Capítulo 58- Perigo nas sombras

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Voltando ao presente, o lobo guará ainda estava no chão, chorando enquanto falava aquilo. Claro, entre os dois, o animal apenas falou coisas como: Humaitá foi quem deu meu nome, me criou e coisas do tipo. Kura, por sua vez, escutou tudo aquilo, se sentindo mal por ter lutado e sido praticamente o responsável pelo seu oponente passado ter morrido, com o garoto começando a falar
— Eu…. Sinto muito, de verdade mesmo, mas eu não queria matar ele, ele em um momento usou uma habilidade que custava a vida dele, e….
O canino logo conseguiu se levantar, ainda em prantos e parecendo extremamente irritado com o jovem militar. Então, Jaguar começando a gritar com o garoto
— Ele só fez isso pois você que continuou lutando, era para você ter desistido e deixado ele te matar!! E afinal, por qual razão você veio para cá, seu idiota?!
Jaguar não estava praticamente pensando direito, apenas respondendo com base na raiva e tristeza que sentia na hora. O elétrico apenas suspirou um pouco, se sentindo ainda mais pra baixo com aquilo, mas ele decidiu responder o Jaguar de forma calma
— Você pode estar certo…. E, eu vim até aqui, pois eu prometi ao Humaitá que eu faria isso, prometi isso no leito de morte dele. Ele queria que eu fizesse essa visita a vila
O canídeo ficou incrédulo com aquela informação, não sabia sequer como reagir, com o choro do mesmo parando durante alguns segundos. Porém, após esse tempo, o lobo decidiu continuar a falar
— C-como assim?! Ele que pediu para que você vinhesse?! E por que você aceitou????
O irmão mais velho de Arold logo estendeu a mão para o animalzinho, afim de querer ajudá-lo a se levantar, enquanto responde para o mesmo
— É que assim como ele, eu tenho uma família e me importo com ela. E o Humaitá se mostrou ser alguém extremamente bondoso, isso até faz eu procurar um motivo pra ele ter se unido a aquele grupo maldito!
O ser com capacidade de se transformar segurou na mão do militar, aceitando a ajuda para se levantar e ficando de pé, enquanto fala para o jovem gerador de eletricidade
— Então…. Você também notou que ele não era do mal?.....
O militar olhou o rosto do guará enquanto o bicho levantava, notando as lágrimas de emoção do canino. Kura logo ficou emocionado com aquilo, sentindo a tristeza e até mesmo a pouca felicidade que saía daquele animalzinho, sabendo que isso era gerado por conta do militar saber que o falecido líder daquela aldeia era alguém bom, e não alguém verdadeiramente maligno
— Sim, eu notei, ele era alguém incrível mesmo, não precisa se preocupar com isso, meu amiguinho!
O garoto disse aquilo alisando a cabeça do lobo, tendo um sorriso bastante amigável no rosto, tentando confortar o bicho. Porém, depois de alguns momentos nesse silêncio reconfortante e bem parado, o homem da lei logo decidiu fazer uma pergunta para o lobo guará
— Ei, Jaguar! Eu quero fazer uma pergunta para você, caso não acabe te deixando incomodado
Jaguar escutou aquilo, olhando em direção ao rosto do jovem da eletricidade, ficando curioso sobre o'que ele queria perguntar, logo falando para o mesmo
— Claro, pode perguntar, amigo!
Jaguar falou isso, tendo um sorriso bem amigável em seu rosto, enquanto aguardava a pergunta do garoto. Kura, por sua vez, logo começou a falar e fazer o questionamento para o canídeo
— Bem, você citou um tal de ‘Tembi’ durante a explicação, o seu irmão adotivo. E bem, eu queria saber onde ele está agora, você sabe?
A pergunta deixou o ser bem pensativo, além de levemente recluso por conta daquilo, com o animalzinho tendo de respirar por alguns segundos, até finalmente conseguir responder o militar
— Bem…. O Tembi não tá na vila, meio que..
Cortando não só essa explicação, mas também a cena e indo para o meio do matagal que tinha em volta da vila, em específico para um rio mais ou menos distante da morada dos indígenas, focando assim em um pequeno garoto em cima de uma pedra bem próxima da beira do rio. O garoto de cabelo liso e bem cortado, estava sentado abraçado em suas pernas, resmungando bem baixo consigo mesmo
— Lobo idiota… Tudo é culpa dele!!
O garoto que fala isso era o jovem Tembi, que sequer se importava se já estava ficando muito tarde na noite, muito menos com possíveis animais perigosos ou com a distância daquela região até a sua casa. Afinal, o garotinho pré-adolescente se garante com seu poder e habilidade de combate. Mas para o medo do garoto, ele começou a ouvir alguns sons de passos estranhos vindos do matagal em volta daquele rio, fazendo com que o garoto se assustasse e entrasse em alerta, enquanto ele fala
— Quem está aí?!
O garoto indigena estava assustado, ficando em pé em cima da pedra e em pose para o combate, estando pronto para lutar contra qualquer pessoa que fosse atrás do mesmo. Do mato, então, três sombras saíram a toda velocidade lá de trás daquelas plantas, e a toda velocidade as sombras se moveram para as costas do garotinho, um movimento tão rápido que Cheera sequer conseguiu reagir a aquela movimentação. Logo, a sombra do meio e mais próxima do garotinho, logo começou a falar para o mesmo
— Não tenha medo, Tembi, eu só quero sua ajuda para uma coisa, algo rápido!!
A voz da sombra era alta e grossa, além de parecer extremamente velha e áspera, uma voz um pouco amedrontadora de se escutar. Cheera ouviu aquelas palavras e ficou imobilizado, pois além do medo de sequer ter conseguido reagir a aproximação dos três, também veio uma sensação estranha a sua mente, pois parecia uma voz extremamente familiar para o garoto
— Q-quem é você…. E como sabe do meu apelido?!?!?!
O garotinho ainda não conseguia se virar por conta do medo, suando frio por conta do medo e tremendo um pouco. O velho, então, apenas falou para o garoto em um tom até que bastante irônico e assustador ao jovem
— Você me conhece muito bem, muito bem mesmo!....  Afinal, somos da mesma família!!
Tembi caçou onde poderia já ter ouvido aquela voz antes, procurando em toda a sua cabeça de onde a mesma era comum para ele. Logo, após um rápido momento de procura mental ele descobriu, se virando com tudo para a sombra e falando em um tom de grito
— Não pode ser, V-
Antes do garoto ter a oportunidade de terminar a frase, a mão gigante do homem segurou a sua cabeça e logo a empurrou com tudo contra a pedra embaixo do garoto. A Rocha logo foi totalmente destruída, se reduzindo a pequenas pedrinhas, e mesmo estando bastante machucado e com a cabeça sangrando o garoto não morreu, apenas desmaiou por um tempinho. O homem velho, logo falou para seus dois aliados
— Ótimo, o pegamos, agora vamos seguir para a aldeia!!!!!
O trio logo seguiu andando em meio àquela mata, indo na exata direção da aldeia que queria ir, com o velho carregando o garoto nocauteado em cima do seu ombro esquerdo. A cena logo cortou de novo, mãe agora de volta para vila e indo para dentro do prédio onde a mãe do Humaitá, Gabriel e Shams estavam
— Ei, Gabriel! Vai ficar tudo bem a gente deixar o Kura ir sozinho mesmo?!
Shams dizia aquilo meio assustado, pois ele tinha medo de eles acabarem perdendo o Kura de alguma forma. Mas, em contrapartida, o segurança da Kraftig aparentava estar tranquilo com tudo aquilo, apenas respondendo de forma calma
— É claro que sim, pensando de forma mais lógica, eles não são loucos de atacar o Kura, e ele pode lidar com o lobo guará caso algo aconteça…. Não estou certo, senhora?
Gabriel disse aquilo enquanto olhava para a idosa, idosa essa que estava quase caindo no sono por conta hora, que já passava das três e meia da manhã. A velha, por sua vez, apenas respondeu o homem da cidade de forma extremamente calma
— Sim…. É exatamente isso, senhor!!
A velha disse aquilo, com uma voz muito calma e sonolenta, a idade realmente estava pesando bastante para ela. Gabriel, então, logo continuou o assunto com a mulher
— Sabe…. Eu me interessei em saber mais sobre o Jaguar, sabe, esses casos de animais com poderes são extremamente raros
A mãe do Humaitá ficou prestando atenção na fala do engravatado, logo interrompendo a mesma com a seguinte fala
— Vá direto ao ponto, jovenzinho!
Gabriel se assustou com aquela atitude, mas se sentiu mais confortável em dizer logo aquilo que queria, indo como nas palavras da mulher, direto ao ponto
— Bem…. Eu queria pedir, que deixasse eu levar o Jaguar conosco para a cidade. Eu prometo que não irei estudar ele de forma antiética, mas quero ver como ele se comporta nesse ambiente e até onde vai a consciência humana que reside nele, quero saber se o lado animalesco ou consciente que vai prevalecer!
A mulher parecia meio desapontada com aquilo, suspirando de forma meio pesada por conta daquelas palavras, dizendo a seguinte resposta para o homem
— Bem, Jaguar é praticamente o meu neto! Não irei deixar ele ser tratado assim de graça! Mas, ele também tem sua autonomia para escolhas. Logo, se ele tiver vontade de ir com vocês, não irei o impedir disso
A cena novamente é cortada, focando agora no Jaguar e no Kura, com os dois estando conversando sobre diversos outros assuntos
— Ei, você lembra o meu irmão mais novo, Jaguar!
O pequeno lobo escutou isso, ficando surpreso com essa afirmação e logo respondendo o militar
— Sério? Quero conhecer ele algum dia, então!!
O animalzinho disse isso com um sorriso em seu rosto, um sorriso bem animado e alegre. O Kura, então respondeu para ele de forma tranquila
— Então, que tal vir comigo para a cidade e ficar por lá comigo e o Arold?!
Jaguar ficou surpreso com aquela pergunta, ficando calado por alguns segundos, até finalmente decidir responder
— Bem…. Se a vovó deixar, eu posso ir lá fazer uma visita!!
O lobo disse aquilo, com um pouco de desconfiança, pois ainda não estava confiando totalmente no garoto militar, ainda guardando um certo preconceito dele. Kura logo se animou, ele gostava da ideia de ganhar um novo companheiro
— Certo, vamos lá falar com ela!! Aí você já fala com ela sobre isso!!
Nesse momento, o celular do Kura toca, fazendo um barulho extremamente alto. O jovem gerador de eletricidade atende de forma rápida e assustada, falando ao telefone
— Alô?!
— Kura, onde você está?!
A voz do outro lado era o Gabriel, ele parecia espantado com alguma coisa, tendo uma voz de leve desespero
— Perto da floresta seguindo a esquerda da torre onde a gente tava, por que?
Disse o garoto de forma despreocupada, sem entender o motivo de tanto desespero por parte do segurança
— Ótimo, volte para cá então!! A vila acabou de ser invadida, então quero que venha para cá, vamos nos reagrupar e se dirigir até a invasão!! Quero ver o seu nível de força!
A cena logo é realizada após a fala do Gabriel, focando na entrada à direita da Vila. O local era guardado por alguns guardas, que acabaram sendo mortos pelo ataque repentino, algumas casas foram destruídas no processo e haviam pessoas fugindo dali a toda velocidade. Logo, em meio a fumaça, três grandes homens aparecem, com um deles sendo o da sombra de antes, com ele carregando Tembi no ombro
— Lar doce lar!!!!
O velho falou isso, logo se revelando sob a luz da aldeia, aquele homem que nocauteou Tembi e o sequestrou, era ninguém mais e ninguém menos que o pai do Humaitá. Esse velho, logo gritou
— Vim pegar de volta aquilo que me pertence, sua velha imunda!!

 

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