Filosofia da vida adulta

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Capítulo narrado em primeira pessoa por: Lee Felix.

(Penúltimo capítulo que será narrado pelo mesmo)

É interessante pensar que nossa visão de infância muda drasticamente quando nos tornamos adultos.

Me lembro perfeitamente dos meus pais me ensinado que quando crescesse, deveria me casar com uma mulher decente e ter filhos saudáveis.
Lembro de tentar olhar para meninas e tentar gostar delas, mas não conseguia sequer acha-las bonitas, não importava o quão estonteante ela seja.

Quando me tornei adolescente, homens passaram a me atrair, percebi que estava perdido e que se abrisse a boca, meus pais iriam me deserdar. Talvez todo ódio de infância que sofri pelos meus pais, me fizeram não ter o gosto de desfrutar descentemente de um luto trágico como o que aconteceu.

Eu percebia que não haviam meios de agradecer suas existências, pois sequer me deram o básico de estadia, quando largamos a escola para trabalhar, sustentando um bêbado e uma fumante, percebemos que não temos o sonho que tanto almejamos.

Eu sei que muitos quando são crianças, sonhavam em ser super-heróis quando crescerem, eu por exemplo, queria ser mordido por uma aranha radioativa, mas o que me diferenciava das demais crianças, era a vontade de não sobreviver a picada do aracnídeo.

Quando eu vi alguns animes, pensei que seria divertido estar ali, seja sendo um herói cujo a mãe apoiaria mesmo sem super-poderes. Seja sendo um ninja sem pais, mas que possuía um amigo incrível dentro do próprio corpo. Seja sendo um enorme titã e sendo derrotado pelo incrível Capitão Levi.

Eu sonhava em ser diferente de todos, pois eu não queria ser o herói, eu queria ser... Amado.

Não é surpresa para ninguém que eu não saiba que tinha um tio vivo, afinal, família homofóbica é foda.
Não era surpresa para mim, que quando eu perdesse meus pais, me sentisse mais aliviado do que triste.

"Quem ficaria aliviado de perder os pais em um acidente tão trágico?"

... Eu?

Talvez seja complicado para todos, talvez isso seja de fato algo único a explicar, mas não é difícil chamar um amigo e pedir para tacar fogo -literalmente- na sua casa.
Claro, eu não chamaria um, mas a idéia me corroía a cabeça todos os dias.
Talvez tivesse sido a lei da atração, atraí a morte deles e consegui.

Hoje, sentado sobre a cama, lendo e relendo livros de administração para entender o que caralhos eu vou fazer na empresa do meu tio apartir da semana que vem, percebi que eu realmente não sabia nada.

Não será a última vez que direi essa frase, afinal, é uma realidade.
Com três anos eu achava que iria virar um titã se mordesse minha mão bem forte, como resultado disso, tenho literalmente oito pontos na mão, pois eu infernizei o cachorro da vizinha até que ele mordesse minha mão.

Nunca mais quis ver um Pincher na minha vida, fiquei traumatizado.

Okay, isso não era para ser cômico, não ria.

Suspirando, passei o dia seguinte da minha maioridade filosofando sobre a vida, enquanto lia a porra de um livro chato para caralho de leis administrativas.

Quando meu tio me ofereceu para ser diretamente efetivado sem necessitar de estágio ou Jovem Aprendiz, não me disse que essa merda chata estava englobada.

Sinceramente, só tomo no cu mesmo e olha que ainda tô com o cabaço.

Dois em Um ( Lee Felix Centric)Onde histórias criam vida. Descubra agora