Capítulo 44- A brasa que originou o fogo

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A mente do criminoso havia começado a divagar, fazendo-o voltar bastante ao passado, algo além de vinte anos no seu passado, algo por volta de quarenta cinco até cinquenta anos atrás, na época que o mesmo tinha os seus dez anos de idade. Ikari nessa época, vivia apenas com o seu pai, por conta que sua mãe havia morrido durante o eu parto, seu pai por sua vez, não era um homem bom para o garoto, o culpando pela morte de sua esposa e o maltratando todos os dias
— Se você não existisse, as coisas seriam bem melhores!
A mente de Ikari o fez lembrar disso, as palavras que seu pai sempre disse para ele, todos os dias da sua vida. Nem mesmo na escola o garoto tinha paz, sofrendo um certo bullying das outras crianças, por conta do seu corpo extremamente fraco, algo que era praticamente pele e osso. Até mesmo a professora de sua classe o maltratava, afirmando que o mesmo tinha uma doença contagiosa, dizendo que quem ousasse chegar perto daquele garoto, ficaria tão fraco quanto ele. A vida do jovem de chamas, era um inferno na sua visão, principalmente por conta daquele corpo fraco que o mesmo tinha, com braços tão finos quanto o cano de saída de água das torneiras e sem força para levantar um lápis, pernas tão finas quanto pernas de pau usadas por palhaços em circos e que quase não conseguiam sustentar o corpo dele, além de uma estrutura óssea fraca, que se rachava com o menor dos impactos que recebia. Ele estava vivendo normalmente, apenas aceitando aquele miserável destino, mesmo que as lástimas sempre fossem o atormentar todas as noites antes de dormir, o fazendo invejar a vida das pessoas de corpo normal. Nem mesmo usar sua habilidade ele podia, pois ela sempre feria o seu corpo quando ativada. Em mais um dia de sua vida, aquele miserável foi para a escola, tendo dificuldades para andar
— Que dificuldade… Que cansaço
O garoto reclamou disso, estando molhado de suor, por conta do esforço que seu corpo estava fazendo para levar o material. no meio do caminho até a sua sala, ele ficou ouvindo várias risadas e zombarias, junto de alguns cochichos, “é fino que nem um galho” “é fraco como um recém nascido!” Isso, eram algumas coisas que as pessoas falavam naqueles cochichos
— Ikari, o corpo palito!
Um dos garotos disse aquilo, enquanto apontava para a cara do do jovem das chamas, jovem esse, que apenas aceitou e ignorou isso
— (Eu não sou digno de revidar essas coisas…)
O futuro terrorista pensou aquilo, quando finalmente entrou na sua sala e ficou lá, se sentando em sua cadeira e vendo mais um dia de aula, recebendo diversas ofensas e piadas, como de costume. Um garoto totalmente sozinho, isso é o que se pode dizer dele, afinal, ele era um completo sem amigos dentro daquele lugar. Os dias dele foram passando, e aquele garoto foi ficando cada vez mais desesperado, com ele chegando a se entupir de anabolizantes, com o objetivo de consertar aquele corpo falho que tinha. Mas, mesmo usando níveis mortais, desses remédios de aumento muscular, o seu corpo não deixou de ser magro, parecendo até que havia piorado. Agora, o cabelo de cor vermelha do garoto havia começado a cair, por conta do uso das grandes quantidades de remédio, além de seus poucos músculos terem começado a atrofiar, por conta do mesmo ter parado de usar os “venenos” no seu corpo. Ikari havia chegado ao fundo do poço, tendo um tempo de vida agora limitado, por conta da condição avançada da sua doença, o deixando com pouco mais de cinco anos de vida
— Moleque de merda, não espere esses cinco anos, vá para o topo da casa e pule logo!
Seu pai lhe disse isso, em um tom bastante agressivo para com o seu filho, mostrando o seu total desprezo com o garoto e desejo de livrar-se dele logo. Na noite do mesmo dia em que seu pai disse isso, ele foi vagar pelas ruas, parando em um beco e se sentando lá, ficando em silêncio por alguns minutos, até as lágrimas começarem a descer pelo seu rosto e o mesmo começar a falar
— Eu… Nunca pedi para nascer neste mundo, o que eu fiz para os deuses, para eu ser merecedor desse castigo?...
O choro do garoto não era alto, mesmo com aquele sofrimento gigantesco, ele ainda conseguia manter seu choro por baixo, por achar que sua voz não tinha o direito de incomodar ninguém. Mas, no meio das sombras daquele beco, uma pequena figura começou a se aproximar do garoto. Quando aquela silhueta chegou perto do garoto, ela se revelou ser um pequeno cachorrinho de rua, um cachorro caramelo comum das ruas. O pequeno animal foi para próximo do garoto, o animal também parecia triste, mas ele logo se deitou perto do jovem e ficou junto do mesmo
— Você não me acha nojento?
Ikari falou aquilo, encarando aquele pequeno filhote, estranhando totalmente aquela situação, afinal, até aquele momento da sua vida, nunca algo havia chegado perto dele sem hostilidade, sem ter vontade de o ofender ou de o intimidar. O único objetivo daquele pobre animal, era o de pedir carinho para aquele garoto. O jovem de cabelos vermelhos, logo começou a fazer um carinho na cabeça do cachorro, enquanto foi falando
— Você realmente não me odeia, de verdade?...
O cachorro só continuou junto daquele garoto, parecendo estar gostando de ficar junto daquele garoto. O jovem então começou a se alegrar com aquilo, deixando de chorar e ficando ali por várias e várias horas, ficando ali com aquele pobre animal de rua. A vida do garoto foi melhorando, as falas do seu pai e dos garotos da sua escola pararam de o afetar, com ele continuando a sorrir durante todos aqueles dias. Um dos garotos começou a estranhar isso, logo mais assustador e de atitudes criminosas. Aquele moleque ficou encarando o ruivo, atrás de descobrir o'que aconteceu com aquele pedaço de graveto vivo, com aquele marginal estando acompanhado por mais alguns garotos
— Que foi, chefe?
Um dos garotos disse isso, encarando aquele mau-caráter com uma cara de real dúvida, além de exalar um certo medo. O quase criminoso olhou de volta para aquele garoto, mostrando uma cara aterrorizante, enquanto começou a falar
— Você ainda não entendeu? Aquele palito de fósforo está ignorando tudo que fazemos com ele, não acha isso estranho?!
O garoto que fez a pergunta ficou assustado, apenas acenando com a cabeça e ficando calado, enquanto engole a seco a sua saliva. Aquele garoto amedrontador, logo montou um plano sádico e nada agradável para quem o escutou, mas, aqueles garotos não tinham como se negar a participar daquilo, já que aquele homem também ameaçou contra as suas vidas. Uma semana se passou desde aquele dia, o garoto Ikari continuou a viver, mas por mais miserável que aquela vida poderia parecer, ele continuou a viver sorrindo por conta do seu novo e único amigo.  Até que aquele garoto aterrorizante apareceu na frente dele, enquanto começou a falar
— Ei, palito de fósforo, eu tenho um presente para você!
Ikari escutou aquilo, ficando um pouco assustado, mas sua surpresa e felicidade foram maiores do que isso, com ele logo perguntando
— Qual?!
Quando o garoto de chamas perguntou isso, o jovem criminoso na sua frente apenas soltou um sorriso maligno, enquanto começou a dizer
— Esse aqui!
Aquele vagabundo então usou o seu poder, era o de lançar raios de luz altamente perigosos pelos olhos, mas contra o “palito de fósforos” o laser não foi lançado, mas sim usado para cegar temporariamente o garoto. Em seguida, o jovem Ikari recebeu um soco no meio da sua cara, sendo desmaiado de forma instantânea. Horas se passaram, até que o garoto finalmente acorda de novo, seu nariz estava sujo de sangue, mas não parecia uma hemorragia grave. Quando o mesmo notou a hora, ele apenas se levantou e foi voltando para casa, no caminho até lá ele comprou algumas coisas para aquele pobre cachorro, usando de todas as economias que tinha para isso. Quando estava chegando perto da sua casa, ele começou a sentir um cheiro de queimado e escutar um choro de dor, um choro típico de um cachorro. Isso logicamente deixou o jovem preocupado, fazendo ele começar a ir mais rápido do que antes, até que quando ele dobra a esquina da sua casa e se depara com a cena mais assustadora da vida. O seu amigo canino estava ali, sendo queimado dentro de uma gigantesca fogueira, enquanto tinham alguns garotos em volta daquela fogueira, com um desses sendo o mesmo jovem criminoso de mais cedo, com aquele fedelho começando a falar
—  Vejam só, ele chegou na hora para um churrasquinho de gato! Ou melhor, de cachorro!
Aquela frase foi dita, seguida de uma gargalhada alta, como de alguém que se orgulha do que havia feito. Ao mesmo tempo, em que o jovem ruivo ficou em choque olhando isso, estando em um profundo estado de negação, tendo o puro pavor na sua cara. Enquanto isso, o marginal ficou atrás daquele pobre garoto, continuando a falar em um tom bastante macabro e com deboche
— Eu disse que teria uma surpresa para você, não é?.... Ou tinha sido um presente? Eu genuinamente não me lembro!
Ele disse aquilo de forma bem desleixada, continuando com aquele tom de deboche a cada palavra que saia daquela maldita boca. Depois de falar isso, ele logo deixou seus olhos presos naquele pobre garoto, aproveitando a cena da mais pura tristeza que ele estava tendo diante dos seus olhos. Ikario ficou ali, em choque por alguns, com ele passando por diversas fases e sentimentos diferentes. Começou com a negação, passou pela tristeza e, ao final de tudo, ele chegou no mais puro ódio, uma raiva pura e totalmente genuína vinda do fundo daquela pobre alma. Todo esse sentimento negativo, serviu como um gatilho, para aquele garoto ativar seus poderes, ele começou a arder em chamas, começando a avançar a toda velocidade contra os garotos ali. Os golpes dele quebravam os ossos de cada um daqueles garotos, enquanto espalhava fogo pelo corpo de todos eles. O marginal foi tentar se defender atirando lasers contra o ruivinho, mas todos erraram seu alvo, que em seguida foi para cima do garoto raios-laser, acertando um soco em chamas nos olhos dele, ao mesmo tempo em que o criminoso atirou contra a mão do garoto, a destruindo por completo, mas não evitando de ter seus olhos completamente queimados.Ikari em seguida, golpeou com mais um soco o seu inimigo, acertando um soco no pescoço daquele marginal, deslocando a traqueia do mesmo e o colocando para queimar até a morte. Algumas horas se passaram, todo aquele quarteirão foi colocado em chamas por conta daquele garoto,com ele já estando em um beco aleatório, não estando em chamas mais, mas estando queimado e com todos os ossos do seu corpo quebrados
— Bem… Acho que vou finalmente morrer
Ikari disse aquilo, refletindo consigo mesmo e apenas aceitando aquele destino, estando jogado naquele beco, enquanto fecha os olhos e espera a morte chegar. Algum tempo se passou, até que uma voz começou a falar
— Mas que pobre garoto!
O jovem logo abriu os olhos quando ouviu essa voz, observando dois homens em sua frente, um aparentava ter seus 25 anos, e o outro seus 20 anos. O mais novo e que havia falado com aquele garoto, era o Katará
— Sou alguém tão bom, que não consigo deixar esse jovem para trás!
O líder daquele futuro grupo terrorista começou a mover a sua mão direita, produzindo aquela matéria escura na palma da mão. O homem de aparência mais velha, ficou um pouco surpreso e começou a falar
— Certeza que fará isso, irmão?! Nós só havíamos vindo ver que fogo era aquele, certeza que vai ajudar o garoto?!
As falas do mais velho não foram efetivas, com o seu irmão jogando a matéria amaldiçoada no corpo do garoto. Katará logo começou a gargalhar, enquanto o corpo do jovem ia mudando
— Lógico que sim! Afinal, ele irá retribuir esse favor no futuro!
E assim foi feito, a maldição deu um corpo forte e saudável ao garoto, que ficou extremamente grato aos homens, tornando-se assim, o primeiro membro da misó fora daquela família. Se vingando de todos do seu passado, com a ajuda deles.

 


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