Capítulo 56- O lobo

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Os três ainda estão na frente Vila, admirando a beleza daquela aldeia, perplexos com a beleza ali presente, e a luz que ali brilhava
— Quem são vocês, forasteiros?!
Falaram dois guardas que estavam ali, com eles fazendo uma formação em xis com as suas armas, para assim bloquear a entrada dos desconhecidos na aldeia. Logo, o guarda da direita conseguiu reconhecer o garoto Kura, ficando chocado com aquilo e então falando para o seu companheiro
— E-esse é o assassino do Humaitá!! Merda, vou te mandar pro inferno, seu fedelho!!
Disse o guarda da direita, já apontando sua lança na direção do garoto e se preparando para o atacar. O próprio garoto mirado como alvo, e os outros dois adultos o acompanhando entraram em uma posição defensiva, com Gabriel estando pronto para arrancar os dois braços do nativo da aldeia fora
— Ei, o que pensa que está fazendo, o ameaçando assim?!
Os guardas logo voltaram sua atenção para a voz que havia lhes dito aquilo, com o som vindo diretamente de suas costas. O homem que falou isso, foi o soldado responsável como líder do dia, seu nome era Nembarete, ele era alguém com uma estatura aparentemente normal, sem apresentar grandes músculos também, parecia ser alguém fisicamente normal
— Como assim, senhor Nembarete?! Qual o motivo de eu não poder matar logo esse garoto?!
Disse o soldado que ainda queria investir no ataque, porém, a resposta que recebeu nessa atitude, foi um belo soco na cabeça, junto das seguintes palavras
— Matar esse garoto é praticamente como declarar guerra a eles, idiota! E além do mais, a nossa líder deseja ver ele pessoalmente!!
Gritou o responsável por eles naquela noite, deixando os dois guardas chocados com aquilo. Então, os homens apenas acatam a ordem, deixando a passagem livre para os três forasteiros. Kura e os outros ficaram bem surpresos, mas, quem tomou a coragem de fazer a primeira pergunta, foi o Gabriel
— Você disse, que ela quer nos ver pessoalmente? Mas, como ela sabia que estaríamos vindo para cá?
O segurança disse isso, olhando para o nativo, nativo esse que apenas os disse para andarem logo, enquanto fala outra coisa
— Podem perguntar isso a ela pessoalmente, não se preocupem, não vai acontecer nada de errado com vocês
O soldado chefe da aldeia disse aquilo, levando os três com ele em direção ao centro do vilarejo. As pessoas comuns dali, olhavam para o Kura com olhos cheios de tristeza, e uma certa raiva do garoto, por conta daquilo que ele havia feito contra o Humaitá, aqueles olhos foram deixando o jovem cada vez mais pra baixo, com o mesmo até chegando a pensar
— (Merda…. Acho que eu deveria ir embora, ninguém parece me querer aqui….)
Pensava o garoto elétrico, olhando para baixo enquanto ia caminhando. A pessoa que nota isso e vai atrás de tentar o animar, é o Shams, que mesmo estando em sua forma fraca, ainda tenta levantar a moral do garoto de alguma forma
— Ei, se anime, Kura! Essa líder quer falar com você, logo, ela provavelmente vai resolver as coisas, Vamos, não desista agora!
O moreno disse isso, chegando perto do baixinho e passando a mão em sua cabeça, tentando o distrair nessa atitude. A caminhada durou cerca de quinze minutos, pegando diversos atalhos, até finalmente chegarem ao centro da aldeia e verem um prédio relativamente grande. Então, Nembarete fala
— Certo, é aqui onde ela está, subam aqui agora! Não poderei ir com vocês, mas ficarei os esperando aqui embaixo
Gabriel ficou extremamente desconfiado com aquilo, decidindo assim mandar o Shams entrar primeiro. Logo, quando notou que não havia nenhuma armadilha mortal, o subordinado de Kraftig permitiu ao Kura entrar e foi atrás dele enquanto isso
— Certo…. Não acho que iremos demorar, logo voltaremos aqui!
Falou Sariel, subindo as escadas junto dos outros dois, pisando degrau por degrau daquela escada giratória de pedras. O moreno ficou levemente tonto, por ser uma escadaria relativamente grande, provavelmente tinha mais de quinhentos degraus em espiral. Porém, eles finalmente chegam ao último deles, dando de cara com uma única porta de madeira, deixando os dois adultos ali, sem saber oque fazer
— Devemos abrir a porta?
Falou o homem enfraquecido pela noite, olhando para a porta enquanto uma gota fria de suor desce pelo canto de seu rosto. O homem de terno e cabelos negros ficou em silêncio, analisando aquela situação delicadamente. Logo, quem toma a primeira atitude é o jovem Kura, que sem pensar nem duas vezes apenas abriu aquela porta de madeira
— Ó de casa!
Falou o garoto enquanto o fazia, deixando os dois adultos chocados com aquilo. Mas, para a sorte deles, a única coisa que acham lá dentro é a senhora líder da aldeia, que se encontra sentada em uma pose de meditação, enquanto começou a falar
— Vamos, homens da civilização de Buraji, podem entrar!
Falou a velha, em um tom quase desfalecido, enquanto fazia um sinal com as mãos para que eles entrassem. Os três então movem seus corpos lentamente pela porta, entrando naquela sala e se sentando em frente a idosa, onde sem evitar o engravatado pergunta a ela
— Como a senhora sabia que iríamos vir para cá?
A mulher ficou nem um pouco surpresa com a pergunta, mas ficou com uma cara um pouco irritada, devido a grosseria daquele rapaz
— Que falta de educação, garoto…. Não sabe, que primeiro deve se apresentar? Claro, mesmo que eu já saiba quem você é!
A velha falou isso, encarando os três com um olhar levemente hostil e triste, mantendo sua postura de "dominância" durante aquela situação. Os militares, então, decidiram se apresentar calmamente para aquela pobre idosa
— Eu me chamo Gabriel Sariel, prazer!
— Me chamo Shams
— E eu me chamo Kura!
Quando o trio se apresentou, a mulher então deu um sorriso mais gentil, finalmente tendo uma cara mais receptiva para eles
— Nomes bonitos, meus garotos! Eu me chamo Hembireko Arandu! Bem, responderei a pergunta do Gabriel. Eu sabia que viriam por conta do meu poder especial, que permite que eu preveja o futuro daqueles que tenho o DNA, ou que possuem meu DNA. E, obviamente, eu tinha alguma forma do DNA do meu próprio filho. Então, usando esse meu poder, eu vi que ele seria morto, e que seu assassino viria até esta vila, assim, eu já estava ciente de sua chegada
As palavras da mulher prenderam a atenção do Kura, surgindo diversas dúvidas na mente do rapaz. Assim, ele decidiu colocar algumas delas para fora naquele exato momento
— Como assim você viu no futuro que seu filho ia morrer?! Você é a mãe do Humaitá?! E, se realmente viu, por qual razão você não avisou a ele sobre esse perigo, para que fosse evitado?!
Gabriel, aproveitando o momento, então também começou a falar para a mulher
— Aproveitando a sequência de dúvidas do garoto, eu tenho uma pergunta a fazer: Como a senhora se tornou a líder dessa tribo, tendo em vista que vocês passam por um ritual complexo?
A mulher ouviu todas as perguntas dos homens, suspirando de forma meio decepcionada, enquanto começou a dar suas respostas para ele
— Bem, sim, eu sou a mãe do Humaitá. E, eu não avisei a ele que o mesmo iria morrer, por alguns motivos: o primeiro, é a falta de contato que eu tinha com ele, desde dois meses antes de sua morte, o outro era justamente que eu estava cuidando da aldeia enquanto ele estava fora. Já, o último motivo, foi por….
A face da senhora é tomada de surpresa em menos de um instante, tudo isso devido ao que a mesma viu na porta daquela sala, antes de a mulher sequer terminar sua frase. Kura, G.S e Shams logo viraram seus rostos, para ver aquilo que estava na porta
— Mas o quê?!
Disse o produtor de eletricidade, quando viu quem estava na porta. Era uma espécie de lobo guará bípede, algo tão bizarro, que fez com que o jovem se levantasse e andasse na direção da criatura que estava ali
— Então foi por isso que você pediu pra eu sair hoje, vovó?!
Gritou a criatura, assustando os três ali e deixando a mulher calada, como se a mesma estivesse se remoendo por aquilo. Kura já estava esperto do animal, porém, antes de sequer passar a mão na cabeça do mesmo, o lobo morde a mão do garoto de forma rápida, onde em seguida grita para ele
— Seu assassino maldito, eu te odeio!! Você tirou tudo de mim, absolutamente tudo!!
Quando fala isso, o lobo bípede logo começa a correr do local, descendo as escadas a toda a velocidade. O militar juvenil ficou irritado com aquilo, vendo o animal correr e gritando para ele
— Ei, espere aí!!
Logo, Kura começou a correr atrás do animal, atrás de tentar conversar com ele sobre aquilo, sacudindo a mão por conta da dor da mordida. A líder apenas ficou olhando isso, suspirando, enquanto terminava sua frase
— E o último motivo…. Era ele….
A fala da senhora deixou os outros dois ali apreensivos, com o Shams sendo o primeiro a fazer alguma pergunta com base nas palavras da velha
— Ele? E o que seria ele, minha senhora?
Hembireko apenas se levantou do chão, andando em direção a janelinha que tinha naquela torre, suspirando e então começando a falar para os dois que ainda estavam ali presentes
— O Jaguar, é um lobo guará com poderes especiais, assim como os humanos
Essa informação, fez com que o segurança da Kraftig ficasse interessado naquele bichinho, fazendo com que o homem de terno completasse
— Esses casos são extremamente raros, sendo praticamente um em um bilhão. O poder dele é virar humano?
A mulher riu um pouco daquilo, olhando para o homem de cabelos negros e começando a falar
— Era por isso que eu tentava esconder ele de vocês, esse interesse é bizarramente assustador…. E bem, o poder dele não é exatamente esse, o poder dele é…
A cena corta novamente, focando na perseguição do Kura ao lobo guará, com o militar gritando para aquela criatura
— Ei, pare de correr, droga!!
Jaguar logo se estressou de vez com aquele garoto o seguindo, então, ele se virou com tudo para o garoto Kura, abandonando completamente aquela forma baixinha e parecida com uma criança humana, para se tornar uma espécie de gorila e tentar nessa forma desferir um soco contra o militar. O homem da lei, por sua vez, conseguiu se desviar desse ataque, dando um passo para trás
— Pare de me seguir, desgraçado, assassino!!
O lobo não desistiu de atacar, continuando com uma sequência incrível de socos contra o rosto do garoto. Porém, nenhum dos golpes o acertava, com Kura conseguindo se desviar tranquilamente daquela sequência ofensiva, enquanto fala
— Uau, você é até que rapidinho, mas não mais do que eu!
O garoto disse isso, se desviando de mais um dos socos com certa facilidade, posicionando-se em uma base de combate, cujo seu lado direito era lançado para trás. Em sua mão destra, o garoto começou a acumular uma quantidade enorme de eletricidade, e quando isso foi percebido pelo pequeno lobo guará, o animal montou seu plano de desviou, mudando novamente de forma para um macaco-pata, ao mesmo tempo em que o Kura foi movimentando sua mão direita na direção do mutante. Nisso, o canino conseguiu desviar-se do raio arremessado, além de se mover em uma velocidade cinco vezes maior que a da forma de gorila, conseguindo assim se mover até as coisas do rapaz
— Mais outra?! Que poder esquisito da desgraça!
O guará parecia rápido, e juntando com aquela percepção dele sobre os ataques do militar, se desviar dos raios lançados pelo Kura era uma missão fácil, por mais que o transmutador em primatas seja levemente mais devagar que a corrente de eletricidade
— Eu já mandei, você parar de me seguir!!
Gritou o animal indigena, que quando chegou perto o bastante mudou novamente sua forma, voltando a de gorila e então golpeando o militar. Kura por sua vez, não teve tempo de formar outra corrente elétrica, então teve que usar uma defesa marcial para não receber diretamente o ataque. O soco acerta a guarda do jovem militar, o fazendo recuar de leve devido o impacto, mas não o fazendo cair, ou sequer o ferindo
— (Uau, ele é até que fotinho!!)
O militar pensou isso, enquanto outro soco vinha na sua direção, porém, o garoto não decidiu se defender agora. Pelo contrário, ele abriu a sua guarda e deixou a cabeça no caminho do punho gigante, e quando o lobo iria o acertar com tudo, algo estranho aconteceu, pois não só o punho do animalzinho, como ele inteiro foi jogado a quatro metros de distância, com o mesmo caindo no chão já na forma normal dele, a qual o Kura já tinha visto
— Ficou chocado, não? Isso foi algo que eu desenvolvi depois da luta com o Humaitá. Sabe, eu fiquei meio cansado de tomar os socos diretamente toda hora, então eu criei essa técnica, que consiste só em eu acumular eletricidade onde vai ser atingido, assim deixando meu oponente extremamente chocado!
Disse o irmão mais velho do Arold, colocando essas piadas de tiozão no meio de suas falas, tendo um sorriso na sua cara enquanto o fazia, achando estar sendo super engraçado. Jaguar, por sua vez, estava no chão com todos os seus pelos para cima e imobilizado, afinal, a corrente elétrica havia passado por todo o seu corpo, enquanto um misto de sentimentos passava pela cabeça do pequeno peludo, não só por achar as piadas engraçadas, mas a raiva por ver o nome de Humaitá ser citado tão casualmente por um desgraçado daqueles. Logo, quando a raiva tomou o controle, o lobo gritou
— Limpe sua boca antes de falar dele! Você tirou tudo de mim, tirou ele de mim, tirou meu pai e meu irmão de mim!!
Jaguar gritou isso, enquanto estava em lágrimas, com a cena novamente cortando para o local onde os dois homens e a velha estavam, com ela completando aquilo que tinha a dizer
— É a capacidade de virar qualquer primata que já tenha visto. E, justamente por esse poder, que meu filho decidiu adotar o Jaguar como seu filho!
O passado daquele animal seria finalmente revelado, algo que irá mostrar por tudo que ele passou nesse tempo

Strong SoulOnde histórias criam vida. Descubra agora