Tudo começa nas lembranças dele, no dia do seu próprio nascimento. Sua mãe havia dado à luz não só a ele, como também a mais uma criança, o seu irmão gêmeo. Seu irmão se chamava Oraía Foní, o motivo de esse ser o seu nome, é vindo do poder do espírito que nasceu com ele, com o poder sendo o de conseguir cantar uma música extremamente bela, junto de ter uma voz apaixonante. Já o caso de Pónos, seus pais não haviam lhe dado muita atenção, pois seu poder não havia sido manifestado ao seu nascimento, sua voz era horrível e sua aparência facial pior ainda, seus pais só não o abandonaram ali, por pura pena daquela pobre criança miserável, que já teve a desgraça de nascer horrorosa daquele jeito. Ambos os pais sorriam, enquanto ficaram observando o filho mais bonito
— Ele é lindo, não é querido?
A mãe dos garotos fala isso, olhando para o seu filho Oraía enquanto fala isso, possuindo um sorriso até mesmo orgulhoso enquanto fala isso, o mesmo vale para o pai das crianças, que sorri de forma orgulhosa e alegre, ao mesmo tempo em que fala
— Isso mesmo, ele herdou tudo isso do pai, que sou eu!
Logo após a fala orgulhosa do homem, eles começaram a ouvir um choro alto e completamente horrível, o choro estava vindo do Pónos, o “patinho feio” da família deles, a criança parecia estar com uma gigantesca fome. O pai deles olhou para o bebê feio, o pegando no colo com nojo e dizendo
— Querida, acho que esse ogro aqui está atrás de comida
Quando o homem diz isso, a mulher logo faz um barulho como se fosse vomitar de nojo, parecia odiar a ideia de ter de dar de mamar para aquela criança, mostrando o quanto ela se importa com a aparência, falando em um tom de puro nojo
— Eu não vou colocar isso para mamar em mim, prefiro ser esquartejada, do que ter de fazer isso!
A mulher falou aquilo, mas o terrível choro daquela criança maldita só ficou mais alto, fazendo ambos os pais começarem a se enjoar com aquilo, por odiarem a voz daquela criança considerada impura por eles. Fazendo a mulher se cansar daquele som, a fazendo com um tom de pura raiva e desprezo, gritar para o seu marido
— Me traga esse pedaço de cruz credo aqui, antes que eu arranque minhas orelhas fora, para não ter de escutar ele berrar desta forma!
O marido dela assim o fez, levando o pobre recém-nascido até os braços de sua mãe, a mãe dos irmãos por sua vez, abriu a boca do seu filho com um certo nojo, enquanto coloca um de seus seios para fora de suas caras e belas vestes, começando a apertar aquele seio, jorrando assim o seu leite em direção aquela criança, falando em um tom calmo
— Vamos, beba tudo logo, para que eu possa voltar o quanto antes a apreciar a beleza do meu filho!
O bebê feio foi bebendo aquele leite, por mais que às vezes sua mãe acabasse por errar a pontaria e atirasse em locais como o seu olho, ele foi apenas bebendo aquilo, enquanto começou a parar de chorar de pouco em pouco, acalmando aquele ser, até o ponto de ele cair no sono. A mulher assim que notou isso, entregou aquela criança para o seu marido, demonstrando bastante desprezo naquele ato, enquanto ela fala
— Coloque esse ser, onde eu não consiga ver ela, para que eu não me irrite ainda mais com isso!
O homem apenas acatou aquela ordem, deixando aquela criança “lixo” no canto dela, com toda a velocidade que conseguia ter naquele momento, para logo em seguida voltar a apreciar o seu outro filho, o filho que ambos realmente consideravam como parte da família deles. Esse desprezo e isolamento com o Pónos, durou por bastante tempo, com eles chegando a pôr uma máscara no rosto daquele pobre coitado, com ele ficando com ela dos dois anos de idade até os seus cinco anos, tornando a vida dele assim, uma miserável vida idêntica a de um rato, se escondendo atrás das coisas, para que ninguém pudesse ver o seu “horrível” rosto, além do isolamento sofrido em casa, que rapidamente também foi replicado na escola, onde seu belo irmão também recebia toda a atenção da turma, enquanto o pobre Pónos, recebia apenas o desprezo e raiva dos colegas, com direito a jogarem restos podres de comida nele, sempre que podiam
— O lixo só merece coisas podres, pois ele é feio e sujo!
Era apenas isso que ele ouvia, todos os dias em que ele pisava naquele maldito lugar na sua visão, mas seus pais nada para impedir isso faziam, enquanto o seu irmão, não fazia nada por ter sido instruído pelos seus pais, para não interagir com o seu irmão Pónos, não importa o motivo ou razão, pois como sua mãe sempre fala para ele “Não se misture com aquele lixo miseravel, você tem uma beleza muito angelical, para falar com aquele ser de aparência demoniaca!” Sendo este, o motivo para que ambos não tenham tanta aproximação ou contato um com o outro. Mais um dia, o pobre coitado foi para a escola, acabando por sofrer de novo aquele pesados e abomináveis abusos, com direito de até mesmo alguns professores notarem aquilo e apenas observar de forma silenciosa
— O que foi, não vai reagir não, seu demônio!?
Um dos garotos disse isso, enquanto joga algumas frutas podres em cima do Pónos, enquanto o alvo daqueles projéteis, apenas se deitava no chão em posição fetal e começava a chorar, soltando mais uma vez um horrível choro com a sua voz, acabando por irritar o líder dos valentões
— Seu fraco, merece um castigo por chorar igual um bebê e me irritar com essa voz horrível!
Ele pegou um galho do chão, logo começando a bater no jovem Pónos com toda a força, enquanto o garoto apenas começava a falar no meio do choro
— Por favor…. Para, eu te imploro!
A fala dele só irritou ainda mais aquele valentão, que começou a espancar o garoto com ainda mais força e agressividade, rindo daquilo e gritando
— E o que vai fazer a respeito disso, seu feioso miserável?!
O choro do jovem não parava, com ele continuando em posição fetal durante aquele alto choro, só conseguindo se virar para o seu agressor e dizer
— Eu…. Mandei você parar!
O jovem segurou o braço do seu agressor com força, para logo em seguida o seu poder começar a fazer efeito e sua massa muscular a aumentar, fazendo a força de todas aquelas “gravetadas”, se somar e lhe dar força o suficiente para estilhaçar os ossos do braço do garoto que lhe agredia, fazendo o valentão cair no chão, chorando e gritando
— Seu monstro miserável, o que pensa que está fazendo comigo?!
Os amigos do valentão, logo saíram correndo a toda velocidade, enquanto os professores que apenas assistiam aquilo, logo se aproximaram do Pónos, segurando o braço dele com força e gritando
— Já para a diretoria, seu delinquente!
Aquele garoto não sabia o motivo de estar sofrendo tudo aquilo, pois ele não tinha culpa de nada do que sofreu, muito menos culpa do seu rosto e voz serem daquele jeito. Seus pais foram chamados na escola, por conta do que o seu filho fez ao garoto agressor, pois mesmo após saberem que ele foi agredido primeiro, decidiram dar a razão para a outra criança, ao invés de a dar para o seu próprio filho
— Seu ogro horroroso!
O pai do garoto diz isso, enquanto encara a jovem criança com desprezo, como se realmente estivesse olhando para um ser de outro mundo. Enquanto isso, a mãe do garotinho apenas caía em lágrimas na frente do coordenador
— Como você pôde fazer isso, seu feioso?!
Ela falou aquilo, em um tom triste e bastante decepcionado, secando as lágrimas com um lenço qualquer que ela carregava consigo. O coordenador apenas ajeitou o óculos no seu rosto, dando um suspiro profundo e falando
— Bem, o filho de vocês-
— Filho não, criatura
O pai do Pónos interrompeu o coordenador, só por não gostar de ser lembrado, do infortúnio fato, de que ele possui laços de sangue com aquela criança feia. O coordenador da escola então, apenas coçou a sua garganta, enquanto volta a falar sobre a situação
— Bem, independente do que ele seja de vocês…. Vocês ainda são responsáveis por ele, então, vão ter que acatar com o ato dele de hoje
Enquanto fala isso, o responsável da escola, estava arrumando alguns papéis, de forma bem calma e serena
— Nós já entramos em contato com os pais do garoto que foi agredido, eles disseram que vão entrar com um processo contra vocês, não acho que será algo de todo barato…
Quando os dois receberam a notícia, os pais do jovem Pónos entraram em um choque intenso, com direito a ambos ficarem pálidos de medo
— Mas…. Não tem outra forma de resolver isso?
O pai do garoto disse isso, suando frio enquanto encara o coordenador da escola, com um olhar que praticamente implorava por uma resposta positiva vinda do homem de terno à sua frente. O coordenador por sua vez, pegou um papel daquela pilha que havia acabado de arrumar, o entregando ao pai do garoto e dizendo
— Bem, nesse papel tem uma quantia em dinheiro, que eles deram de opção para evitar o processo
O homem pegou o papel em mãos, lendo aquele documento com bastante atenção para ter certeza de que não iria deixar nada passar, acabando por ficar ainda mais pálido quando viu a quantia em dinheiro
— U- um milhão e meio?!
O ar da sala acabou por ficar mais pesado, mas o pai do garoto engoliu seco a sua saliva, enquanto agradecia o coordenador e ia embora dali, levando o seu filho consigo. Quando chegou em casa, o homem barbado logo bateu com força em um dos móveis da casa, chegando a rachar ele um pouco, começando a berrar
— Onde vamos arranjar tanto dinheiro?!
O desespero tomou o rosto daquele homem miserável, aquilo era pior do que saber que seu próprio filho sofria abusos na escola. O homem barbado voltou os olhos para a criança, estando cheio de fúria
— Olha onde você nos colocou, desgraçado!
Ele logo bufou isso, colocando toda a sua fúria naquela fala, para logo em seguida puxar o garoto pelos cabelos e acabou por o suspender no ar, ainda pelos cabelos
— Vamos, me fala como a gente sai disso, seu merdinha!
Aquela situação estava deixando o garoto à beira de um colapso, as lágrimas já estavam transbordando do rosto dele. Mas a sua mãe, após pensar um pouco no que fazer para sair daquela situação, ela logo chegou com uma solução inesperada
— Ei, existe um torneio de luta clandestina que meu pai já lutou, ele ganhou uma grana preta por conta das apostas!
A solução era como uma luz no fim do túnel, um último filete de esperança naquela terrível situação, mas ainda não tirou a irritação do homem
— Certo, mas o que fazemos com isso? Está sugerindo que eu lute?!
A mulher apenas riu dessa fala do marido, parecia o chamar de tolo com aquela gargalhada esnobe dela, para logo em seguida falar em um tom levemente arrogante
— Não estou falando de você lutar, mas sim esse moleque aqui!
Ela apontou para Pónos, que já estava chorando com aquela situação toda. Pónos encarou a sua mãe, enquanto começou a falar
— Mas mãe, eu não quero ser lutador, eu nem gosto disso!.... Eu queria ser dançarino, ou ator!....
A mãe logo se levantou da cadeira e andou em direção ao seu filho, colocando um de seus dedos em cima da boca dele, enquanto começou a falar
— Sabe, dançarinos e atores possuem duas coisas que você nunca vai ter, que são o talento e a beleza!
O olhar dela se tornou frio, tão frio quanto o gelo nas montanhas do polo-norte, com ela logo suspirando e completando aquela fala
— Então, ao invés de usar esse seu poderzinho de merda para causar confusão, use ele para conseguir dinheiro nessas lutas, seu lixo!
Ela logo se virou de costas para ele, enquanto começou a andar em direção a sua cadeira, se sentando nela e dizendo
— Ah, mais uma coisa. Não me chame de mãe, não gosto de lembrar que tenho ligação de sangue com você
Ela disse aquilo e logo foi marcar um dia para o seu filho ir lá, eles realmente estavam dispostos a arriscar a vida daquela criança, em troca daquele dinheiro. Alguns dias se passaram e eles chegaram lá, o campeão daquelas lutas estava lá, se mostrando como algum tipo de “ser superior”, ele estava bebendo água e falando
— Quem é o meu próximo oponente?!
Quando ele disse isso, Pónos foi logo arremessado dentro do octógono, caindo de frente para o seu oponente, machucando de leve os lábios. O garoto logo se sentou com dificuldade, enquanto olhou no rosto do grande homem na sua frente, começando a falar
— E-eu!... Eu sou o próximo!
O homem encarou aquilo meio desacreditado com aquilo, mas logo soltou uma gargalhada alta e começou a falar
— Certo, vou te mostrar como a casa funciona!
O sino logo foi tocado e aquele homem ativou o seu poder e avançou contra o pequeno garoto, acertando um forte soco na sua barriga, fazendo-o cair em posição fetal no chão, enquanto vomitava sangue e os seus ácidos estomacais. O homem não parou os ataques, ele na verdade continuou aquilo, chutando aquela pobre criança
— Comigo é assim: Ou ganha, ou morre!
A luta já parecia definida, assim como a morte do jovem Pónos, mas algo acabou por surpreender aquele lutador, o corpo da criança que estava sendo espancada, acabou por ficar bem maior e mais musculoso
— (Mas, que porra é essa?!)
O lutador tentou criar e controlar mais algumas fibras musculares, para se proteger de um possível ataque futuro, mas mesmo assim isso foi inútil. Pónos deu um soco com toda a sua força no momento, golpe com força o suficiente para quebrar todas as costelas daquele homem. Em seguida , o garoto acertou um soco na mandíbula do homem, a arrancando fora e o matando na hora. A arena ficou em silêncio por alguns momentos, mas logo ficaram animados com aquilo. Naquele dia, Pónos passou a fazer algo que não queria, por vários e vários anos
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Strong Soul
AventureStrong Soul conta a história de dois irmãos, sendo eles o Kura e o Arold, que entraram no exército do seu país, tendo o objetivo de ajudar a pagar o hospital e o tratamento para o pai e avô deles. Assim, os dois irmãos acabam entrando em diversas mi...