Sacrifícios a serem feitos

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O suspiro decadente a depressão escapava hora ou outra dos lábios avermelhados, os dedos trêmulos devido ao frio do quarto apertavam a própria cama com fúria e força, permitindo com que suas lágrimas pesadas escorressem pela sua face.
Queria tanto gritar, queria choramingar e implorar socorro, porém sabia que era inútil. As vezes olhava para o teto e preferia ficar no mundo da Lua, unicamente para tentar escapar desse planeta ruim e deixar sua dimensão assustadora para trás, a maior prova de seu desespero sendo real e concreto, era o som da bota sendo esmurrada em leves toques e a voz suave chamando pelo seu nome.

Se não fosse para chama-lo até aquele inferno nuclear, jamais iria reclamar de ouvir Minho lhe acordar alguma vez.

– Eu terei que sair mais cedo, então te deixarei na universidade e em seguida irei direto a reunião. – o Lee informou assim que ouviu a voz de Felix respondê-lo – Se arrume que em vinte minutos iremos sair.

O Lee mais jovem piscou lento, suspirando insatisfeito antes de se levantar e dar rumo ao dia. Não poderia permitir seu dia sendo tão péssimo, uma hora teria que lidar com seus próprios problemas, ele era um adulto.
Pena que o significado de adulto nunca esteve incluído esconder algo tão importante e perigoso, Felix apenas não sabia disso, e se soubesse, também não diria.

Apenas banhou-se, ajeitou-se e já estava a caminho da sala, recebendo um olhar carinhoso de Hyunjin, que havia acabado de acordar. O cabelo longo possuía um pequeno "ninho" sobre a cabeça, tão fofo e adorável.
Porém pelo visto Minho pensou o mesmo, por isso abraçou o marido, selando os lábios cheios em um ato carinhoso.

– Meu marido é tão lindo... – o Lee mais velho disse com um sorriso orgulhoso, recebendo um olhar tímido e um sorriso gentil, pequeno e doce – Vamos tomar nosso café e sair, okay? O seu está sobre a mesa, se arrume com o seu tempo.

Hyunjin nada respondeu, apenas mantinha a posição tímido e envergonhado, tão adorável... Os olhinhos brilhantes repleto de sentimentos carinhosos...
Felix queria atirar na própria cabeça.

"Vai se foder, eu sou solteiro"

O caminho para a universidade em compensação era em puro silêncio constrangedor e pensando bem, até o silêncio era melhor do que a tentativa falha de conversar com Minho e falhar miseravelmente, preferia apenas ficar na sua, quietinho e mudo no seu canto, não valia a pena abrir a boca ali.

– Aqui... – o Lee segurou a mão do mais novo assim que pararam em frente do enorme portão já aberto, tirando do banco de trás uma caixinha embrulhada e pondo sobre o colo do sobrinho – Isso aqui é para você... Chan esqueceu de entregar, então eu resolvi entregar pessoalmente.

Felix afirmou com a cabeça, sorrindo tímido antes de encolher os ombros, não sabia o que era, mas sabia que seria de coração, talvez isso o ajudasse a ter um dia melhor.
O Lee abriu o presente lentamente, com pavor de estragar a pequena embalagem, quando percebeu o que havia ali dentro.

– Eu não posso aceitar! – respondeu antes mesmo de deslacrar a caixa – Deve ter sido muito caro!

– E por este exato motivo você vai aceitar e levar contigo bem protegido para sua universidade e me ligar na sua hora da saída. – o mais velho pontuou firme, as orbes violetas hoje estavam cobertas pela lente castanha e Felix percebeu mais uma vez que aquele homem combinaria de qualquer forma, até mesmo careca.

Felix no fim das contas não teve opção e levou consigo o Samsung Galaxy S23 novinho na mochila, orando aos Deuses para que de forma alguma algum valentão ousasse destruir seu material ou roubar as suas coisas.
Andando apressado pelos corredores ainda consideravelmente vazios por estar extremamente adiantado, o Lee guardou a mochila no seu armário do corredor, fechando a porta após ter em mãos apenas seu livro de romance que estava amando ler nas horas vagas.

– A gracinha não faltou hoje, fico contente que seja corajoso. – a voz que perseguia seus pesadelos durante toda a noite estava ali, atrás de seu corpo, assombrando seu dia enquanto via a mão forte lentamente fechar seu armário, passando o trinco por si e lhe entregando a chave.

O... Obrigado... – a voz soou tão baixa como um sussurro e o rapaz pareceu se divertir com a situação, virando o corpo alheio com facilidade para si, tocando as costas do Lee contra o armário.

Felix travou, os fios loiros estavam platinados, assim como percebeu a cor em um tom azulado sobre as orbes. Ele estava de lente?

– Eu uso óculos, gracinha. Não são naturais. – o rapaz disse sorrindo, porém Felix estava confuso, estava assustado, afinal, por que aquele garoto iria querer fingir simpatia? – Vêm comigo.

Felix engoliu seco, estava demorando...
Sua cabeça baixa era nítida de desânimo, o seguindo apenas pois sua mão estava bem presa ao homem, não faria sentido para si o que acontecia ou iria acontecer, também não queria pensar nisso, apenas... Queria ir embora, queria que acabasse tudo logo.

Seus olhos passearam sobre o novo ambiente, estava na quadra dos clubes de esportes, seguindo ao banheiro do time, o que fez seu estômago embrulhar ao se lembrar das palavras do dia anterior.
Sua mão pingava o suor frio, queria gritar, mas sua garganta fechou quando pensou em se opor.

Quando entraram no banheiro, o platinado trancou a porta por dentro, se sentando sobre o banco que parecia de pedra ou concreto, Felix se via num trocador do time de Futebol Americano e Basquete, era um trocador igual aos filmes, clichê e irritante.

– Você é muito bonito... – o platinado disse baixo, puxando o corpo do ruivo até que o Lee estivesse sentado sobre o seu colo – Eu não consigo esperar até a saída...

Felix arregalou os olhos, negando com a cabeça em desespero, tentando a todo custo sair daquele colo, porém quando uma mão firme tocou sua cintura, o segurando no lugar, Felix arregalou os olhos.
Estava com a bunda exatamente contra o pau alheio e sentia o quão duro ele estava.

Dois em Um ( Lee Felix Centric)Onde histórias criam vida. Descubra agora