Capítulo 30- Nasce um Herói

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Held e sua mãe estavam na cozinha, comendo o resto de comida quase podre da dispensa, os dois pareciam estar tentando esquecer toda aquela situação de mais cedo
— Mamãe, qual o motivo do papai não ter gostado do seu trabalho, ele não é um trabalho de ajudar moços a levantarem a autoestima deles?
O pequeno perguntou aquilo a sua mãe, pois não sabia a verdade por trás do trabalho dela, acabando por deixar a mulher ruiva em grande choque e estado pensativo, já que ela não poderia contar tudo para aquela criança
— Bem… Às vezes seu pai só tem ciúmes… É, deve ser isso!
A mulher falou aquilo para acalmar aquela situação estranha e de ar pesado que eles estavam passando, tentando ao mesmo tempo animar seu filho, fazendo a melhor comida que conseguisse. O melhor que dava para se fazer naquele momento, era um simples pão com manteiga e queijo, mas mesmo sendo algo bem simples para se fazer, acabou alegrando o garoto ruivo
— Obrigado pela comida, mamãe!
O garoto começou a devorar aquele pão, agindo como se não houvesse comido a dias e mais dias, acabando por surpreender e alegrar a sua amada mãe, que estava com medo de ele não gostar da comida
— Fico feliz que você gostou da comida, querido!
Ela falou aquilo para o ruivo, tendo um grande e gentil sorriso em seu belo rosto, um sorriso no qual o seu filho viria a herdar em um futuro não tão distante. Ela para não ficar muito tempo parada, decidiu fazer algo para beber
— O que vai querer tomar, filho?
— Quero um pouco de café, mamãe!
Ali o clima já havia se estabilizado, com a briga que aconteceu antes já tendo sido totalmente esquecida por eles. Mas em um dos becos daquela periferia suja e úmida,  se encontra o bêbado papai de Held, andando enquanto tenta manter seu equilíbrio, coisa que já era extremamente difícil por conta dos litros e litros de bebida que ele havia ingerido
— Aquela puta…. Ela me paga!
Ele soltou alguns soluços após falar isso, caindo sentado no chão e bem em cima de uma poça de lama do esgoto, ficando pensativo nas palavras que ouviu mais cedo, durante a briga dentro da sua casa
— Acho que ela está certa…. Acho que vou ir atrás de um emprego e mudar essas coisas, enquanto dá tempo!
Ele disse aquilo para si mesmo, mas alguém acabou por não gostar dessa linha de raciocínio vinda do bêbado, esse alguém foi o homem gordo de antes, que entrou no beco bastante irritado e suado devido a caminhada
— Nem pense nisso, seu desgraçado!
Gritou o ser horroroso para o pai bêbado no chão do beco, seu tom de voz era alto e estressado, como se jogasse uma maldição naquela ideia de sua visão “idiota” e sem sentido algum
— Você vai realmente escutar uma puta suja? Não me diga que você é um submisso de merda, que não consegue ver com os próprios olhos!
O bêbado ficou bastante confuso com aquele homem aparecendo do nada na sua frente, apenas o encarando por pelo menos uns dez minutos em um puro e constrangedor silêncio, parecendo até o final de uma piada ruim em uma série
— Você é alguma ilusão da  minha cabeça?.... Gente, acho que aquela pinga tava um pouco estragada…. Ou batizada com algo… Hic!
O homem feio e peludo apenas se irritou com a fala daquele alcoólatra, para a bola de pelos arrogante, ser chamado de “ilusão da minha cabeça” quebrava o seu ego em mais de mil minúsculos pedaços
— Não seu idiota, eu não sou uma ilusão da sua mente!
Ele logo puxou uma arma da sua bolsa, parecia ter passado em algum lugar para pegar aquele item extremamente perigoso
— Olhe bem para essa arma, eu vou te emprestar ela, para que você dê um fim a vida daquela vagabunda!
O homem com cheiro de álcool ficou sem entender absolutamente nada, ele queria matar a mulher, ao mesmo tempo que queria tentar recomeçar a vida com ela. Ele ficou olhando aquele velho gordo oferecer aquele item para ele, até que decide segurar a arma por um tempo
— Mas… Para que eu faria isso?...
