Capítulo 19- Motivo da dança: Parte 2

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Finalmente chegou o dia do evento na tribo dos irmãos, o evento começava na base uma montanha e terminava no topo da mesma, o pai deles fez com que ambos os garotos começassem de lados diferentes, como nas próprias palavras do homem “apenas um pode ficar em pé no topo da montanha.” Humaitá e Itararé, por mais que fossem filhos do líder da tribo e aparentassem ser poderosos, o povo ainda duvidava e até mesmo caçoava dos dois irmãos, como se ambos não tivessem o poder necessário para chegar ao topo da “Mantiqueira Tererê”, pelo motivo de todos os mais poderosos guerreiros da tribo estavam lá para testar os corajosos que almejam o título de líder deles
— Aqueles garotos não vão alcançar o topo, o favorito esse ano é o Bagual, aqueles garotos nem vão ver de onde veio o ataque.
Uma pessoa comum da tribo falou isso quando olhou os participantes entrarem na mata e o início do teste. Várias lutas foram ocorrendo, Humaitá e Itararé sempre derrotaram os seus inimigos nessa prova até o topo da montanha, inimigos com poderes de fogo, água, gelo, tempestade e até mesmo com a habilidade de se fundir com o próprio solo e o manipular, os irmãos foram conquistando vitória atrás de vitória em cima de seus oponentes, até que Humaita se encontrou  cara a cara com o favorito da competição, com um combate intenso se iniciando naquela região, um local bem próximo do topo da Tererê, onde ambos os jovens lutaram ferozmente, uma troca de socos e habilidades especiais intensa, que durou mais de cinco dias direto, os golpes deles ecoavam por toda aquela formação rochosa, indo até a base dela. Mesmo tendo sido uma batalha feroz e que durou vários e vários dias, o jovem Humaitá conseguiu ganhar do seu oponente, Bagual mesmo tendo um poder de ter uma super-velocidade assim como o seu irmão mais velho, mesmo com todo esse poder ele ainda foi derrotado pelo futuro membro do grupo terrorista
—Bagual… Essa luta foi incrível, mas quem vai chegar ao topo sou eu!
O garoto foi andando depois de deixar o seu oponente Bagual nocauteado no chão, após umas duas horas de caminhada sem parar até o topo da montanha. Com a chegada lá no topo, Humaitá conseguiu olhar tudo que estava abaixo do topo, com o garoto ficando maravilhado com aquela visão inteira, os olhos emocionados dele começaram a brilhar intensamente com aquela visão, a beleza dela emocionou profundamente aquele jovem que nunca tinha visto algo assim antes em toda a sua vida, ele sentiu uma mão em seu ombro e se assustou com isso, virando seu rosto rapidamente para aquele possível inimigo
— Ei ei, fica calmo aí irmão, sou eu Humaitá!
Aquele que chegou ao topo junto de Humaitá foi o seu irmão alguns segundos mais velho, Itararé também conseguiu chegar ao topo daquela montanha. O rosto de Itararé, era exatamente o contrário da face alegre e admirada de seu irmão, era um rosto mórbido e entristecido com aquela situação. Humaitá notou essa face de seu irmão, mas tentou a ignorar e seguir com aquela animação jovial devido a visão que tinha ali
— Humaitá…
—Olha essa visão irmão, dá pra ver a nossa aldeia daqui!
Humaitá tentava ignorar aquela fala mórbida do seu irmão, tentando o animar o máximo que podia, ele sabia o que iria acontecer mas não queria seguir para aquele inevitável destino  que ambos os irmãos iriam ter
— Humaitá, me escute! Pare de tentar ignorar o que deve acontecer daqui para frente… Você sabe que “apenas um ficará em pé no topo da montanha”. Você sabe o que isso significa!
Humaitá ficou em silêncio com essa fala, um silêncio que perdurou durante um tempo de cinco minutos. Humaitá se virou para o seu irmão, sua expressão era bastante controversa, mesmo com um sorriso no rosto e uma expressão parecida com felicidade, ele estava chorando igual a uma criança quando não consegue o que quer por sua mãe ter negado, no meio dos soluços estava dando, ele falou para o seu irmão
— Não tem outra escolha… Não é, Itararé?
O seu irmão apenas concordou, tentando dizer isso com um sorriso no rosto com o objetivo de tranquilizar o seu irmão. Ambos então logo se posicionaram, igual memória que iniciou todo esse momento de lembrança, ambos os irmãos foram com um grande sorriso no rosto viver esse momento, que se iniciou com aquele mesmo soco de comprimento e de ataque. Ambos os irmãos foram lutar com toda a sua força, diversos socos, chutes, ganchos usando tanto o braço esquerdo quanto o direito e vários jabs diretos foram realizados, o som e as ondas de choque do ataque deles podiam ser escutados e sentidos, do topo daquela montanha até uma área há cinco quilômetros dali, os outros participantes e membros da vila, subiram toda a montanha para ver de perto aquele combate, o que antes era dúvida e zoação das pessoas em cima de ambos os irmãos, agora era respeito e admiração. A luta deles já estava durando por dias, passando o recorde de cinco dias da luta de Humaitá contra Bagual, ambos se enfrentaram  independente do clima a sua volta, seja embaixo de sol ou chuva, com ventos ou sem eles. O punho de ambos os irmãos atingia o corpo de cada um deles com força, ambos também se davam cabeçadas fortes e suas danças eram mais poderosas do que a do pai deles, era um combate que parecia não ter fim devido a sua beleza e sentimento que havia em cada golpe dado ali. Mas como tudo que existe e que vai existir, essa luta também chegou ao seu fim. No décimo quinto de combate, ambos os irmão estavam no seu limite de energia física, Humaitá acertou um forte soco no rosto  do seu irmão, o que fez o mesmo cair de costas no chão da montanha
— (Por favor, eu te imploro, não se levanta mais, eu não quero continuar com isso!)
Mas para a infelicidade de Humaitá, o seu irmão se levantou e voltou para o ataque, Itararé tentou acertar um soco de direita em Humaitá, mas mesmo com o seu irmão levando o golpe na cara, não impediu que Itararé levasse um golpe do seu irmão, um soco que atingiu bem a sua barriga e o lançou de volta ao chão, onde mais uma vez colocou o Humaitá para implorar mentalmente
— (Não levanta, não levanta, por favor não levanta!)
Itararé mais uma vez se levantou, mesmo com ele estando exausto e quase desmaiando por conta não só dos golpes levados, como também pelo combate ter durado quinze dias direto. Humaitá quando viu isso e notou que seu irmão iria continuar aquela luta, ele logo pegou e se jogou com tudo no chão, caindo sentado ali no chão e tendo um sorriso no seu rosto enquanto olhava para o seu irmão, isso deixou todos ali surpresos e em choque com a atitude do filho do atual chefe. Quando Humaitá respirou fundo, todos ficaram observando ele atentamente, esperando o que ele iria dizer
— Bem, eu Humaitá desisto-
Antes da fala ser completada por Humaitá, Itararé o interrompeu com um grito que ofuscou a fala do seu irmão
— Eu desisto da luta!
Aquilo deixou Humaitá em choque, fazendo com que ele começasse a chorar ali mesmo, por se sentir triste pelo o seu irmão
— M-mas e o seu sonho?!
O irmão do jovem apenas sorriu e olhou para a vista que a montanha podia proporcionar para ele, dizendo de forma calma e serena para o seu irmão
— Não se preocupe com esse simples sonho, eu posso não ter conseguido cumprir ele, mas meu irmão conseguiu fazer isso por mim, isso já me deixa feliz e satisfeito
Ele se alongou um pouco após dizer aquela palavras, respirando fundo e relaxando enquanto observava aquela bela vista
— Mas esse foi o sonho mais divertido de toda a minha vida!
Essas palavras atingiram fundo no coração de seu irmão alguns segundos mais novo, que continuou com um rosto de choro olhando o seu irmão. Itararé foi andando até o seu irmão, estendendo a ele o seu punho como um cumprimento, mantendo em seu rosto um sorriso alegre e de “eu fiz o que queria”
— Irmão, apenas me prometa que você será um bom pajé!
Humaitá começou a chorar, mas logo colocou um sorriso no seu rosto, sua lágrimas agora eram de felicidade e não mais de tristeza
— Não tem outro jeito, não é irmão?
Ambos encostaram seus punhos e o gêmeo mais velho foi embora, o pai deles puniu seu filho mais velho com a morte, pois não queria que existisse um perdedor, desertor e desistente vivo em sua família. Voltando para os dias atuais, mais em específico para a luta de Kura e Humaitá, o terrorista tinha um sorriso em seu rosto, enquanto dizia para si mesmo
— Eu não posso me render ou morrer, ao menos sem usar o meu máximo…. Afinal, eu não seria capaz de olhar para o meu irmão no outro mundo, se eu morresse sem levar isso a sério!
Aquelas falas deixaram Kura confuso com a situação, mas logo a movimentação do corpo de Humaitá prendeu a sua atenção, ao mesmo tempo em que o tribal iria dizendo, em principal ligado ao horário
— Vejo que estamos perto do anoitecer, então vamos iniciar a noite com uma das minhas mais poderosas e belas danças que possuo!


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