Cecília
Normalmente eu ficaria muito feliz com a chegada do fim de semana, mas agora que eu não tinha nem celular para me entreter, ficar em casa parecia um inferno.
A semana passou muito lentamente e eu passei horas e horas deitada na cama questionando toda minha existência. Eu fiz planos para minha vida e criei pastas e mais pastas no Pinterest para me motivar a planejar meu futuro. O problema é que no momento em que eu me sentia isolada algum pensamento intrusivo fazia questão de me lembrar do que acontecia ao meu redor.
Eu gostaria de ter um problema só momento. Talvez minha mãe filha da puta e meu pai idiota seriam o suficiente, mas as semana de provas iria começar e outro alguém não saia dos meus pensamentos.
Meses atrás, eu ouvi uma moça dizer que quando alguém vive na nossa mente é porque essa pessoa pensa em nós. Se alguém pudesse me provar que isso é verdade eu pagaria todo meu salário miserável nisso.
Se eu dissesse que tudo que eu mais queria era estar na mente de Olívia eu estaria mentindo, porque eu queria estar com ela. No começo da semana eu queria seu corpo nu ao meu lado na cama e seus beijos descendo pelo meus pescoço, mas quando os dias foram se passando eu desejava o mínimo, nem que fosse um toque em suas mãos macias e um carinho no rosto.
O mínimo dela.
Na minha cabeça não fazia sentido eu sentir falta dela, aliás, nós nunca tivemos uma conversa de verdade. Eu não sei nada sobre a garota e ela não sabe nada sobre minha vida. Eu ainda pensava em como ela morava com a avó e que se eu não tivesse ido em sua casa talvez nunca soubesse.
Era pra ela ser somente uma figura, uma sombra sem personalidade que vagava pelos meus pensamentos e deixava um rasto com seus cheiro doce pro onde passava, o que fazia ser fácil odiar ela antes. Porém, desde que eu a beijei pela primeira vez era difícil pensar da mesma maneira, ela era real e acima de tudo fazia meu coração acelerar quando estava perto mim.
Seu corpo era real, sua voz, seus beijos, a textura de seu cabelo, seu sorriso...
Em uma das madrugadas rolando o Pinterest, uma imagem chamou minha atenção, nela, duas meninas estavam deitadas em uma cama de casal. As duas estavam abraçadas e se olhavam com carinho e um sorriso no rosto. Uma delas tinha a pele escura e a outra clara.
-Eu e Olívia?
Foi o que eu falei assim que vi a imagem e logo em seguida tapei minha boca e fechei meu computador com raiva, como se alguém pudesse ter me escutado. Aquela tinha sido a primeira vez que eu realmente pensei em nós de uma maneira romântica. Eu não sabia o que fazer, mas não é como se eu realmente pudesse fazer alguma coisa, só sentir. Sentir a maneira que eu tinha que segurar o sorriso toda vez que me lembrava de seu rosto e ficava arrepiada quando sentia seu cheiro do nada.
Essas sensações fizeram com que eu ficasse com vergonha de olhar para Olívia, principalmente porque eu me arrependia completamente da maneira que eu tinha deixado as coisas da última vez que nós falamos. Ela não fazia ideia que eu estava sem celular, mas eu queria que ela pelo menos questionasse e viesse me perguntar o que aconteceu e quando nós veríamos novamente.
Você não faria isso, e com certeza ela não vai.
Na quarta feira, eu me senti mal a tarde toda. Para minha alegria eu não trabalhava desse dia e pude ficar o dia inteiro deitada na cama, com a mente a mil ao invés de ter uma refeição decente. Eu preferia ter pegado uma doença do que confessar o verdadeiro motivo do meu mal estar.
Ela não me olhava e muito menos falava comigo, mas passeava pelos corredores agarrada com Davi, dando risinhos e sorrisos bobos. Eu o odiei nesse dia. Desejei que ele se acidentasse e nunca mais pudesse abraçar Olívia.
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A um passo do amor (lésbico)
Roman d'amourAos 17 anos, Cecília Gomez tinha o intuito de aproveitar a vida ao máximo. Sua mãe, não chegando nem perto de ser a melhor, dizia que sua filha era a típica adolescente rebelde. Na escola, Cecília chamava a atenção de todos por conta de sua beleza...