Held ainda tinha um grande sorriso em seu rosto, um sorriso gentil,confiante e brilhante do capitão militar, enquanto os grandes cabelos ruivos dele balançam no vento
— Vamos, venha tentar trocar a minha música, da mesma forma que se troca a música de uma caixa de som!
Held falou isso com aquele sorriso grande no rosto, encarando o seu rival bem fundo nos olhos do mesmo, a resposta que Lume dá para ele é apenas um dos seus sorrisos mais sombrios e confiantes, sorriso esse que ficou ainda mais sinistro por conta de sua“maquiagem” de poeira e sangue, que deixou até mesmo o seu loiro bigode totalmente branco. Ambos cruzaram seus olhares determinados, de forma bem suave
— Vamos juntos….
O capitão da força militar falou isso enquanto deu o primeiro passo em direção ao seu oponente, já deixando claro que ele seria o primeiro a efetuar a ofensiva. Lume olhou aquilo com bastante curiosidade, uma curiosidade idêntica a de uma criança que viu o fogo pela primeira vez em toda a sua vida, mas por já saber qual seria o final daquela frase, ele apenas a completou enquanto deu um passo à frente
— Vamos juntos encerrar este show!
As almas da mãe biológica e adotiva do Held estavam ali, observando o combate em que seu filho havia se metido e dando forças e determinação para que ele vença aquilo e volte bem para a sua casa. Lume não tinha isso, ele apenas dependia dos seus próprios instintos, instintos esses que gritavam com ele, implorando para que ele simplesmente desse meia volta e fugisse dali, para ter tempo de montar algum plano. O assassino da noite apenas ignorou os pedidos dos instintos assassinos, pois pela primeira vez em toda a sua vida desde que começou naquele mundo, ele viu alguém não como uma folha de papel em branco que implorava para ele escrever suas notas musicais, mas sim como um igual. Held não era mais uma presa para Lume, mas sim um de seus melhores amigos, esse mesmo sentimento podia ser notado no militar, que não via mais o loiro em sua frente como um assassino cruel que merece ser morto, mas sim como um amigo que ele nunca teve em toda a sua vida
— (Com toda a certeza… Se eu tivesse seguido um caminho diferente…. Nós com certeza seríamos grandes amigos!)
Os dois pensaram aquilo durante aquela caminhada que era curta fisicamente, mais longa no quesito emocional. Lume enquanto ia andando, ele pegou e com as suas pernas chutou uma porta e um pedaço de canos daqueles destroços, usando a porta como um escudo e o cano como uma “espada”
— (Não irei usar joguinhos, de fugir por cima de prédios e coisas do tipo, eu agora só vou usar estratégias que me ajudem em uma luta de frente contra ele!)
Held e Lume finalmente chegaram perto um do outro, ficando cara a cara e levantando os seus ataques um contra o outro. Lume atacou primeiro, efetuando uma investida de esgrima usando aquele cano, além de também atacar usando o seu “escudo” para tentar ferir seu oponente em mais de um lugar aos mesmo tempos, mas esses golpes foram defendidos pelo capitão militar com extrema facilidade, pois mesmo com eles sendo movimentos extremamente velozes para uma pessoa comum, eles não conseguiam chegar nem perto da velocidade assustadora que o ruivo possui
— Vamos Held, acabe com isso logo!
Ambas as mães do homem gritaram aquilo, enquanto a forma espiritual delas, que era visível apenas para o homem do exército, acabava por ficar mais fraca. A que mais torcia pela vitória dele pelo motivo de seu cargo atual e preocupação com a família do mesmo, era a mãe adotiva do mesmo, enquanto a que fazia isso apenas pela segurança de seu filho era a biológica. Held conseguiu se desviar de um dos golpes de Lume e desferir um golpe certeiro contra as costelas do mesmo, mas esse golpe foi bloqueado no último segundo pelo membro do grupo terrorista, que usou daquela porta banhada em um sentimento de defesa e determinação para absorver aquele ataque. A porta acabou se quebrando, mas o ataque sequer conseguiu ferir gravemente o serial killer, só deixando uma ferida de arranhão no braço do mesmo
— (Held, obrigado!)
Lume pensa isso enquanto avança contra o militar, balançando aquele cano com toda a força contra o pescoço do mesmo, um ataque vindo da direita para esquerda em uma diagonal, a velocidade do mesmo era igual a velocidade de ataque de uma pantera negra. Mas mesmo com essa velocidade incrível, o ataque ainda não foi capaz de atingir o militar, já que Held conseguiu defender aquele golpe com uma certa facilidade, apenas movendo seu único punho restante contra aquele cano e quando ambos os ataques se chocaram, ele usou a mesma técnica que havia ensinado para o Kura dias antes daquele embate, para conseguir destruir de forma quase instantânea o cano que o inimigo possuía em sua mão direita. Esse golpe do ruivo gerou uma ventania forte que destruiu todo o prédio de quatro andares, que havia no lado deles
— (Mesmo eu perdendo sem discussão no quesito força!)
Lume pensou aquilo enquanto se distanciava cerca de onze metros do seu atual rival, ficando bem iluminado pela lua cheia que paira naquele céu e ilumina aquela noite quase sem nuvens e totalmente fria. O serial killer fez aquele salto, para jogar o seu braço direito para trás enquanto gira o seu tronco, conseguindo assim puxar da manga de sua roupa de músico clássico, aquele mesmo pedaço do portão que furou aquela sua região vital, segurando aquilo como uma lana é segurada por um guerreiro espartano
— (Mesmo com isso, eu não vou fugir, eu vou honrar a nossa igualdade!)
Lume completou seu pensamento e avançou a todo o vapor contra o capitão da operação militar, tentando furar o rosto dele em um movimento rápido e direto, um movimento que viria a matar na hora caso acertasse. Mas o homem ruivo conseguiu desviar a tempo, com a ponta da “lança” furando apenas a sua bochecha esquerda e rasgando a pele da mesma, para que logo em seguida após isso, ele encaixe um soco de direita nas costelas trincadas do assassino, não só o mandando para longe com um só soco, como também as quebrando por completo
— (Lume, não se levante mais… Eu te imploro, fique no chão e desista, isso será a opção mais sensata a se fazer!)
Held pensou aquilo, enquanto observava o loiro no chão, aparentando ter desmaiado com aquele soco do ruivo, um silêncio ficou no ar durante oito segundo, com aquela luz da lua e dos postes ainda deixando aquele lugar bem claro, mesmo sendo oito da noite no momento daquela luta
— Acho que ele desmaiou….
Held falou isso em um tom aliviado, como se tudo de ruim já tivesse acabado, como se ele não tivesse precisado matar um amigo. Mas para a surpresa e infelicidade dele, Lume se levanta com certa dificuldade, usando aquela “lança” como uma bengala, os pulmões dele já haviam sido perfurados pelas suas costelas quebradas, ar nenhum iria entrar mais naqueles pulmões atrofiados. Lume vomita sangue e parte de seu pulmão, mas mesmo com isso ele não tira seus olhos de seu oponente, oponente esse que também já estava com o pé na cova praticamente, pois os ferimentos das lutas contra aqueles animais voltaram a surgir todos de uma só vez. Lume tentou respirar, enquanto começou a cantar baixinho, de forma difícil para qualquer um ouvir
—Minha bela dama de olhos azuis, que trabalha durante a noite fria como uma cruz, enquanto o seu marido come carnes na brasa e se diverte no bar da praça, minha bela dama de olhos azuis, que durante as noites vários homens seduz, da mesma forma que a faca que reflete a luz, a mesma luz dos postes da padaria, em que zombam da minha vida. Mas por você bela dama, eu vou até o ponto de comer grama, minha bela dama, apenas descanse seus olhos azuis nesse rio vermelho, onde suas dores vão sumir por inteiro, enquanto aquele bêbado sofrerá no seu próprio enterro, vá em paz….
Lume logo jogou seu corpo para trás e abriu os seus braços, olhando para a lua que iluminava os dois, enquanto completa a sua melancólica canção
— Minha bela dama de olhos azuis…. Essa será a última vez que irei lutar, não só por ti…
Ele pegou e em um movimento rápido e brusco moveu o seu braço que segura aquela “lança” e a aponta em direção ao seu oponente, balançando os seus cabelos loiros como ouro enquanto faz isso, completando a sua frase
— Como também por mim!
Ele disse aquilo, enquanto a sua mente imaginava um mundo, um mundo onde seu pai nunca foi atrás de matar a sua mãe, um mundo onde as coisas deram certo em sua vida e proporcionaram a ele uma feliz vida. Mas infelizmente, o passado não pode ser alterado e nesse mundo em que ele se encontra, as coisas deram no que deram. Held olhou aquilo, sorrindo de uma forma bastante serena para o loiro, chegando a deixar seus olhos levemente fechados, enquanto diz
— Seu olhar, é com toda certeza o olhar de alguém forte!
Ambos caminharam um até a frente do outro mais uma vez, voltando a se encarar e esperar aquele que atacaria primeiro. Lume toma a iniciativa e tenta perfurar o peito do capitão militar, mas aquele pedaço do portão e destruído com um só soco do militar, golpe esse que também atingiu parcialmente o serial killer e o fez começar a cair
— Agora Lume, meu amigo… Descanse em paz!
Held levantou o seu braço e preparou um ataque que iria partir o serial killer em dois e consequentemente o matar na hora. Mas, Lume em um movimento rápido se deu apoio e colocou as suas mãos para trás, para em seguida atacar e perfurar o peito do militar com as próprias mãos nuas, rasgando os pulmões dele no processo e chegando às costas dele. O último recurso usado pelo terrorista, foi encher a própria poeira em seu corpo com determinação, para assim conseguir perfurar o seu oponente, enquanto fala
— Sabe Held… Eu não sou muito de dar nome aos meus golpes, mas eu dei um nome a este… O nome dele é..
O assassino logo levantou seu rosto e encarou Held nos olhos, enquanto diz em um tom levemente alegre
— “Deiradh an seó”!
Lume usou o resto de seu fôlego para dizer aquelas palavras, esboçando um sorriso contente em seu rosto. Held por sua vez, voltou a abaixar o seu braço, encarando o assassino da noite e dizendo
— Enquanto eu viver… Eu sempre vou…
Quando parecia que o mesmo viria a matar o seu inimigo, ele apenas o abraça e dá um gentil sorriso, enquanto fecha os seus olhos e completa
— Ajudar todos que precisam!
Aquilo fez o assassino se emocionar um pouco e chorar ali, ficando em silêncio enquanto encara a grandiosidade de seu oponente. Held apenas abre seus olhos encara as suas mães, ficando com um olhar um pouco melancólico enquanto fala para só elas ouvirem
— Eu…. Fiz a coisa certa?...
As mulheres apenas sorriram depois da pergunta dele, um sorriso gentil e tranquilizante, falando de forma serena para ele
— Fez sim, você foi um garoto de ouro!...
— Agora vamos descansar, filho!
A fala de ambas a mulheres, deixaram Held tranquilo com o destino que havia tomado, mas ele respondeu algo contraditório a elas
— Eu vou com vocês… Mas antes, eu tenho que ajudar meus amigos nessa missão!
Held virou sua atenção para o seu antigo oponente, ele sabia que ambos não teriam tanto tempo de vida assim, seus corpos já estavam por um fio
— Ei Lume, que tal partimos para o outro mundo juntos?!
Lume se emocionou ainda mais com as falas do homem, começando a chorar um pouco mais, enquanto fala
— Claro que sim! Vamos juntos!
Assim, ambas as crianças que ao mesmo tempo que são iguais, também são contrárias entre si, finalmente podem partir para o outro mundo, a alma de cada um deles saem de seus corpos nas suas formas de criança e começam a andar juntas, por mais que um tivesse que esperar o outro um pouco mais, eles não se importaram e seguiram. Enquanto seus corpos ficaram ali, sem vida, mas se recusando a cair no chão
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Strong Soul
AventuraStrong Soul conta a história de dois irmãos, sendo eles o Kura e o Arold, que entraram no exército do seu país, tendo o objetivo de ajudar a pagar o hospital e o tratamento para o pai e avô deles. Assim, os dois irmãos acabam entrando em diversas mi...