavras, ela era a primeira pessoa a achar que a minha relação com o Pierre era uma farsa, não que fosse mentira, mas era a primeira pessoa que não considerava que nós estávamos apaixonados.- Espera! Tu estás mesmo apaixonada por ele, não estás?- questionou depois de analisar a minha reação.
-Não tens nada a ver com isso.- respondi na defensiva e preparava-me para abandonar o cômodo quando as suas palavras me chamaram à atenção.
-Deixaste o Juan há anos atrás para agora te apaixonares por um playboy.- ela não tinha o direito de proferir o nome dele como se ele tivesse sido a melhor coisa que me aconteceu, não depois do que eu passei.
-Tu não voltas a mencionar o nome do Juan como se ele tivesse sido uma coisa boa na minha vida, entendes?- respondi ainda mais furiosa que anteriormente.
-O Juan era um homem impecável, tu é que não soubeste ser mulher para ele, preferiste fotografar despida para campanhas. Achas que o teu querido Pierre também não se vai importar com isso? Nenhum homem gosta que a sua mulher seja cobiçada por outros.- as suas palavras cortaram-me como facas, ter a minha própria mãe do lado do homem que mais me magoou era a pior dor do mundo.
-Conseguiste Emma, finalmente perdeste toda a consideração que eu tinha por ti. Não sei como é que fui capaz de te chamar de mãe estes anos todos.- abandonei a sala com as lágrimas nos olhos e corri para o meu quarto, onde me fechei durante horas.
Ouvi batidas na porta do quarto e, inicialmente, não respondi. Mas quem quer que fosse estava a insistir e eu acabei por me levantar e abrir a porta, encontrando o meu progenitor do outro lado. Assim que ele me encarou e notou os meus olhos inchados devido ao choro constante, envolveu-me nos seus braços como se me pudesse proteger de todo o mal.
-Desculpa filha, eu exagerei quando me vim embora sem acabar a nossa conversa. Eu estava chateado e magoado, mas depois de refletir eu entendo as tuas razões. Mas também quero que saibas que o pai fica muito feliz por teres encontrado alguém que te faz feliz, mesmo que seja um desportista.- ele acabou por deixar escapar um sorriso no final e eu apenas me aconcheguei ainda mais no seu peito.
-Desculpa não te ter contado antes pai, mas eu ainda quero que conheças o Pierre, acho que vais gostar muito dele.- disse relembrando-me do quão bom o Pierre era para mim, e isso já bastava para o meu pai gostar dele.
-Tenho a certeza que sim, vocês pareciam muito felizes nas fotografias que a mãe me mostrou. Gosto de como ele segura a tua mão, parece que está a segurar o mundo dele nas mãos.- comentou com um sorriso e eu sorri de volta, se o meu pai via as coisas desta maneira, então eu sabia que a nossa relação falsa, não era assim tão falsa. Eu e o Pierre gostávamos mesmo um do outro, só que ainda não tínhamos admitido por palavras aquilo que sentíamos.
-Ele é muito especial para mim pai.- confessei como se estivesse a contar um segredo.
-Eu sei filhota, consigo perceber nos teus olhos quando falas sobre ele.- o meu progenitor aconchegou-me no seu peito e afagou os meus cabelos. Ficamos durante longos minutos a aproveitar a presença um do outro.
-Tu vais ser sempre o homem da minha vida pai, eu amo-te muito.- confessei com as lágrimas nos olhos ao relembrar-me da conversa com a minha mãe, senti-me sortuda por ter um pai tão presente e que me amava tanto.
-Eu também te amo muito, minha princesinha.- respondeu beijando os meus cabelos, pude ouvir um pequeno fungar, o que significava que ele também chorava comigo.
O meu pai sempre foi o meu porto seguro.
Nesta noite, eu percebi duas coisas muito importantes. Uma, é que a minha mãe já não sente qualquer tipo de amor por mim. A outra, é que eu estou verdadeiramente apaixonada pelo Pierre, porque caso contrário eu não tinha coragem de admitir ao meu pai e de o deixar entrar nas nossas vidas, porque a maior prova de amor que eu posso dar a alguém, é deixá-lo entrar na minha vida familiar.
Continua...
Muitas emoções por aqui... mas tudo está bem quando acaba bem. Este será o último capítulo desta semana, portanto, volto segunda-feira. Até lá :)
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Late Night Talking || Pierre Gasly
Fanfiction1° livro da série "Apex"! Elyna Laurent, jovem, bonita, modelo e influencer. A francesa tem uma personalidade forte e gosta da sua independência. Pierre Gasly, jovem, bonito, piloto de Fórmula 1 e conhecido por ser um verdadeiro playboy.