Capítulo 45

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Dois anos depois


Era a mesma coisa todos os meses.

Draco preferia caminhar pelos jardins, cercando-se das flores que sua mãe uma vez amou e cuidou com cuidado.

Foi um pequeno esforço, no início. Uma maneira de se reajustar à mansão... para se lembrar do que há de bom entre os anos ruins. Nada disso é fácil; mas tudo gradual.

Na maioria das vezes, Hermione o acompanhava. Ela tinha um olhar apurado para a beleza que ele nunca aspirou e sempre reunia um arranjo digno da memória de sua mãe.

Todo mês, Draco se encontrava diante da lápide de sua mãe. Ele mandou instalar um banco de ferro forjado com trepadeiras e flores, um lugar onde ele pudesse lembrar e relembrar. Narcisa o amava à sua maneira, e embora eles nem sempre se dessem bem, Draco nunca duvidou disso.

Este mês foi um pouco diferente.

Já se passaram dois anos desde seu falecimento. Dois anos desde os meses mais difíceis da vida de Draco, em que tudo o que o compunha em sua essência foi derrubado e reconstruído, meticulosamente, a partir dos estilhaços de quem ele havia sido.

Com mãos cuidadosas, Hermione colocou o buquê que havia reunido na base da lápide de sua mãe. Por vários momentos longos e sombrios, Draco simplesmente olhou.

Ele sentou-se no banco, puxando a mão de Hermione para a sua.

Embora ele não tivesse visto isso na época, sua mãe lhe deu muito. Ele se perguntava, às vezes, se ela poderia vê-lo agora, se ela teria aprovado a vida que ele nutrira. Draco gostava de pensar que a resposta seria sim.

Ele nunca teve interesse em design, mas Hermione o adotou com paixão e trabalhou com Theo e Andromeda para renovar e reformar completamente a Mansão Malfoy do zero. Mesmo com meios mágicos, demorou a maior parte dos últimos dois anos e os retoques finais acabaram de ser concluídos.

Nenhuma parte da mansão lembrava Draco de como ela havia sido antes, e era exatamente como ele esperava.

Exceto a biblioteca.

Era o espaço de Hermione para fazer o que quisesse, e ele ficou surpreso ao descobrir que ela o manteve quase exatamente como estava, exceto alguns pequenos detalhes para iluminar o espaço e infundir-lhe uma nova vida.

Draco não questionou os motivos dela. Afinal, em breve seria o espaço dela também. Eles discutiram longamente a ideia e finalmente decidiram se mudar para a mansão, eventualmente.

Ele não estava com pressa.

Enquanto olhava para o elegante túmulo de sua mãe, com a impressionante seleção de flores empoleirada em sua base, Draco engoliu em seco. Falando algumas palavras para sua mãe em sua mente, ele se levantou.

- Caminhe comigo?

Hermione o seguiu, passando um braço em volta das costas dele enquanto se aproximava.

- Claro.

Draco não se apressou mais em muitas coisas. Ele passou muito tempo sendo impulsionado por forças além de seu controle, perseguindo alguma aparência de significado além de seu alcance, sem qualquer garantia de encontrá-lo.

Agora, ele preferia aproveitar os pequenos elementos de sua vida que mais significavam.

Assim como seu relacionamento com Hermione, embora às vezes difícil, ele não aceitaria de outra maneira. Ela rapidamente se tornou a pessoa mais importante de sua vida. Foi ela quem o empurrou, o desafiou, alcançou seu coração de uma maneira que ele nunca imaginou que alguém faria. E como ela estava quase terminando seu treinamento Inominável, ela frequentemente o provocava com informações obscuras que ele nem conseguia compreender.

À Deriva - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora