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Cecília-Meu deus, qual é a porra do seu problema?- Eu perguntei esfregando minhas mãos no rosto de nervosismo.
Eu não conseguia descrever como era estressante ter Olivia na minha casa. Pode parecer que eu propositalmente escolhi um dia em que meus pais não estariam em casa, mas foi completa coincidência e pra ser sincera eu quase desmarquei. Eu senti a ambiente pesado, mas não por causa de alguma energia ruim, e sim por conta da energia sexual do ambiente.
Talvez fosse só coisa da minha cabeça, mas absolutamente tudo que Olivia fazia era completamente sexy. O jeito que ela alongava os braços depois que eu fazia ela escrever no documento, a forma que ela encolhia as sobrancelhas ao pensar, como ela mordia o canto da unha ao se concentrar, o jeito que ela bagunçava os cabelos. Tudo era sensual pra mim.
Mas o que falar da forma que eu sentia meu útero se contrair quando ela mordia os lábios e os molhava com a língua? Ela estava fazendo de propósito.
A maioria das pessoas ficariam desconfortais depois da cena que fizemos mais cedo. Com toda a confiança dentro de mim eu a prendi embaixo do meu corpo e me segurei para não sentar em sua barriga. Mas de algum modo o conflito nos trouxe uma liberdade estranha.
Era como se aquilo fosse minha deixa para me aproximar dela. Como se fosse a resposta que seu corpo tivesse dado às minhas investidas, e isso fez com que eu ficasse com mais vontade ainda de tocar seu corpo. Acariciar seu rosto, sentir seu cheiro e bagunçar seus cabelos...
Demorou muito tempo para nós decidirmos o que iríamos escrever, principalmente depois de descobrir nosso interesse em comum por Edgar Allan Poe. Não me surpreendeu que ela gosta do autor, aliás, ela é toda estranha.
Estranha de um jeito atraente.
Já estava começando a anoitecer e nós duas já estávamos cansadas, mas a necessidade de terminar o trabalho para que Olivia fosse embora era maior. O trabalho em si era simples, mas nós não conseguíamos evitar discutir a cada cinco minutos.
-O meu problema? Eu só to fazendo que você mandou..- Olivia parou de escrever no computador e me olhou com uma cara feia.
-Eu sei, mas você tá escrevendo muito devagar.- Eu retruquei.
Duas crianças...
-Será que a gente pode fazer uma pausa? Você não me alimentou desde que eu cheguei.- Olivia levantou da cama e eu não pude evitar reparar na sua bunda marcada no jardineira.
-Você come? Não sabia que pessoas da sua espécie faziam isso...- Eu dei risada.
-Caralho, você não consegue parar de ser infantil, dá um tempo.- Ela falou pegando alguma coisa em sua mochila e colocando no bolso.
-Desculpa, vida, eu só tava brincando, não precisa ficar chateada.- Eu caminhei para ficar ao seu lado e estendi a mão para colocar seu cabelo atrás da orelha.- Me fala o que você quer.
Internamente eu jurei para mim mesma que se essa garota dissesse "você" eu iria joga-la na cama e tirar sua roupa em um piscar de olhos, mas ela não falou isso. Olivia simplesmente tocou meu cabelo assim como eu havia feito e se aproximou.
-Para de ser oferecida, Cecília.- Ela disse e deu um sorriso de lado.
-Você é oferecida.-Eu disse e me afastei, abrindo a porta do quarto.- Vem logo.
Eu escutei seus pés descalços assim como os meus descendo as escadas. Eu revirei os armários da cozinha mas meu pai não consumava comprar lanches e sim ingredientes, eu teria que fazer alguma coisa.
-Tá, eu vou fazer umas panquecas americanas.
-Que panqueca o que, minha filha, faz um misto quente igual uma pessoa normal.- Olivia me interrompeu, claramente entediada.
-Vai se ferrar também, nada tá bom pra você!- Eu reclamei pegando as coisas para fazer o misto quente.
-Eu estou te poupando trabalho, você deveria me agradecer.- Ela caminhou em minha direção.- Enquanto o misto esquenta, será que eu posso ir no quintal?
-Pode, mas qual é seu interesse no meu quintal?
-É só um tabaquinho...- Ela respondeu baixo, como se estivesse com vergonha
-Tudo bem, só deixa eu terminar aqui e você vai poder ter minha companhia enquanto usa seu negócio.- Eu fiz dois sanduíches e coloquei ambos na chapa elétrica antes de abrir a porta de vidro da sala e ir para o quintal.
Olivia se sentou no banco que tínhamos no gramado e acendeu um cigarro, colocando-o na boca e dando uma tragada forte.
Sexy.
Ela tirou outro cigarro da embalagem e estendeu pra mim, mas eu recusei e me sentei ao seu lado no banco. Quando ela afastou o cigarro da boca eu o peguei e levei aos meus lábios, tragando assim como ela. Estava acostumada.
-Uau, então você não é tão patricinha assim, não é?!- Olivia brincou e eu assenti não podendo segurar o sorriso. Eu coloquei o cigarro nos lábios dela e a garota tragou nos meus dedos, os tocando levemente, fazendo eu cruzar minhas pernas ao sentir minha intimidade pulsar.
Eu tirei a cigarro já pela metade dos lábios da loira do meu lado e levei aos meus, sentindo a ponta molhada misturando nossas salivas. Isso me fez imaginar como seria realmente misturar minha saliva com a dela, em um beijo quente e ardente.
Quando me virei para entregar o cigarro para Olivia seu rosto estava mais perto do que eu previ. Seus lábios estavam entreabertos, prontos para encaixar o cigarro ou receber um beijo meu. Eu senti meu corpo se aproximar dela cada vez mais e senti minha pele queimar sob seu olhar pervertido.
Nós iriamos nos beijar, iríamos ceder ao mesmo tempo e tava tudo bem.
Eu estava disposta a ceder e me perder nela como havia desejado na ultima semana, mas Olivia piscou os olhos parecendo voltar à realidade e tirou o cigarro da minha mão.
-O misto já deve ter ficado pronto, vamos comer e terminar o trabalho para eu poder vazar.- Ela disse com o cigarro na boca, se levantando do banco e esperando eu fazer o mesmo.
-Você é insuportável.- Eu disse e me levantei do banco rápido suficiente para poder empurrar Olívia sem que ela pudesse reagir rápido. Ela tropeçou mas não caiu.
Eu segui para a cozinha com ela no meu encalço e tirei os mistos da chapa os colocando em pratos separados. Nós tomamos suco de laranja e comemos em silêncio evitando olhar uma para a outra.
-Sabe...Eu não fazia ideia que você queria tanto assim me beijar, eu achava que ela coisa da minha cabeça.- Olivia quebrou o silêncio, mas sua voz saiu baixa e não em tom de brincadeira.
-É sim coisa da sua cabeça, você que se aproximou.- Por um instante eu pensei em admitir, mas falar em voz alta era diferente do que admitir para si mesma.
-Tudo bem, você não vai conseguir aguentar por muito tempo...- Olivia falou e tomou o resto do suco em seu copo, virando as costas para subir as escadas.
-O que você quer dizer com isso, sua idiota?- Eu gritei colocando os copos na pia, para que ela me escutasse por já estar subindo as escadas.
-Você sabe o que eu quero dizer, vida.- Olivia falou usando o apelido como ironia. Eu subi rápido as escadas e a encontrei dentada em minha cama, como se já morasse aqui.
Eu me aproximei dela na cama e apertei seu maxilar com minha mão, fazendo ela prestar completamente a atenção em mim. Seus olhos surpresos encontraram meu rosto e eu a vi engolindo em seco.
-Você se ilude demais, qualquer um perceberia como você está quase implorando para que eu te beije agora. Mas isso não vai acontecer.- Eu larguei seu rosto e peguei meu computador, me sentando na mesa longe de Olivia.- Eu me recuso.
-Você vai pagar a língua, fica quietinha ok?!- Olivia falou e ameaçou se levantar mas eu fiz um sinal com a mão, a parando.
-Eu termino aqui e você fica longe de mim, ok?- Eu disse.
-Como você quiser, princesa.
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A um passo do amor (lésbico)
DragosteAos 17 anos, Cecília Gomez tinha o intuito de aproveitar a vida ao máximo. Sua mãe, não chegando nem perto de ser a melhor, dizia que sua filha era a típica adolescente rebelde. Na escola, Cecília chamava a atenção de todos por conta de sua beleza...