Felix sentia que aquele não era o seu lugar, assim como sua casa não era sua casa, aquele ambiente de estudo não pertencia a sua classe social.
Alunos bem vestidos, alguns parando seus próprios carros na garagem e outros se despedindo do chofer ou motoristas particulares na porta do colégio, os carros caros embanjavam riqueza e Felix apenas se encolhia no lugar.
Ele não pertencia a aquele povo.Seus ombros abaixados, assim como sua cabeça sempre voltada ao chão, evitava chamar a atenção desnecessária, porém ainda assim seria complicado, no meio de vozes estridentes e irritantes, barulhos chatos, chiados, telefones e conversas sem rumo, ouviu duas garotas que claramente falavam sobre o "ruivo novato que foi matriculado em cima da hora".
Era fácil perceber quando falavam de si, principalmente Felix achava isso, pois tinha uma facilidade absurda de ser mal visto pela sociedade e claro que nesse momento não seria diferente, afinal, por que deveria ser?
– Não chega perto dele, ele de e ter doença gay... – sussurrou a garota de fios loiros e olhos verdes, uma garota linda por fora e tão podre por dentro – Deveríamos jogar álcool e tacar fogo.
Felix ouviu assim que passou pela garota que falava mal de si, a loira estava tampando parte do caminho, mas ainda assim chamava uma atenção desnecessária, de antes Felix não chamava atenção, agora sim era foco de mais alguns olhares irritantes sobre si.
– Está louca? Aí a diretora pega a gente e leva outra suspenção! Temos que levar ele para a igreja, aí não fica igual aos tios. – resmungou a amiga, uma morena também tão bela quanto a outra, de olhos negros como duas jabuticabas e pele tão escura quanto uma noite sem lua – Pior que ele faz o meu tipo, amiga...
Felix queria vomitar, por que razão a natureza cospiria no mundo pessoas tão julgadoras assim?
O Lee suspirou, engolindo toda a paciência que treinou por anos para ter, erguendo a cabeça quando tinha que erguer e se escondendo quando tinha que se esconder.Não poderia aceitar tudo calado, mas quem era ele para contradizer?
Tudo o que poderia fazer era se retirar educadamente e torcer que estivesse dando tudo certo depois.O caminho para a aula não foi o bicho de sete cabeças, mas também não foi a coisa mais fácil do mundo, precisou ficar atento a cada uma das diversas placas penduradas no alto das portas, indicando seu número e turma, enquanto Felix se perguntava como acharia a turma B sala 5 em um corredor que só aparecia sala C.
– Você está no corredor errado. – Felix ouviu alguém dizer, vendo um rapaz de fios loiros descoloridos e um olhar sério, ele simplesmente não parecia ser simpático, mas estava o ajudando e era isso que importava no momento – As salas de letra A ficam no corredor da direita na entrada, a letra B fica no corredor central e você entrou no corredor da esquerda, aonde ficam as salas de numeração C. Se ficar nesse corredor até o final, vai parar nas províncias dos clubes de esportes.
O rapaz apenas disse isso, entrando em uma das salas sem mais explicações e sinceramente dizendo, nem precisava, o Lee retornou todo o percusso até a entrada, evitando se perder mais, vendo que de fato eram três corredores, não haviam mais tantos alunos e foi bem mais simples achar a sua sala no meio de tantas outras salas B's.
O Lee percebeu que a sala em si era enorme, mas eram tantos alunos que sabia que se antes não chamou mais atenção do que gostaria, agora seria o desgosto do tanto que chamou atenção ali.
Seus olhos se expremeram em nervoso, não gostava de todos esses olhares para cima de si.– Eu me perdi... – se explicou antes da possível bronca do professor.
Inclusive... Que professor gostoso... Já não bastava o motorista que o levou ser um tremendo gato, agora sim poderia morrer em paz.
Suas bochechas coraram, tanto pela atenção em excesso, quanto pelo fato daquele homem ser tão... Delicioso.
– Pode se sentar – o homem ditou firme, o olhar sério tentava mostrar superioridade, mas era difícil com a sombra de um sorriso simpático que lutava contra o professor – Sou Han Jisung, professor de Recursos Humanos e vocês podem contar comigo também para a área de Psicologia.
Felix queria ronronar, aquele homem era tudo o que precisava para ao menos ter um ponto positivo sobre aquele ambiente novo.
Felix não tardou a se sentar no único lugar vazio próximo a mesa do professor, incrivelmente a frente da mesa do mais velho. Em seu interior, estava totalmente serelepe, empolgado, afinal, havia encontrado um crush novo, mas quem via por fora parecia que encarava uma pedra de gelo, Felix sequer sorria.– Oi, meu nome é Miya – sussurrou a garota de fios castanhos cacheados, os lábios grossinhos levava consigo um sorriso aconchegante, assim como a pele escura mostrava o quão diferente ela era dos demais, porém apenas um charme a mais para a beleza da garota – Posso sentar aqui?
A morena apontou para o lugar vazio ao lado de Felix, este que franziu as sobrancelhas em desaprovação, não queria aquele tipo de pessoas no seu lado.
– Amiga, ele é gay, esquece. – riu a loira de antes, arrastando a garota novamente, pelo visto Felix não teria amigos naquele lugar e se fossem como essas duas, preferia morrer sem amigos.
– Sophia! Eu queria tentar pegar o telefone dele! – exclamou a morena, caindo na gargalhada em seguida.
– As duas poderiam voltar aos seus lugares e calar as bocas? Tem alunos que prezam pelo futuro. – o professor chamou atenção, mesmo sem olhar para a turma, pois ele copiava no quadro a matéria nesse instante – Vinte minutos para copiar, bateu o relógio eu vou apagar.
– Mas o senhor está na frente... – exclamou um rapaz do grupinho do fundão, claramente insatisfeito e confuso.
– Vinte minutos apartir do momento que me levantei para copiar a matéria no quadro, não copiou não posso fazer nada. – o mais velho explicou, o humor do homem estava péssimo, ou talvez sempre foi assim.
Porém Felix apenas encarava o quadro confuso e perdido.
O professor por acaso sabia escrever? Não sabia que Recursos Humanos haviam hieroglyphics como extra na matéria.– Eu não entendo a sua letra, "P-sôr"! – gritou uma garota de longos fios coloridos em violeta, rosa e pequenas mechas platinadas, a garota estava na fileira do meio, de cara no quadro e ainda assim não entendeu a letra.
– Posso fazer nada. A matéria do caderno também vale ponto para incrementar final do ano. – o professor balançou os ombros, pouco se importando com a própria letra.
Nesse momento Felix se martelou mentalmente, o professor podia ser lindo e gostoso, mas não deixava de ser um filho da puta.
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Dois em Um ( Lee Felix Centric)
FanfictionLee Felix havia perdido tudo naquele acidente, sua mãe, seu pai, suas coisas, sua casa, tudo... Teria que morar em um reformatório por um ano até completar 21 anos e alcançar a maioridade, mas milagrosamente a polícia encontrou Lee Minho nos registr...