Capítulo 49- Origem amaldiçoada

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Há cerca de cento e treze anos atrás, em uma casa de uma cidade bem pacata do interior daquela nação, haviam dois irmãos morando com o pai deles, Katára e seu irmão mais velho, Toema. Ambos estavam observando o pai deles treinando, fazendo vários movimentos de estocada com um tridente em suas mãos
— Uau, como o papai é incrível!
O pequeno Katára disse isso, demonstrando um  interesse quase que infinito naquilo que seu pai estava fazendo, enquanto o irmão mais velho do garoto apenas observava aquilo, também estando incrivelmente interessado naquilo que seu pai estava a fazer. Já o pai das crianças, também conhecido como Sumanget, logo parou o treino, se virando para ambos os garotos e falando
— Bem, se gostaram disso, então que tal vocês treinarem comigo também? Esse é um estilo que quase ninguém sabe usar!!
Quando Sumanget disse isso, os olhos de ambos os garotos brilharam como o ouro, com eles aceitando logo de cara aquele convite, sem mostrar nenhuma excitação perante isso. Logo, com um sorriso no rosto, o mestre do estilo de luta com tridentes logo colocou suas mãos no chão, usando assim o poder do seu espírito para criar dois tridentes,  ou melhor, os invocar do absoluto nada, como dois espíritos
— Olhem, garotos! Esses são tridentes que usei no passado mas acabaram quebrando, ou melhor dizendo, a “alma” deles, podem usar os dois pro treino!!
O homem adulto logo jogou as armas para as crianças, que conseguiram segurar aquela arma de três lâminas com certa dificuldade, para logo notarem o peso daquelas armas e começando a falar
— Nossa, que pesadas! Mas, não era para elas serem apenas uma “alma”?! De onde vem esse peso, pai???!!!
O pai dos garoto riu dessa surpresa, enquanto começou a explicar para eles como aquilo funcionava
— Bem, como eu posso explicar isso para vocês?... É como se eu revivesse essas coisas, trazendo de volta tudo, incluindo o seu peso de quando eram “vivos”, deu para entender isso, ou ficou difícil?
Os dois garotos ouviram aquilo, pensaram por um tempo até que bem curto, e em seguida acenaram com a cabeça que haviam sim, logo, com todos dando continuidade a aquele “treino”, que consistia nas crianças simplesmente treinarem estocadas, ou seja, apenas movendo aquela arma para frente e para trás. Isso durou horas e horas, mesmo com aquelas armas extremamente pesadas, para garotos daquela idade, durando algo por volta de seis horas direto de puro treino. Após isso, os três foram para casa, comer alguma coisa e descansar pelo resto daquela noite
— Bem, querem comer alguma coisa, garotos?
Os garotos sequer pensaram antes de responder, dando a exata mesma resposta e ao mesmo tempo para o seu pai
— Queremos pizza!!
O pai dos garotos logo riu um pouco, começando a preparar a comida deles, fazendo uma pizza de frango e queijo para eles comerem. Já se alimentando, o futuro líder terrorista olhou para seu pai e fez a seguinte pergunta
—  Pai, tem alguém nesse mundo capaz de te derrotar?
Essa pergunta do garoto fez com que o pai de ambos ficasse pensativo por alguns segundos, algo por volta de uns dez a quinze segundos, até que ele finalmente decide dar uma resposta direta para os garotos
—  Bem, eu tenho certeza que não!
A resposta do pai deixou ambos os garotos impressionados, porém colocando o Toema para questionar o seu pai
— Mas pai, se você é realmente forte assim, para que continuar treinando sua técnica?
A pergunta do garoto fez com que o pai de ambos começasse a gargalhar, ele parecia ter realmente gostado da pergunta feita pelo seu filho, com ele logo a respondendo
- Ora, mas é óbvio meu filho! Eu treino, para que ninguém me supere e eu me mantenha no topo!!
A resposta do pai deixou as crianças pensativas, às fazendo refletir um pouco, até que o garoto amaldiçoado decidiu fazer sua audaciosa pergunta ao seu pai
—  Pai, um dia vamos superar você na técnica?!?!
O pai do garoto se alegra com aquilo, com ele soltando um gigantesco sorriso, enquanto passa a mão na cabeça dos seus filhos e falando
— É claro que vocês vão, vocês são meus filhos, e são completamente e absolutamente perfeitos!!!!
O pai dos meninos disse isso para animar eles, palavras totalmente motivacionais, mas que acabaram por penetrar de forma muito destrutiva na mente do Katará, o fazendo pensar sozinho, enquanto mantém um sorriso bobo em seu rosto
—  (Eu sou perfeito?!... Eu sou perfeito!!)
O tempo foi se passando, com o garoto tendo ficado com isso preso em sua mente, o mesmo não ocorreu com seu irmão mais velho, que seguiu normalmente com sua vida e com os treinos. Quando o futuro terrorista estava com os seus dezesseis anos, e o seu irmão mais velho com os seus dezoito anos, o pai dos garotos virou para ambos no meio de um treino e começou a falar para eles
— Garotos, daqui uma semana eu terei uma batalha importante, contra um usuário de espadas!!
Ambos garotos ouviram isso e ficaram animados pelo o seu pai, com ambos parando o próprio treino para olharem o homem e falarem ao mesmo tempo
— Sério, papai?!
Sumanget balançou a cabeça de cima para baixo, confirmando que aquilo dito por ele era sim verdade, com o homem logo continuando a sua fala
— Exatamente! E queria saber, se vocês querem ir assistir essa minha luta, apenas para pegarem a experiência, mesmo que eu perca!
Essas palavras fizeram com que Katára ficasse em choque, afinal, na visão do mais novo isso era impossível de acontecer, fazendo com que o adolescente gritasse bem alto
— Você perder essa luta???? Mas isso é impossível, pai, nós somos perfeitos e não falhamos por nada!!!
Essa reação deixou ambos ali bem chocados, principalmente por conta das palavras usadas pelo garoto, mas ambos só ignoraram isso sem dar tanta importância para aquilo. Em seguida disso, Toema logo deu as suas palavras
— Bem, eu agradeço o convite, pai. Mas não vou conseguir ir não, vou ficar aqui em casa mesmo, desculpa por isso
O pai de ambos logo deu um sorriso de leve com o seu rosto, algo bem acolhedor e tranquilo, enquanto ele foi falando
— Ah, tudo bem então meu filho, e você Katára, vai lá ou ficará aqui em casa também, junto do seu irmão?
O garoto das maldições nem sequer pensou direito antes de responder a pergunta de seu pai, sacudindo com força a cabeça para cima e para baixo, enquanto os olhos dele ficaram brilhando igual duas lâmpadas, enquanto ele ficava a berrar
— Sim, é claro que eu vou com o senhor!!!! Sem pensar nem duas vezes sequer!!!
O pai deles logo estendeu ainda mais aquele sorriso, começando a se alongar e a falar para o seu filho que concordou em ir com ele para aquela luta
— Certo, então nós vamos sair bem cedo amanhã, para que eu lute logo e possamos voltar para casa!!
— Certo, papai!!
O garoto respondeu aquilo de imediato ao seu pai, com todos logo voltando para dentro da casa, comendo e indo dormir para o dia seguinte, quando o sol voltou a nascer e todos acordaram, foram tomar o seu café da manhã e o pai dos garotos foi se preparando para a luta contra o seu oponente de espadas, enquanto os garotos comem. Ao final de tudo isso, o pai e o seu filho mais novo, Katára, começaram a sair da casa, se despedindo do Toema e indo em direção ao local do combate. O caminho todo foi em silêncio, mas com o jovem deixando claro a admiração que possuía pelo seu pai, andando por cerca de uma hora em completo silêncio até o local daquela luta
— Ei, Katára…. Quero que me prometa uma coisa
O pai disse isso, de forma bem calma para o seu filho, quebrando aquele silêncio aterrorizante que havia se formado, fazendo assim com que o garoto ficasse com a atenção ainda mais voltada para o seu pai, enquanto o garoto foi falando
— Claro pai, qual seria essa promessa?
O pai logo voltou sua visão para o seu filho, tendo uma cara séria e até que assustadora, algo que o garoto nunca havia visto antes no seu pai, fazendo o mesmo sentir um medo absurdo diante do que viria. O lutador de tridentes por sua vez, começou a falar para o seu filho
— Quero que prometa, que independente do resultado dessa luta, você não fará nada contra o meu oponente, entendeu?
As palavras de Sumanget deixaram o garoto bem pensativo e inseguro, porém, de forma até que bem melancólica, o garotos apenas confirma com a sua cabeça e continua aquele silêncio, com os dois quase nem mesmo se encarando enquanto isso acontece, com ambos se tratando como completos estranhos sem ligação. Ao final dessa longa caminhada, eles finalmente chegam ao ponto de encontro que havia sido marcado com o espadachim, eles o encontraram lá, com o combatente de espadas se mostrando totalmente impaciente com alguma coisa
— Você está atrasado há pelo menos quarenta e cinco minutos consecutivos, seu folgado desgraçado!!
O espadachim disse isso, olhando extremamente irritado para os seus oponentes, mostrando  mais clara insatisfação com toda aquela demora, por outro lado, o pai do futuro terrorista aparentava uma paz imensa, quase que a paz de um monge budista que acaba de atingir o nirvana. Ambos já estavam segurando suas armas, faltando apenas decidir uma das regras
— Usaremos nossos poderes, ou apenas nossas armas?
O espadachim disse isso, ainda estando bem irritado com o seu oponente, devido ao seu atraso. O pai dos garotos ficou pensativo por um tempo, até que ele finalmente decide dar a sua resposta
— Bem, viemos aqui para medir a eficiência da espada e do tridente, então, acho melhor não usarmos nossos poderes, não concorda?
Katára foi só ouvindo isso, atentando a todas as palavras ditas pelo seu pai e pelo oponente do mesmo, enquanto vai divagando e pensando sobre tudo que lhe foi dito até aquele lugar, enquanto vai analisando a possível luta
— (Sem usar seus poderes? Meu pai está confiante então…. Bem, isso é de se esperar, já que nós somos perfeitos, não fugimos ou recuamos nunca!!)
Quando o garoto voltou seu foco, ele notou que a luta já havia começado, com ambos os homens trocando golpes certeiros e com a mais pura intenção de um aniquilar o outro, golpes que faziam terremotos por toda uma área de mais de quarenta quilômetros de extensão, destruindo todas as rochas e pequenas montanhas nesta região, com aqueles ataques inclusive fazendo a imensa montanha que eles se encontram em cima tendo o topo destruído por completo em poucos ataques. O garoto das maldições pensava que a vitória do seu pai seria certa, vendo aquela batalha que estava se estendendo por mais de quatro horas. Até que, após nove horas de luta, era possível de ver Sumanget no chão cheio de ferimentos mortais, enquanto o espadachim se encontrava em pé, também bastante ferido, mas ainda tendo como lutar sem grandes problemas, o homem da espada foi andando em direção ao lutador de lanças, enquanto foi falando
— Lutou bem, mas, agora nossa luta foi finalizada, morra com o orgulho de um guerreiro, meu amigo
Sumanget foi ficando desesperado, ele não queria morrer ali, o homem que invocava espíritos logo olhou para o seu filho, ficando ainda mais desesperado com a ideia de morrer ali
— (Não, eu não posso morrer agora, não quero deixar meus filhos para trás, não agora!!!!)
Logo, em um ato de desespero e até de covardia, o homem ativou seus poderes, invocando de volta as pedras ligadas ao topo daquela montanha, para as fazer cair com tudo em cima de seu oponente. O lutador de espadas logo olhou para cima, notando aquele objeto imenso vindo em sua direção, além de ele também notar que o acordo havia sido quebrado
— Tsc, desgraçado!
Ditou aquele espadachim, que logo decidiu usar suas próprias habilidades, para conseguir teleportar todo o topo daquela montanha para bem longe dali. O resultado dessa ação, foi que o homem da espada acabou desmaiando de forma quase que instantânea, tudo devido ao tamanho do objeto que foi teleportado. O pai do garoto estava em choque ali no chão, pensando que poderia ter sido morto naquela situação toda
— Isso…. Foi por muito pouco!
Sumanget disse isso para si mesmo, enquanto respirava de forma ofegante e muito pesada, com seu suor frio de desespero caindo no solo a cada ofegada. Katára, por sua vez, olhava aquilo em completo choque, seu rosto era quase que totalmente pálido, enquanto seus olhos estavam arregalados e mostrando um total sentimento de descrença
— (Isso é mentira, não é?.... Só pode ser mentira!)
O garoto amaldiçoado pensou isso consigo mesmo, enquanto foi se lembrando das palavras de seu pai, sobre serem perfeitos, lembrando de cada uma daquelas palavras e ficando cada vez mais e mais em choque
— (Seres perfeitos usam golpes sujos?.... Não, com toda certeza não!...)
O garoto então foi andando em direção ao seu pai, sem fazer nenhum barulho enquanto isso, nem mesmo o som de sua respiração podia ser ouvido. O pai do garoto ainda no chão, logo ficou extremamente chocado quando uma sombra o cobriu, e quando o homem foi olhar para cima extremamente assustado, o mesmo acabou tendo a sua cabeça separada do seu corpo. O culpado por isso, foi o jovem Katára, que apenas olhou para a cabeça decepada de seu pai, enquanto começou a dizer
— Você não é perfeito, pois teve que trapacear para viver! E já você…
O garoto foi dizendo isso, enquanto encarava o espadachim desmaiado, e logo também o finalizou, o matando, estocando o tridente no peitoral do homem, o partindo no meio quase instantaneamente com aquele golpe mortal. Logo, anos se passaram, Katára usou dos seus poderes para se tornar imortal ao tempo e ter um corpo indestrutível, junto de seu irmão mais velho. Com ambos começando sua grande vida de crimes, até que o seu irmão tentou ir contra essas ideias, e como o pai dos garotos, ele acabou sendo morto pelo garoto das maldições.










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