32- Hospital

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Rouen, França

Pierre Gasly

Quando recebi a chamada do pai da Elyna a revelar o que tinha acontecido, eu não queria acreditar. Apanhei o primeiro voo que consegui até França para chegar o mais rápido possível a Rouen, corri para o hospital assim que pisei o chão da minha cidade natal num claro ato de desespero, eu precisava de a ver. Quando cheguei ao hospital encontrei os pais da Elyna sentados numas cadeiras, o senhor Laurent estava inconsolável e a sua esposa também estava muito em baixo.

-Pierre.- o homem mais velho levantou-se e veio até mim, abriu os seus braços e eu abracei o seu corpo por poucos segundos, tinha sido um mútuo abraço de consolo pela ansiedade que estávamos a sentir.

-Como é que ela está? Onde é que ela está?- perguntei aflito, precisava de respostas urgentemente.

-Ela está estável, mas ainda está inconsciente.- respondeu com alguma dor na sua voz.

-Ela vai ficar bem?- questionei com medo.

-Sim Pierre, a Elyna vai ficar bem, ela está em boas mãos.- interveio agora Emma, que se tinha levantado da cadeira para se juntar a nós.- Eu sei que é difícil manter a calma neste momento, mas temos de ser fortes e esperar.- senti a sua mão nas minhas costas como forma de consolo e fiquei muito admirado com a sua atitude, pelo que conhecia dela, ela não costumava ser assim tão amável.

Em resposta eu apenas assenti afirmativamente com a cabeça e retirei-me para ir buscar um café à máquina que o hospital disponibilizava. Esperei que o líquido caísse todo no copo e bebi o mesmo enquanto voltava ao encontro dos pais da minha namorada. Acomodei-me na cadeira ao lado do senhor Laurent e esperei com eles, em silêncio. Neste momento passavam pela minha mente todos os momentos que eu vivi com a Elyna, era como reviver os melhores dias da minha vida, aqueles onde eu fui mais feliz. Eu amava-a tanto que não sabia o que seria de mim se a perdesse. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, não queria sequer pensar na possibilidade de a perder, estava a ficar louco com este cenário e num impulso levantei-me e procurei o primeiro profissional de saúde que me aparecesse à frente. Era um jovem de cabelos negros, estava no corredor porque tinha acabado de sair de uma das salas e eu agarrei no seu braço desesperado.

-Por favor, diga-me alguma coisa sobre a Elyna Laurent, uma jovem que teve um acidente e deu entrada neste hospital há mais de cinco horas.- pedi desesperado com as lágrimas a escorrerem-me pela face.

-Tenha calma senhor Gasly, em breve poderá visitar a Elyna, os meus colegas ainda estão a fazer exames e análises para ter a certeza que está tudo bem. E além disso, ela ainda não está consciente, mas contamos que fique desperta em breve.- explicou calmamente.

-Ela vai ficar bem? Diga-me que ela está bem, por favor!- implorei agarrado ao seu braço.

-Sim, ela vai ficar bem.- foi a última coisa que me disse antes de se soltar e seguir para uma outra sala que estava perto.

Voltei para aquela cadeira que minutos antes era onde eu estava sentado e levei as mãos à cabeça. Os segundos passavam demasiado devagar e eu só queria ver a minha miúda, o tempo era meu inimigo neste momento, ele não passava. O barulho dos ponteiros do relógio que estava no meu pulso irritava-me, porque é que o barulho entoava na minha mente mas os minutos não passavam? 

Eram quase sete da manhã, eu estava exausto mas não ia sair deste hospital tão cedo. Vi um médico aproximar-se de nós e, por impulso, levantamo-nos das cadeiras à espera de receber notícias. O homem com os seus cinquenta e poucos anos parou à nossa frente e ajeitou a sua bata branca antes de falar.

-A Elyna acordou.- as suas palavras foram como uma lufada de ar fresco para mim.- Ela está estável, fizemos exames e análises e está tudo bem, felizmente. Só está dorida do acidente e tem alguns hematomas nas costas, na barriga e nas pernas, mas nada que não se resolva com pomadas e medicamentos para as dores.- o médico explicou.- Já podem ir vê-la.- ele mostrou um sorriso e encaminhou-nos até ao quarto onde ela estava.

Assim que aquela porta se abriu e eu a vi deitada naquela cama, eu corri ao seu encontro e agarrei a sua mão, as lágrimas voltaram a cair pelo meu rosto e ela levou a sua mão até ele, para as limpar com um sorriso.

-Eu tive tanto medo, meu amor.- disse quase num sussurro enquanto me deixava ser acariciado pelas suas mãos macias.

-Eu estou aqui Pie, isto foi só um susto.- respondeu e eu notei que os seus olhos já estavam a ficar inundados de lágrimas também.

-Mas eu prometi que te ia proteger, e não consegui. Se eu te tivesse perdido Elyna...- a sua mão não me deixou continuar, ela pediu silêncio.

-Tu nunca me vais perder.- as suas palavras bateram no meu coração e foi como se lhe dessem uma nova vida, ele batia freneticamente de novo.

-Oh meu amor!- o pai dela aproximou-se da cama e segurou uma das suas mãos enquanto acariciava o seu rosto.

-Olá paizinho.- ela respondeu-lhe com um sorriso.- Olá mãe.- disse ainda com o sorriso no rosto.

-Eu tive tanto medo de te perder minha filha. Fui uma mãe horrível para ti nos últimos anos, e prometo-te que vou mudar. Eu só não te posso perder! Desculpa-me por tudo, minha Elyna.- as lágrimas caíam dos olhos de Emma, o que provocou um choro mais intenso à Elyna, que finalmente estava a receber um pedido de desculpas por parte da mãe.- A minha menina.- a mais velha abraçou de leve o corpo da jovem francesa e ficaram assim durante segundos.

-Oh mãe!- foi a única coisa que ela disse no meio do abraço repleto de lágrimas.

Pude reparar que o senhor Laurent trazia um grande sorriso no rosto, mas também chorava juntamente com as mulheres da sua vida. Este era o momento pela qual ele esperara há alguns anos, a sua filha e a sua mulher estavam, finalmente, a iniciar o processo do perdão e da reconciliação, algo que ele sempre acreditou que aconteceria. 

Eu também estava comovido com o momento, sabia o quão importante isto era para a Elyna e a falta que ela sentia de ter uma verdadeira mãe na sua vida. 


Já tinha anoitecido, lá fora estava escuro e eu ainda estava sentado ao lado da cama da Elyna, ela dormia pacificamente enquanto eu a observava como se ela fosse uma obra de arte, que era, definitivamente. Ela só tinha alta amanhã de manhã e eu ofereci-me para passar a noite com ela no hospital para que os pais dela pudessem ir para casa descansados. Eu estava cansado, exausto até, uma vez que não havia dormido na noite anterior. Então, deixei que o sono viesse e encostei-me no grande cadeirão, pousei a cabeça e adormeci agarrado à mão da mulher que eu amava. 


Continua...

Hoje o capítulo saiu mais tarde, mas veio!

Até sexta :)

Late Night Talking || Pierre GaslyOnde histórias criam vida. Descubra agora