Capítulo 8

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Depois de dois anos e meio evitando totalmente sua casa ancestral, Draco se viu olhando para a fachada intocada. A Mansão Malfoy parecia a mesma de sempre, mas a náusea revirou em seu estômago com o inchaço das memórias que caíram sobre ele.

Ele já podia sentir uma dor de cabeça começando a se instalar.

A provação de rever o feudo, porém, era a segunda de suas duas maiores preocupações. Os curandeiros que cuidavam de sua mãe já haviam providenciado um quarto para ela ficar, e um deles estaria morando na mansão 24 horas por dia no caso de algum imprevisto.

Draco estava grato por suas preparações meticulosas, mas St. Mungu's era um território neutro. A mansão parecia a personificação da maioria dos pesadelos de Draco.

De acordo com o Curandeiro Brooks, a equipe descobriu a causa de sua doença repentina e cruel, e Draco não tinha certeza se ele estava mais ou menos tranquilizado agora que eles sabiam a raiz do problema.

Uma doença rara e mal compreendida que atingia o núcleo mágico de uma pessoa. Ele não sabia o que fazer com o assunto, e todos os curandeiros com quem falara não conseguiram lhe dar nenhuma resposta adequada sobre tratamento e prognóstico. A única coisa que ouviu foi que a doença poderia causar uma lenta deterioração do núcleo, e o pensamento se instalou dentro dele como gelo.

O curandeiro Brooks foi rápido em garantir a ele que eles fariam o possível para restaurar sua saúde e interromper a doença insidiosa no caminho.

Draco não tinha certeza se acreditava em algum deles.

Mas não havia nada que ele pudesse fazer no momento além de confiar na experiência dos curandeiros, e a ideia o deixou inquieto.

Ele entrou na mansão, sentindo um arrepio intrusivo percorrer sua espinha enquanto cruzava a soleira das proteções. Apesar dos anos desde que ele esteve em casa pela última vez, a antiga magia de sangue embutida na própria fundação o acolheu como Patriarca da casa.

Ele não se importava com nada disso, não desde que o fanatismo de sangue havia dilacerado sua vida e sua família.

Os corredores da mansão estavam tão quietos quanto da última vez, mas ainda assim, os corredores estavam assombrados com memórias, e Draco se viu olhando por cima do ombro a cada passo.

Uma risada fria e maliciosa dançava no fundo de sua mente; o deslizar de uma enorme cobra ao longo do piso de mármore fez com que um estremecimento o percorresse.

Nada disso era mais real, mas os sons estavam sempre próximos à superfície de sua memória.

Não muito tempo depois que Draco voltou para a Inglaterra após a conclusão de seus NIEMs, ele se mudou para o pequeno apartamento que se tornou sua casa. Depois de meses acordando suando frio, nas noites em que ele sequer conseguia dormir, ele não aguentava mais.

E agora, voltar para buscar sua mãe parecia um esforço para reter as memórias que ameaçavam invadir.

Nenhum quarto não havia sido sujo pela presença do Lorde das Trevas na mansão. Ainda assim, seus pés o levaram pelos corredores labirínticos em direção à ala do andar principal, onde o quarto de hospital improvisado de sua mãe havia sido arrumado. Enquanto ele se aproximava, um par de curandeiros passou apressado, oferecendo-lhe sorrisos correspondentes que não alcançaram seus olhos.

Ele só podia imaginar como eles se sentiam por serem relegados à Mansão Malfoy.

- Bom dia - ele murmurou, enfiando as mãos nos bolsos da calça enquanto entrava no quarto de sua mãe. Ela estava desorientada, mas acordada, e um sorriso preguiçoso apareceu em seu rosto quando Draco se abaixou para roçar um beijo em sua têmpora.

À Deriva - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora