Capítulo 26- Bela dama de olhos azuis

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Na casa do garoto Lume, ele e sua mãe estavam comendo aquela comida vinda do lixo da padaria, a mãe do garoto tentou cozinhar alguma coisa com aquele resto de comida. O garoto por sua vez, se encontra distraído enquanto lia um livro e em algumas pausas tenta escrever algo em uma folha de papel no seu lado
— O que você está fazendo, filho?
A mulher falou isso em um tom calmo e bastante curioso para o seu filho, ao mesmo tempo em que mexia em alguns pedaços de pães na frigideira, tentando fazer torradas com aquelas coisas sujas
—  Ué, eu estou lendo, mamãe!
O jovem Lume afirmou isso para a sua mãe, tendo um grande sorriso no seu rosto depois disso, ele se sentia bem quando estava lendo o seu livro. A sua mãe soltou uma leve risada depois da fala do seu filho, para logo em seguida ir se aproximando dele em alguns poucos passos lentos e calmos, se abaixando na frente do seu filhos e o olhando no rosto
—  Eu não estava falando disso, Lume, era sobre isso que estava escrevendo nessa folha de papel!
Ela falou isso apontando para a folha no chão, isso fez com que seu filho ficasse um pouco corado e nervoso com aquilo, mas ele não se negou a contar para a sua mãe o conteúdo da sua folha de papel
—  É uma música…. Para você, mamãe!
A fala do jovem deixou a mulher chocada e ainda mais curiosa com aquilo, ela queria saber a letra da música que seu filho fez sobre ela.
— Sério meu filho, como é a letra?!
O garoto ficou um pouco mais envergonhado com aquilo, ele não queria mostrar a música para a sua mãe, já que a letra não havia sido completada
—  Mas mamãe…. Eu não terminei ela ainda, também não sou tão bom cantando!...
O garotinho falou isso de forma um pouco envergonhada e mórbida para a sua mãe, era um reflexo do ambiente em que vivia, que acabaram dando um grande problema de autoestima para o garoto
—  Ora, vamos lá, provavelmente deve estar muito bom!
A mãe dele falou isso para encorajar o seu filho e matar a sua própria curiosidade pessoal, tendo um grande sorriso gentil no seu rosto. O sorriso de sua mãe fez com que Lume se encoraja-se para cantar a música
—  Bem, a música é assim: “Minha bela dama de olhos azuis, que trabalha durante a noite fria como uma cruz…”
O garotinho canta esse trecho da música, mas logo a sua vergonha tomou o controle de novo e ele travou ali mesmo a canção, não conseguindo chegar nem ao menos na quinta linha da letra da música. Sua mãe por outro lado, apenas passa mão na cabeça do seu filho de forma suave e tranquila
—  Certo, certo, essa música está muito boa meu amado filho, mas vamos comer as torradas agora!
A mãe dele disse isso enquanto andou até a cozinha de sua casa, para arrumar as coisas para os dois comerem as torradas com aquela comida do lixo. Enquanto em outro lugar daquela periferia suja e sombria, o péssimo pai de Lume se encontra andando por um beco, enquanto segura uma arma nas suas mãos
—  Ela está por apenas duzentos?
O pai do garoto disse isso ligado ao preço daquela arma, falando com o vendedor bizarro daquele beco, parecia que ele falou sério quando disse que iria matar a sua própria esposa
—  Isso mesmo, só duzentos. Mas meu senhor, por qual razão a arma se todos tem poderes?-
A fala do homem foi cortada assim que o bêbado terrível jogou o dinheiro na cara do vendedor, logo começando a sair daquele beco com bastante raiva
—  Meus poderes precisam de uma arma de fogo, idiota do caralho!
O vendedor ficou bastante irritado com aquilo, dando para sentir de longe esse ódio vindo daquele estranho vendedor
—  Ei, seu bêbado corno desgraçado, eu vou te matar-
A fala do homem foi cortada assim que o pai do garoto atirou uma bala curva que acertou diretamente o crânio e cérebro do vendedor, fazendo seus miolos se espalharem por aquele local
— Minha habilidade é… Hic!… Controlar a trajetória das balas de armas contra um alvo… Hic! 
O bêbado falou isso enquanto soltava alguns soluços devido a estar muito bêbado, com o bêbado barrigudo indo andando até aquele cadáver e pegando o dinheiro de volta
—  Acho que… Hic!.... Esse dinheiro é meu!
Ele pegou e contou o dinheiro, o guardando na sua carteira e em seguida a pondo no seu bolso de volta, com ele soltando ainda mais alguns soluços devido a bebida, além de ter sujado um pouco as suas mãos com o sangue do vendedor, já que um pouco caiu em algumas moedas e notas do seu dinheiro
—  Oh…. Acho que me sujei um pouco com o sangue de barata, bem, mas não importa muito!
Ele falou aquilo e foi andando até um bar ali perto, para beber um pouco antes de realizar o seu plano maligno de matar sua própria esposa e talvez o seu próprio filho sem a menor piedade deles.
—  (É hoje que eu me vingo daquela desgraçada loira e daquele garoto de merda, igual como um serial killer joga fora os restos mortais de sua vítima, para seguir uma vida normal e tranquila como se nada tivesse ocorrido!)
Ele pensou aquilo consigo mesmo, enquanto paga algumas bebidas para si mesmo e enche a sua cara novamente em um bar, estando rodeado de várias e várias mulheres bastante “quentes”. Já na casa daquela “família”, o filho deles se encontra deitado na sua cama, aparentemente dormindo
—  (A mamãe gostou da minha música mesmo?.... Isso me deixa feliz, muito feliz mesmo, como se eu ganhasse um doce muito gostoso!)
O garoto pensou aquilo sozinho em seu quarto, durante um longo silêncio que foi logo quebrado, tudo devido ao som de um vaso sendo quebrado na sala, o quarto do garoto não era tão longe dali, tornando então fácil de ele escutar as falas da sala
— Sua puta desgraçada, eu vou te matar por ter me traído!
O pai dele gritou essas palavras como um louco, a sua mãe por sua vez, estava no chão com o rosto sangrando. O jovem Lume ficou totalmente em choque por conta disso, mas o garoto não gritou sem motivos contra o seu pai, o garoto apenas foi andando até a cozinha que era no lado oposto a sala de sua casa, fazendo isso em silêncio
—  M- mas querido… Eu te amo de verdade, eu fiz tudo isso por você, só por você e para você!
A mãe do garoto falou aquilo aos berros para o marido dela e pai do jovem, parecia estar implorando pela sua própria vida, tudo isso pois o bêbado estava apontando a sua arma recém comprada estava apontando diretamente para a cabeça da mulher
—  Cale a boca sua vadia suja, eu vou mandar você e aquele garoto para o inferno, usando apenas uma bala para isso!
Quando aquele bêbado gordo ia puxar o gatilho de sua arma, ele é atingido por uma faca que foi arremessada diretamente em seu pescoço, o responsável por esse ataque foi o seu próprio filho Lume, mas o garoto não parou com aquele ataque, ele continuou o seu ataque feroz contra o seu pai, com o garotinho pulando contra o seu pai enquanto segura uma faca comum de cozinhas, furando novamente a garganta de seu pai e em seguida dando uma quantidade de cento e cinquenta facadas contra o seu pai, garantindo assim a morte do homem na frente da sua mãe
—  Mamãe, você está bem?!-
O garoto falou isso enquanto se vira para a sua mãe, obviamente a mulher estava em choque, seu filho não deveria ser capaz de matar aquele homem sem ter despertado a sua habilidade especial por completo, com o próprio garotinho estando em choque, mas não por ter matado o seu pai de forma tão brutal, mas sim pelo sentimento que ele ouviu do seu pai
—  (Que sentimento era aquele?.... Não, melhor, que música era aquela?....)
Lume perguntou aquilo mentalmente, mesmo que ele não soubesse que tipo de sentimento era aquele, já estava bem óbvio que esse sentimento foi o “medo”, “desespero” e “pavor” do seu pai, devido que aquele bêbado se encontrou cara a cara com a morte. Mas Lume não teve tempo para pensar muito naquilo, pois a sua mãe rapidamente enlouqueceu e começou a lançar objetos de vidros contra o seu próprio filho
—  Seu garotinho de merda, o que você acabou de fazer?!
Ela gritou isso para o seu próprio filho, o sentimento alegre e amoroso que Lume escutava vindo dela, não eram verdadeiros e genuínos para o garoto
— Seu desgraçado, você não passava de uma ferramenta para eu me manter junto dele, agora que ele morreu, não tem motivos para que você exista!
O mundo do garoto foi desmoronando de pouco em pouco, já que nenhum dos sentimentos que ele escutou até aquele dia, toda aquela música vinda dos sentimentos de sua mãe era completamente falsa. Mas ele ainda estava fascinado com outra coisa, um sentimento que ele realmente sentiu ser de verdade, aquela música do desespero
—  Eu vou te matar, eu deveria ter te abortado-
O garoto parou a fala da sua mãe segurando a garganta da sua mãe com força, começando a enforcar a fim de matar ela. Novamente aquela música do desespero e medo voltou a ser tocada, com Lume a escutando vinda de sua mãe agora, mesmo com a mulher se soltando em seguida e deixando a música do ódio dominar novamente, não foi de todo um susto para Lume, na realidade ele apenas avançou com tudo contra a sua mãe e colocando a faca em sua garganta, a matando ali na hora, fazendo o medo novamente dominar
—  Mamãe, não se preocupe… Você virou uma bela música agora, seus problemas se foram por completo agora.
O jovem disse isso enquanto abraçou o corpo de sua mãe morto da sua mãe e até mesmo perdendo o calor corporal
—  E mamãe, eu agora quero que escute toda aquela música!
O garoto começou a tossir um pouco, na tentativa de limpar sua garganta antes de iniciar  a sua canção
— Minha bela dama de olhos azuis, que trabalha durante a noite fria como uma cruz, enquanto o seu marido come carnes na brasa e se diverte no bar da praça, minha bela dama de olhos azuis, que durante as noites vários homens seduz, da mesma forma que a faca que reflete a luz, a mesma luz dos postes da padaria, em que zombam da minha vida. Mas por você bela dama, eu vou até o ponto de comer grama, minha bela dama, apenas descanse seus olhos azuis nesse rio vermelho, onde suas dores vão sumir por inteiro, enquanto aquele bêbado sofrerá no seu próprio enterro, vá em paz
O garoto disse isso naquelas lembranças, mas Lume logo voltou à realidade, ainda estando no chão na batalha contra Held, em sua mão direita havia uma faca ensanguentada que refletia a luz de um dos postes daquela rua fria. Logo, com um olhar bastante triste olhando a faca, ele completou a letra da sua canção, enquanto volta a se levantar
— Minha bela dama de olhos azuis!...

 

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