Capítulo 20

250 17 4
                                    


Por muito tempo, Draco estava acostumado a ter seu trabalho como foco e propósito, mesmo quando tudo parecia sombrio. Quase não conseguia se lembrar dos anos após a guerra, quando vagara sem nada significativo para ocupar seu tempo.

O resto da semana após sua suspensão foi o pior. Draco tinha acordado cedo como sempre, e no primeiro dia ele estava no meio de um banho escaldante quando se lembrou que não tinha para onde ir.

Algo parecido com vergonha o impediu de estender a mão para Hermione, embora ele desejasse vê-la. Ele havia enviado algumas mensagens para ela, mas não sabia como enfrentar o que se tornou sua realidade temporária.

Ele passava os dias em seu apartamento, incapaz de se concentrar em nada, lendo, preparando poções, lançando feitiços, até que as paredes brancas ameaçassem sua existência e ele procurasse o ar livre.

Sábado, no final da manhã, encontrou-o empoleirado em seu banco ao longo do Tâmisa, perto da Torre de Londres, tamborilando com as pontas dos dedos ao longo da coxa enquanto franzia a testa para o fluxo do rio, sua mente vagando mais erraticamente do que a corrente.

Era seu vigésimo quarto aniversário, e a energia ansiosa crescendo dentro dele durante toda a semana o estimulou a deixar o apartamento pela primeira vez em dias. Mesmo assim, sentia-se distante do espírito comemorativo. Ele já havia ignorado várias corujas de Theo sobre o assunto.

Surpreso até o momento com um movimento em sua periferia, Draco forçou a engolir. Hermione deslizou para o banco ao lado dele, os ombros baixos e o rosto manso.

- Oi - ela suspirou, a palavra um pouco apologética.

Draco a encarou por um longo momento em um esforço para racionalizar por que seu coração batia tão rápido com a presença repentina dela. Por fim, ele limpou a garganta e falou lentamente:

- Se eu não soubesse melhor, poderia pensar que você estava me seguindo.

Um pouco da tensão desapareceu de seu semblante, seus lábios se contraindo com a referência a um de seus primeiros encontros, a primeira vez que ela o encontrou neste exato local.

- Estamos em território neutro - ela murmurou.

Ele pegou a mão dela, puxando-a entre as suas.

- É bom ver você.

- Eu espero que você não se importe com a companhia - ela disse suavemente. - Eu pensei em verificar o seu apartamento, mas não queria me intrometer. Achei que você poderia estar aqui, eu acho. Foi uma boa manhã para uma caminhada.

Enquanto ela continuava, Draco a olhou de soslaio e percebeu que ela estava nervosa. Uma pontada de culpa percorreu seu estômago e ele levou as costas da mão dela aos lábios.

- Estou feliz que você se juntou a mim - soltando um suspiro, ele se permitiu relaxar em sua presença. - Tenho estado bastante indisposto esta semana, suponho.

Embora ele não tivesse planejado chamar a atenção para seu aniversário, ele não queria que ela se sentisse obrigada a fazer nada, foi uma boa surpresa vê-la independentemente.

- Eu sei - ela sussurrou, se aconchegando um pouco mais ao lado dele, e Draco passou o braço em volta dos ombros dela. Ele respirou fundo em seus cachos, fechando os olhos. Ela tinha um jeito de acalmá-lo como ele nunca poderia ter imaginado. - Eu não queria forçar, mas espero que você saiba que estou aqui. E que não vou a lugar nenhum.

Draco não se importou em revelar que havia questionado exatamente isso por dias, especialmente quando ela saiu de seu caminho para procurá-lo, mas a garantia significava mais do que ele sabia como colocar em palavras.

À Deriva - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora