Capítulo 37

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Olivia.

Aurora era legal. Talvez até legal demais. Não que isso fosse ruim, eu só estava acostumada com pessoas me dando o mínimo de atenção possível. Até mesmo ela nunca prestou atenção em mim de verdade, provavelmente tudo mudou depois que meus seguidores do Instagram aumentaram, mas eu me recusei a perguntar para ela se foi por isso que ela veio atrás de mim.

A verdade é que eu me sentia exposta agora. Antes eu me sentia confortável para fazer o que eu quisesse, mas depois que a fofoca se espalhou sobre eu e meus amigos termos uma banda, eu me sentia observada em muitos momentos. Quando eu chegava na escola me olhavam, quando eu ia no banheiro meninas que eu nunca havia visto me davam "oi" e eu não conseguia nem responder direito.

As pessoas ficaram sabendo que íamos nos apresentar no bar alternativo do centro por conta de uma postagem que Davi fez na semana passada. Muitos confirmaram sua presença, mas diferente da primeira vez que nos apresentamos, eu não estava tão nervosa. Pelo contrário, eu me sentia anestesiada, e tentava ao máximo não agir de maneira indiferente em relação à banda, mas era difícil expressar qualquer emoção enquanto eu estava exausta mentalmente. Eu sentia meu cérebro encolher a cada dia e talvez fosse o resultado da desidratação que eu estava sofrendo na ultima semana.

Com certeza minha avó me escutava chorando na varanda do meu quarto todas as noites, mas não ia lá porque sabia que eu iria ficar envergonhada e isso só pioraria a situação. Porém, ela foi meu porto seguro durante os momentos que eu fingia estar bem. Durante o café da manhã, quando eu mal falava uma palavra, quando eu chegava da escola faltando cair de tanto sono e quando eu ia para a casa de Davi arrumar alguma coisa para fazer.

A verdade é que dona Carol me conhecia como ninguém, ela costumava dizer que eu era imprevisível para os outros mas no final ela sabia exatamente o que eu iria fazer, talvez porque eu vivia em um ciclo sem fim. Eu vivia de altos e baixos que mudavam completamente meu comportamento e eu gostava de dizer que tinha nascido assim e não que era resultado de algum trauma de infância, talvez porque eu não me lembrava dela.

Mas agora que eu estava arrasada por algo que não foi nada demais para a outra pessoa e iniciando um projeto grande, minha avó começou a tomar mais cuidado comigo, começando com o fato que todos os dias de tarde ela entrava no meu quarto e me observava enquanto eu tomava meu remédio para ter certeza que eu estava seguindo meu tratamento, mesmo depois de meses sem auxílio.

O que ela não sabia.

Então sim, era por isso que eu me sentia desconectada da realidade. O remédio me fez ficar sonolenta e completamente indiferente à minha volta, me lembrando exatamente porque eu tinha parado de usa-lo. Então quando Aurora começou a conversar comigo no corredor, eu simplesmente segui a conversa e ela me seguiu até minha sala de aula.

A conversa tinha alguma coisa a ver como moda e o jeito que eu me vestia, aparentemente isso me deixava atraente e fez com que ela corasse em alguns momentos da conversa, o que eu não entendi muito bem porque eu estava com o uniforme o meu rosto com certeza mostrava que eu não estava seguido hábitos muito saldáveis nos últimos dias. Mas eu ignorei esse pensamento e foquei somente no rosto da garota, ela tinha traços fortes e cílios grossos, que combinavam com seu cabelo curto escuro. Muito bonita, se ao menos eu tivesse energia para flertar com ela...

-...Então, eu vou te ver sexta-feira, tô super animada, eu não pude ir na festa do Felipe...- Aurora disse e eu sorri levemente para ela.- A gente se fala depois então, ok?

A garota disse e quando eu ia responder com educação ela me puxou para um abraço, não era tão bom quando o de minha avó mas me confortou em um momento que ela nem sabia que eu precisava, então eu retribuí.

A um passo do amor (lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora