Capítulo 37

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Algo estava por vir; Draco podia sentir isso profundamente em seus ossos.

Tudo estava indo muito bem.

Mais de uma semana se passou desde que Hermione viu o primeiro sinal de sua memória retornar, desde o dia em que ela reencontrou seus pais. Ao longo da semana, ela recuperou duas outras lembranças pequenas e inconsequentes. Uma de uma turma de Hogwarts desde os primeiros anos, e a outra de um período de sua infância, antes de ela saber que era uma bruxa.

Elas não faziam sentido e não havia conexão entre as três, mas Huxley permaneceu otimista de que era um bom sinal.

Draco concordou.

Seu trabalho estava indo bem, e ele e Potter estavam se aventurando em alguns casos mais interessantes. Não todos os dias, e certamente não tanto quanto o resto dos aurores no escritório, mas era melhor do que nada.

Mas ele não estava acostumado com as coisas indo bem. Na verdade, as coisas vinham declinando constantemente há muito tempo, e cada vez que ele se permitia acreditar que algo de bom estava por vir, algo de ruim se seguiria em seu lugar.

Um tremor nervoso percorreu sua espinha quase onipresentemente quando ele pensou em tudo que havia dado errado, mesmo nos últimos meses. A doença de sua mãe; a sentença de seu pai.

Talvez tenha sido uma reação instintiva. Talvez Draco precisasse aceitar que às vezes as coisas davam certo e ele não precisava questionar tudo o tempo todo. Mas ele não pôde evitar; o instinto estava enraizado nele desde que a guerra começou a piorar.

Se ele se preparasse para o pior, não ficaria surpreso quando isso inevitavelmente acontecesse.

E as coisas ainda não eram perfeitas de forma alguma. Os curandeiros de sua mãe não estavam nem perto de uma cura para a doença que devastou seu corpo e começou a destruir sua magia. Draco sabia que, embora Hermione não tivesse tocado no assunto, ela ainda não havia se abalado completamente do estranho sentimento que a tomou sobre eles quando suas lembranças começaram a voltar.

Mas não havia incêndios para apagar no momento, e isso o deixou ansioso.

- Alguma sorte? - Potter perguntou, sentando-se ao lado dele.

Draco estremeceu.

- Ainda não - eles passaram o dia no escritório, e Draco estava vasculhando os arquivos da série de roubos aparentemente insignificantes no Beco Diagonal. Ele examinava os casos quando tinha alguns momentos livres, mas ninguém no departamento via o assunto como uma prioridade.

Draco se pegou pensando sobre as conexões, se elas estavam mesmo conectadas. Pelo que ele sabia, o momento era simplesmente suspeito e não havia nada que estabelecesse a linha entre um e outro. Talvez fosse um estudante de Hogwarts, entediado em casa durante o verão, e Draco estava pensando demais nisso.

Ele não sabia, e ninguém mais se importava o suficiente para incomodá-lo com isso.

Passando a mão pelo cabelo, ele fez uma careta para Potter.

- Por favor, me diga que temos um caso.

Potter riu e verificou seu distintivo.

- Nada ainda, mas tenho certeza que Robards pode sugerir uma tarefa para você, se você realmente quiser.

- Não - Draco revirou os olhos. - Só posso imaginar o que pode ser. Vou ficar com os pequenos ladrões de papelaria.

- Apenas observe, - Potter brincou. - talvez você desvende um cartel de contrabando se continuar assim. Deve haver algo aí em algum lugar.

À Deriva - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora