Cecilia
-Eu não quero, Bruno, eu não quero.- Eu falei para meu irmão, que estava parado nos pés da minha cama na segunda feira de manhã.
Eu não acreditava que já era segunda feira de novo, durante a ultima semana eu senti como se os dias estivessem se arrastando, durando o máximo para que eu pudesse me odiar por mais tempo. Mas agora que eu estava acordada, depois de passar o final de semana deitada na cama me levantando só para ir ao trabalho, eu desejei que não tivesse que ir para a escola.
Eu faltei os outros dias depois da briga que eu tive com Olivia, não só porque eu estava doente e mal colocava um biscoito de água e sal na minha boca sem querer vomitar, mas também porque eu tinha medo de ver o rosto de Olivia depois do que aconteceu. Eu tinha medo de perceber a expressão de desprezo em seu rosto ou até mesmo a prova de que eu realmente tivesse feito mal a ela.
Eu não sabia como a garota lidava com seus problemas, mas eu desejei que ela não tivesse feito nada de ruim para si mesma por minha causa.
Eu me lembrava de seus olhos lacrimejando, minutos depois de trocar as carícias mais genuínas entre nós. Eu me lembrava da sua voz alta, que antes era doce e sussurrava no meu ouvido. Eu me lembrava de tudo, principalmente do fato que eu provavelmente nunca mais iria ter a oportunidade de fazer a coisa certa, de não ter medo e agir como meu coração manda, e não por extinto.
-Você não vai faltar mais um dia de aula.- Meu irmão falou depois de escutar eu praguejando e cobrindo minha cabeça com o cobertor. Ele desligou o ar- condicionado e abriu meu guarda roupas.- Você vai bem simples, para ela perceber que você está na merda e se sensibilizar depois que você pedir desculpas e se explicar.
-Eu não me lembro de ter dito que ia fazer isso...- Eu falei, agora sentada na cama.
-Mas você disse, enquanto delirava de febre na madrugada de quarta feira, mas disse...- Bruno deu risada e jogou na cama uma camiseta no tamanho normal e uma calça tactél da escola.- Se levanta, vai se vestir e come alguma coisa pelo amor de deus...
-Eu não consigo falar com ela, Bruno, não depois de tudo... Eu quero me matar, me matar de verdade e ir direto pro inferno.- Eu disse caminhando para o banheiro para escovar meus dentes. No espelho, eu vi uma garota maia magra que o normal, com olheiras bem marcadas e uma pele sem vida.
-Você gosta dela, não gosta?- Eld perguntou simplesmente e eu concordei com a cabeça enquanto escovava os dentes.- Então chama ela para conversar, seja sincera e faça ela acreditar que você está arrependida.
Eu estava arrependida, de verdade. Eu queria pegar em suas mãos geladas e dizer olhando em seus olhos que eu queria tentar algo com ela, que eu queria que déssemos certo e que eu faria qualquer coisa para que isso acontecesse se ela gostasse de mim de volta. Se ela deixasse eu iria tentar, ou pelo menos me esforçar para mudar e quebrar essa parede que eu construí ao redor de mim. Agora, o que eu mais queria era apagar a ultima semana.
-Você não conhece Olivia, ela não vai nem olhar para mim quando eu estiver na sala de aula e vai virar as costas e ir embora se eu tentar falar com ela. Eu já errei demais e ela não vai acreditar em mim...Poxa, ela não vai...
Minha frase foi interrompida pelo meu soluço, que antecedeu meu choro, meu irmão me abraçou quando as lágrimas começaram a descer pelo meu rosto. Me odiei por estar sendo tão fraca e fazer com que meu rosto ficasse ainda mais inchado por conta do choro.
-Ela não vai me perdoar, já era...- Minha voz saiu abafada por estar com o rosto contra o peito do meu irmão e eu desejei que estivesse abraçando Olivia.- Eu nem pude abraçar ela de verdade, eu nunca vou poder dar risada com ela ou saber qual é a merda do perfume que ela usa..
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A um passo do amor (lésbico)
RomanceAos 17 anos, Cecília Gomez tinha o intuito de aproveitar a vida ao máximo. Sua mãe, não chegando nem perto de ser a melhor, dizia que sua filha era a típica adolescente rebelde. Na escola, Cecília chamava a atenção de todos por conta de sua beleza...