Capítulo 31

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Ele encontrou Narcisa em um banco nos jardins, no fundo do terreno da Mansão Malfoy. Draco se acomodou ao lado dela, observando de uma curta distância sua curandeira residente, Lucy. Resumidamente, eles compartilharam um olhar sombrio quando Draco olhou para o olhar distante no rosto de sua mãe.

- Olá - ele disse cautelosamente, cruzando as mãos no colo.

A voz de Narcisa era gentil, seu olhar fixo nas roseiras.

- Olá, Draco.

Draco não conseguiu reunir coragem ou disposição para visitar depois do julgamento, e quando ele e Hermione terminaram de comer, já era tarde de qualquer maneira. Distraído, ele pegou a mão de sua mãe, roçando o polegar contra os nós dos dedos.

Sentada ao lado dele, ela parecia tão frágil.

- Acabou - ela disse, e Draco não sabia dizer se as palavras continham uma declaração ou uma pergunta, mas ele assentiu. Ela franziu os lábios, seu rosto ilegível. - Eu penso assim.

Embora ela não tivesse gostado de falar sobre o julgamento na manhã anterior, quando ele estava a caminho do Ministério, ele podia ver o brilho nos olhos dela.

- Sinto muito, mãe. Quer falar sobre isso?

- Não há nada a dizer.

Não havia nenhum amor perdido entre Draco e seu pai por anos, e embora o Beijo do Dementador o tivesse impactado, Draco suspeitava que fosse um grande choque. Fazia muito tempo desde que ele possuía qualquer verdadeiro respeito ou sentimento pelo homem. Ainda assim, ele franziu a testa.

- Eu sei o quanto ele era importante para você.

Narcisa permaneceu em silêncio por um longo momento, fixando-se nas capuchinhas premiadas.

- O que eles fizeram com ele?

- Ele voltou para uma ala em Azkaban - Draco murmurou. - A menos que você queira enviar uma petição para sua libertação.

Ele não queria expressar tal coisa, mas sua mãe não conseguia nem cuidar de si mesma agora; com certeza ela não seria capaz de atender seu pai em estado vegetativo. Narcisa simplesmente soltou um longo suspiro, um pouco da força se esvaindo em seus dedos, presa na mão dele.

Apesar de suas falhas, Narcisa sempre foi pragmática o suficiente para reconhecer tal coisa. Lucius Malfoy, para todos os efeitos, não existia mais.

- Eu convenci Lucy a me levar aos jardins esta manhã - Narcisa disse calmamente. - Está um lindo dia.

Lentamente, Draco se perguntou se essa era a maneira dela lidar com a situação; como se ela pudesse fingir que nada estava errado e isso o tornaria assim. Mas ele não teve coragem de forçar o contrário, quando o estado dela era tão precário. Ele nem sempre se dava bem com a mãe, mas ficaria arrasado por perdê-la também.

- É - ele permitiu. O sol brilhava em um céu azul claro, profundamente em desacordo com a melancolia que permanecia em sua alma. O pouco sono que conseguiu durante a noite foi mais uma vez atormentado por pesadelos. Mas ainda assim, Hermione não saiu do lado dele.

Narcisa retirou a mão, pegando uma xícara de chá que estava na mesinha ao lado dela.

- Fale-me sobre ela - disse ela depois de um momento de pausa, recolocando a xícara com as mãos trêmulas.

- Sobre quem? - os olhos de Draco se arregalaram como se estivessem presos em algo ilícito.

A mais leve sugestão de humor curvou os lábios de sua mãe, embora a tristeza ainda assombrasse seus olhos.

À Deriva - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora