Capítulo 14

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Por anos, Draco temeu a ideia de ver seu pai novamente. Ele não tinha ido a Azkaban para visitar Lucius Malfoy desde pouco depois de seu oitavo ano terminar, muito antes de Draco sequer ter cogitado a ideia de entrar no Escritório dos Aurores. E apesar da insistência de sua mãe, Draco não se importava em saber a opinião de seu pai sobre o assunto.

Ele já conhecia bem o desprezo e desdém que seu pai apresentaria com a ideia de Draco se tornar um auror.

Treinando para pegar bruxos das trevas como seu próprio pai.

Além disso, havia suspeitas suficientes no departamento quando ele se matriculou no treinamento de que a última coisa que Draco queria era ser visto como um simpatizante dos antigos apoiadores do Lorde das Trevas, família ou não. Não foi fácil seguir um caminho que levava diretamente para longe das raízes de sua família, mas Draco simplesmente começou a se mover e nunca olhou para trás.

Sua mãe sempre foi o meio-termo pegajoso. Porque embora Draco a amasse, ela não conseguia ver por que importava tanto se distanciar dos ensinamentos de seu pai, e das outras armadilhas deles.

O que incluía suas opiniões desatualizadas sobre arranjar uma parceira para ele.

Embora ele mal tivesse pensado na discussão que tiveram na última vez que se encontraram para o chá, ele não foi capaz de esquecer a maneira como a atacou. A culpa o inundou com um lampejo de lembrança, mas não era função de sua mãe sugerir. Nem agora, nem nunca.

Se e quando Draco escolhesse uma parceira para se casar, a decisão seria dele.

Apenas o pensamento de tais práticas arcaicas enviou um arrepio de repulsa ao longo de sua espinha, um lembrete amargo da responsabilidade outrora necessária de liderar uma casa dos Sagrados Vinte e Oito.

E mais uma razão para seguir um caminho próprio.

Com o passar da semana, Draco sentiu frio, um pavor implacável infiltrar-se em sua pele, a ponto de não aguentar mais a ideia de ver seu pai. Voltar para a Mansão tinha sido uma coisa, ver a fria decepção de seu pai seria outra coisa completamente diferente.

Mas o curandeiro Brooks e sua equipe ainda não estavam nem perto de encontrar as respostas. Quando Robards informou a Draco que havia providenciado o transporte de auror para trazer Lucius à uma ala segura e magicamente restrita do St. Mungo's, Draco não teve escolha a não ser aceitar a oferta e fazer o acordo com o St. Mungo's.

De qualquer forma, sua mãe ficaria satisfeita.

Com a varinha guardada com segurança em seu quadril, Draco esperou pela transferência. Porque pai ou não, Draco foi confiado pelo departamento de auror para cumprir um papel, e ele fez sua escolha há muito tempo.

Se Lucius tentasse algo, Draco não teria opção. Ele olhou para o relógio, sentindo um tremor de nervos pulsar por ele como um barulho em sua alma. Faltando apenas alguns minutos, ele entrou na suíte temporária de sua mãe, encontrando-a já acordada e observando-o. Um sorriso fraco curvou seus lábios.

- Você conseguiu - ela disse, sua voz suave e um pouco rouca.

Draco ofereceu um aceno seco.

- Você terá meia hora a partir do momento em que os aurores chegarem, e não mais do que isso, antes que ele seja transportado de volta para Azkaban - quando sua mãe apenas estalou a língua, Draco sentiu uma pontada de irritação. - Meu superior teve que mexer alguns pauzinhos com a prisão até para permitir que essa visita acontecesse hoje.

- Tudo bem - Narcisa disse, afundando em seus travesseiros. - Estou feliz que você finalmente encontrou seu bom senso.

- Eu não tenho escolha a não ser estar aqui hoje - Draco endireitou os ombros com outro olhar ansioso para o relógio. - Se eu tivesse, tenha certeza, eu não gostaria de vê-lo.

À Deriva - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora