Capítulo 9

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Olívia

Eu nunca na minha vida inteira senti uma semana passar tão devagar como essa, era intrigante. Eu me sentia fisicamente mal, sinceramente, tudo o que eu queria era ficar deitada o dia inteiro.

Ainda era terça-feira e mesmo que eu estivesse contando os dias para que o fim de semana chegasse, o que eu realmente queria era que eu nunca tivesse que ver Cecília fora da escola de novo.

A maldita não tinha ido pra escola hoje e muito menos me mandado mensagem falando sobre como nós faríamos o trabalho de literatura. Não que eu me importasse, mas era inevitável se questionar sobre o motivo dela ter faltado na escola. Principalmente porque sua amiga, Beatriz, ficou me encarando em diversos momentos do dia.

É claro que Cecília contou pra ela...

Por mais que eu não precisasse, ainda sim fiquei insegura ao imaginar que Beatriz sabia das minhas intrigas com sua melhor amiga. Não precisava me importar porque EU não fiz nada, na verdade, eu poderia ser considerada uma vítima.

Isso, eu era uma vítima.

Já era de madrugada e nada que eu fizesse me deixava com sono. Eu tentei me entreter tocando guitarra mas minha avó chamou minha atenção por conta do horário, e por saber que ela estava certa eu cedi.

Até passou pela minha cabeça iniciar o trabalho sozinha e simplesmente excluir Cecília, mas eu certamente não estava com disposição pra isso.

Meu gato ronronava no pé da minha cama e eu encarava o teto no completo breu do meu quarto. Quando estava finalmente ao ponto de adormecer, senti meu celular vibrar embaixo do meu travesseiro e logo despertei.

"Você pode vir para minha casa na sexta-feira?"

Eu li a mensagem no visor do meu celular, o número era desconhecido, mas a foto de perfil me fez identificar exatamente quem era.

"Sexta é complicado" eu falei e logo em seguida completei "Não vai dar"

"Sábado então"

Cecília respondeu rapidamente.

"A gente não pode só compartilhar um documento no drive? Eu não preciso ir na sua casa..."

Eu expliquei e esperei alguns minutos até ela responder.

"Então sábado você pode?"

"Posso"

"Tá vendo, não precisa fazer agonia, eu não vou te morder"

Cecília respondeu e eu consegui imaginar o sorriso sacana formando em seu rosto.

"Eu não tô fazendo agonia, você que fica arranjando motivo pra me ver"

Minutos se passaram e eu me convenci que ela não iria responder. Que idiotice, eu poderia ter deixado o assunto quieto e perdi a oportunidade.

Eu fechei a tela do celular e fechei os olhos me julgando por conta da mensagem. Claramente era mentira, não tinha motivo pra Cecília querer alguma coisa comigo, mas eu sabia que só insinuar tirava ela do sério.

Meu celular vibrou novamente e eu o peguei em um piscar de olhos.

"Como você percebeu? Achei que estivesse fingindo desinteresse muito bem"

Eu li no visor do celular e no mesmo instante meu coração doeu uma batida. Eu tinha certeza que ela estava rindo da minha cara do outro lado do celular, sabendo que eu não esperava ela responder à altura. E ela tinha toda a razão, eu sempre soltava uma dessas quando discutíamos e ela sempre me xingava.

A um passo do amor (lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora