Capítulo 32

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Cada parte dele congelou como gelo enquanto as palavras de Hermione giravam em torno de sua cabeça; por um momento, Draco pensou que poderia sucumbir à bile subindo em sua garganta.

- Você o quê? - ele respirou. Ele podia sentir o olhar fixo de Potter demorado em seu rosto, mas se recusou a olhar para cima; ele se afastou vários passos e baixou a voz. - Harry Potter.

Um pouco de fungada veio do outro lado da linha.

- Eu... é familiar, mas não consigo... me desculpe, Draco.

Seu coração clamava em seu peito, disparado como se tivesse um destino que não podia ver, e seus pensamentos se tornaram um borrão.

- Estou indo. Estarei aí.

- Draco, espere...

Com a cabeça a mil, Draco encerrou a ligação e enfiou o telefone no bolso. Seu peito arfou um pouco quando ele se virou para Potter, um latejar surdo começando atrás de sua têmpora.

- Eu tenho que ir - algo está acontecendo com Hermione.

- Malfoy, que diabos? - Potter sibilou. - O que aconteceu? Eu vou com você.

- Você está trabalhando - ele soltou. - Vou te mandar uma coruja assim que souber.

Antes que Potter pudesse impedi-lo, Draco caminhou para o ponto de aparatação de emergência do departamento; o medo o percorreu enquanto aparatava no apartamento dela sem pensar duas vezes. Embora ele não estivesse certo de que ela queria que ele entrasse em seu apartamento, pelo menos desta vez ele a havia avisado, e se algo acontecesse, ele não queria ficar preso no corredor esperando a entrada.

A sala de estar dela estava vazia, todo o apartamento estranhamente quieto, e Draco podia ouvir seu próprio pulso martelando em seu crânio enquanto tirava as botas.

- Hermione?

Ele olhou para a cozinha, o pânico crescendo dentro dele. Mas ela disse a ele que estava em casa; ele passou a mão pelo cabelo quando a encontrou em seu quarto, enrolada sob as cobertas. Ela não olhou para cima quando ele entrou, nem quando ele puxou os cobertores e se deitou ao lado dela. Seus olhos estavam vermelhos quando eles piscaram abertos para encontrar os dele, o desespero pesando nas linhas de seu rosto.

- O que aconteceu? - ele perguntou, acariciando uma lágrima de sua bochecha, então escovou um beijo contra sua pele. - Você está bem?

Ela o encarou por um longo momento em silêncio e, quando finalmente abriu a boca para falar, não saiu nada. Mais lágrimas escorreram, escorrendo por seu rosto e no travesseiro; o coração de Draco doeu.

Envolvendo seus braços ao redor dela, ele a puxou para seu peito. Hermione estremeceu com um leve tremor, seu corpo dilacerado por soluços silenciosos enquanto enterrava o rosto no peito dele. Depois de um minuto, ele podia sentir as lágrimas dela umedecendo sua camisa.

- Estou aqui - ele murmurou, soltando um suspiro em seus cachos bagunçados. - Eu tenho você.

Ela só chorou mais forte, um soluço sufocado caindo de seus lábios. Suas mãos o envolveram, segurando sem entusiasmo suas costelas como se ela não tivesse forças para mais nada.

- Você precisa que eu te leve ao hospital?

Não importava que ela tivesse acabado de chegar de lá; ele se sentiu completamente desamparado e perdido.

Ela balançou a cabeça negativamente, ou pelo menos ele pensou que sim com base no movimento de seu rosto. Mesmo assim, ela não falou, como se não pudesse ou simplesmente não tivesse coragem. Draco tentou reprimir a ansiedade que transbordava de si mesmo, mas não conseguia imaginar pressioná-la a explicar o que havia acontecido.

À Deriva - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora