Olívia
Eu não conseguia pensar em nada que não fosse o calor de seu corpo no meu. Eu sentia Cecília cheirando meu pescoço e me arrepiei com seu toque sútil. Suas mãos me cercavam e eu sentia como se nunca estivéssemos próximas o suficiente. Ela me apertava e se no fosse ela que estivesse me abraçando pela primeira vez eu reclamaria.
Nada. Nada se comparava com a maneira que ela estava vulnerável em meus braços naquele momento. Nenhuma palavra maldosa, nenhum ressentimento. Eu só tinha certeza que Cecília estava agindo de maneira genuína, e para ela vir até minha casa do jeito que ela estava, precisava ser real. Não tinha como ela estar mentindo.
Eu me sentia segura o suficiente para ter certeza que ela gostava de mim. Talvez fosse a maneira que ela me olhava, ou como ela relaxou em meus braços. Mas eu não percebi o momento em que eu a perdoei completamente.
-O que aconteceu, Cecília?- Eu perguntei, depois de nos trazer para meu quarto completamente bagunçado. A primeira coisa que eu percebi nela quando abri a porta da sala foi o sangue seco em seu pescoço, por um segundo eu fiquei horrorizada, mas logo percebi que ela não estava machucada, de fato.
-Eu não quero falar disso agora, ok?- Ela falou e passou a mão, que ainda tremia, pelos braços.
-Tudo bem... é...Vem, acho melhor você tomar um banho e tirar isso de você.- Eu me levantei e segurei sua mão, a guiando para o banheiro. Ela segurou forte em mim e me acompanhou.
Quando ela começou a se despir eu virei as costas, como se já não tivesse visto seu corpo nu diversas vezes. A diferença é que agora, por mais que eu quisesse a ver sem roupa, não era apropriado.
Eu escutei ela entrando no box e só me virei porque o vidro não me deixava ver nada. Ela se banhou em silêncio e nem passou pela minha cabeça sair do banheiro, então apenas fiquei ali, ainda nem acreditar que ela estava na minha casa.
Sem creditar que eu desejava que ela ficasse ali por um bom tempo ainda.
-Pode me dar uma toalha, por favor?- Cecília pediu, sua voz parecia menos frágil agora. Eu estendi uma toalha para ela e antes que a garota saísse do box eu fui procurar algo para ela vestir. Uma camiseta de banda e uma bermuda esportiva seria o suficiente.
Ou será que ela acha minhas roupas feias?
Ela se vestiu sem reclamar e ficamos em silêncio, nem saber por onde começar. Eu deitei na minha cama, que ainda estava desarrumada e ela fez o mesmo, se deitando do meu lado.
Cecília suspirou e se aproximou de mim ao mesmo tempo que eu me aproximei dela. Qualquer pessoa que olhasse de fora veria que nós duas estávamos inseguras, dessa vez, dando passos pequenos na direção da outra.
Eu conseguia sentir sua respiração no meu resto e o calor de seu corpo perto do meu. Mesmo assim, ela se aproximou ainda mais e tocou meus cabelos com os dedos delicados, eu nem me lembrava que tinha acabado de acordar quando ela bateu na porta de casa e certamente estava vendo o quão estranha eu era e como meu cabelo estava bagunçado.
Nem sequer me toquei que eu quem deveria estar confortando ela, levando em consideração o estado que ela estava. Só apreciei cada segundo do carinho.
Eu tomei liberdade para descansar minha mão em sua cintura e ela sorriu em aprovação, então eu a abracei e colei seu corpo ao meu. Suas pernas se embolaram nas minhas e ficamos assim por um tempo, enquanto ela fazia carinho no meu rosto e parecia prestar atenção em todos os meus detalhes, me deixando com vergonha e certamente vermelha.
Mas eu não me importava mais.
-Olivia...- Cecilia disse eu murmurei em resposta.- Faz um tempo que eu queria te contar uma coisa importante...- Ela parecia insegura e mal mantinha o contato visual.
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A um passo do amor (lésbico)
RomanceAos 17 anos, Cecília Gomez tinha o intuito de aproveitar a vida ao máximo. Sua mãe, não chegando nem perto de ser a melhor, dizia que sua filha era a típica adolescente rebelde. Na escola, Cecília chamava a atenção de todos por conta de sua beleza...