Essa pergunta apenas irritou ainda mais o bastador gordo, que decidiu dar um “empurrão” ele mesmo
— Você gosta de beber não é? Então, aquela vadia tem muito dinheiro que pode te ajudar a beber, com ela morta você pode pegar esse dinheiro para si, eu também te pago para isso!
Quando o homem falou sobre a bebida, o pai de Held aceitou aquela ideia de forma bem rápida, parecendo bastante animado com aquilo. Na escuridão do beco, havia uma pessoa observando a conversa daqueles dois, parecia ser um dos clientes dela
— (Eles estão querendo matar e a Alyne, sabia que não deveria ter apresentando esse gordo para ela!)
Alyne era o nome usado pela mulher durante as noites de seu trabalho, para que ela não revelasse seu nome verdadeiro. Esse terceiro homem nas sombras correu daquele lugar, para tentar chamar a ajuda de alguma autoridade competente, já que mesmo com os seus poderes, ele seria facilmente eliminado ali, pela falta de treinamento e preparação para usar os poderes que possuía. Na casa de Held, ele estava deitado em seu quarto enquanto sua mãe estava na sala perto da cozinha, o garoto ficou olhando o teto do seu quarto
— Amanhã vou tentar trazer comida boa para cá, não importa como!
O garoto falou aquilo, queimando de determinação para o dia seguinte, sabendo o que tinha que fazer para ajudar a sua mãe. Mas isso foi logo interrompido por um barulho vindo do andar de baixo, como se alguém tivesse acabado de quebrar algo
— Mãe!
O garoto disse isso enquanto pulava da cama e iria correndo até o andar de baixo, querendo saber qual o motivo do barulho todo, quando ele chega na metade da escada, o garoto já conseguia ouvir alguém falando  
— Sua vadia… Eu vim aqui para matar você, o garoto e dar o fora com a grana, entendeu sua puta?!
Aquela voz era do seu pai, que parecia bastante alterado devido a bebida e a ganância dele. O garoto não poderia ignorar aquilo que o seu pai falou, efetuando um avanço contra o mesmo a toda velocidade, os músculos do garoto cresceram durante essa investida determinada em proteger a sua mãe, parecendo ser a manifestação do seu poder
— Fique longe dela, pai!
O garoto falou isso já agarrando o braço do seu velho, o mesmo braço que empunha aquela arma de fogo de calibre mais pesado, tentando fazer o seu pai soltar a arma
— Cala a boca e me solta, seu merdinha!
O homem alcoólatra disse isso dando alguma cotoveladas nas costas do seu próprio filho, enquanto efetua vários e vários disparos aleatórios por toda aquela casa, tentando fazer algum desses tiros atingirem o seu alvo
— (O que fazer, o que fazer?)
A mulher pensou isso, até que viu o telefone caído no chão, depois de pensar um pouco mais e ver que seu filho estava disposto a morrer por ela, a mulher escolheu pegar o telefone e chamar pela ajuda do exército, que tinha um posto perto dali
— Por favor, eu imploro, me ajude-
A fala dela foi cortada, um dos tiros atingiu o plexo solar dela, fazendo a mesma se curva e largar o telefone no chão
— Mamãe!
O garoto gritou aquilo e acertou um soco de direita no rosto do seu pai, a força do golpe foi tanta que fez o mesmo sangrar um pouco pelo nariz, além de artodoar o mesmo. O velho ficou extremamente irritado, então ele deu mais dois tiros contra o garoto, acertando ambos apenas de raspão
— Seu monstro!
O garoto continuou avançando contra o seu pai e ficou em luta corporal com o mesmo por pelo menos uns oito a dez minutos contra o seu pai, até o pessoal da ajuda finalmente chegar na casa dele e imobilizarem o seu pai, os militares tiveram mais facilidade de chegar lá por conta do cliente da mãe dele que quis a salvar
— Mãe, você está bem, mamãe?
O garoto foi correndo até a sua mãe e a pegou em seus braços, balançando ela para que ela se mantenha acordada por mais tempo
— Tá doendo muito esse machucado… Seu pai atirou para valer…
Ela disse aquilo com uma vez um pouco mais pesada devido ao tiro e a falta de sangue que ela sofreu durante esses minutos sem parar o sangramento rápido dela
— Por favor mamãe, aguente um pouco mais… Por favor!
O garoto estava chorando enquanto tentava manter a sua mãe acordada o máximo possível para ela não morrer ali nos braços dele e ter como salvarem ela. A mulher apenas olhou para o corpo com alguns machucados do seu filho, enquanto ia dizendo
— Você não manteve a sua promessa…. Você se machucou….
Ela falou aquilo em um tom baixo e mais mórbido por conta do sangue saindo do corpo dela pelo plexo solar dela. O garoto começou a chorar um pouco, enquanto foi tentando acalmar a mulher
— Mamãe, não fala mais nada, descansa!... Me desculpa por não manter a promessa também… Me desculpe!
A mulher quando viu seu filho chorando por conta daquilo, apenas deu um sorriso suave em seu rosto, enquanto alisava o rosto do seu filho e tentava acalmar o choro do mesmo durante isso
— Não se preocupe com isso, filho… Sabe, eu ouvi uma vez já faz algum tempo…. Que não importa quantas vezes você caia durante uma promessa “vitalícia”.... Mas sim quantas vezes você se levanta para tentar a cumprir de novo!
Held não conseguia parar de chorar com aquilo, mesmo tentando se manter forte naquela situação. Enquanto a sua mãe se manteve sorrindo com aquela situação toda
— Eu estou orgulhosa de você… Por favor, sempre seja assim, para sempre!
Aquelas foram as últimas palavras dela para o filho da mesma, morrendo ali nos braços dele, com um sorriso gentil no rosto até o final. Held continuou chorando de forma bastante dolorosa, enquanto o seu poder pegava as capacidades de sua mãe, revelando que ele conseguia pegar as habilidades de quem ele “simpatiza”. Uma mulher chegou por trás do garoto, colocando a mão no ombro dele e falando
— Isso é triste mesmo… Bem, vou cuidar de você até achar alguma família que queira te adotar
Assim seguiu a vida do Held, seu pai e o velho peludo foram condenados à morte pouco tempo depois desses acontecimentos, a mulher de antes acabou por adotar o garoto ela mesma, se tornando a segunda mulher que Held possuía fotos na sua casa. Nisso ele conheceu o seu vice-capitão de esquadrão, junto da irmã dele que seria sua futura esposa, passou muito tempo treinando e fez aquela missão dos dezoito dias com a sua mãe adotiva, onde ela também morreu durante essa missão. Mas mesmo com todo esse sofrimento em sua vida, Held nunca deixou de sorrir e ajudar as outras pessoas por conta disso
— Nossa, esse homem musculoso me deu um trabalho, pelo menos acabou melhor do que pensei!
Voltando ao presente, quem disse isso era o Lume, que se encontrava pisando em uma pedra daqueles destroços e com um grande sorriso sádico no seu rosto
— Mas a mudança de sentimentos dele… Me diz muita coisa…
Lume falou aquilo bastante pensativo, coisa que não durou muito tempo naquelas condições, pois o braço de Held saiu no meio dos destroços. O ruivo logo se puxou para fora depois disso e se levantou, mostrando seus olhos cheios de determinação, Lume obviamente ficou em choque com isso, mas não deixou de sorrir vendo aquilo
— Interessante…
Ele notou a marca de “abuso” no corpo do Hled, uma bem parecida com a que ele possuía em si mesmo, além de escutar novamente os sentimentos do homem e notar que ele ainda estava com os mesmos de antes. A reação do assassino da noite foi começar a rir, coisa que confundiu o militar em sua frente
— Me desculpe por isso, é só que essa é a primeira vez que lido com alguém tão forte como você… Eu quero…
Lume se jogou de joelhos e colocou ambas as mãos em seu rosto, logo as puxando para o lado e abrindo um “sorriso” macabro, coberto com um pouco de seu sangue e poeira da destruição
— Eu quero fazê-lo tocar minha música favorita!
O militar em resposta a isso, apenas sorriu e colocou seu punho a frente do seu corpo, enquanto seus cabelos balançam com o vento
— Vamos lá então, quero ver se vai conseguir trocar a minha música!      

     


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