Capítulo 5

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Olivia

CARALHO

Mas que merda, é claro que minha semana estava boa demais pra ser verdade. Mas é claro que os dias ensolarados e o encontro com Fernanda seriam arruinados pela mesma pessoa que acaba com meus dias desde sempre.

Cecília, a filha da puta Cecília.

CARALHO

Que fim de semana horrível.

Na sexta-feiras depois do ensaio eu me senti diferente, mas diferente de verdade. Eu me sentia leve como uma pluma, radiante como a porra do sol e dava gargalhadas das piadas sem graça da minha avó no jantar. Até ela perguntou o que tinha acontecido.

Eu não sabia explicar, mas Fernanda me fazia bem, e o fato de nos conhecermos há pouco tempo não me assustava, na verdade. E foi por isso que eu mal consegui dormir a noite esperando o momento que eu iria me encontrar com ela pra ir à praia.

O dia estava quente, ela levou bebidas de fruta para tomarmos e estendeu a canga de praia na areia fofa longe do mar. Eu aproveitei cada segundo da companhia dela até ser tirada do meu conto de fadas pela porra da minha colega de classe.

De fato, não era a presença dela que me incomodava, até porque eu convivia com a garota desde o início do ensino médio. Mas o fato dela estar lá, daquele jeito, fazendo aquilo, me incomodou.

Eu não sou cega e muito menos imbecil, então quando eu digo que sem sombra de dúvidas que Cecília é uma das mulheres mais bonitas que eu já vi na minha vida eu estou simplesmente sendo racional.

RACIONÁL

Meu deus, como eu poderia falar de racionalidade se eu a perdi completamente no momento em que a garota se ajoelhou no meio das minhas pernas e tocou meu rosto sensível com suas mãos delicadas?

CARALHO

Como eu poderia me esquecer? Como eu poderia esquecer a forma com que sua pele escura brilhava com a luz do sol e como as gotas de água salgada desciam pelo seu corpo esbelto e sumiam no tecido de seu biquini?

E ela era quente, como era...

Eu consegui sentir o calor de seu corpo de tão próxima que ela estava, consegui sentir sua respiração no meu rosto e o som de sua língua molhando seus lábios carnudos e tão convidativos que eu quase cedi.

Eu quase cedi à vontade absurda de envolver sua cintura com minhas mãos e sentir a textura de sua pele nos meus dedos que continuavam parados ao meu lado. Eu quase puxei seu corpo contra o meu e colei nossos lábios, esquecendo completamente de quem estava ao meu lado e quem era Cecília.

Mas eu me lembrei, eu me lembrei da maneira com que ela me tratava e tratava todos os meus amigos. Me lembrei também que a possibilidade ela estar fazendo aquilo só para tirar onda com a minha cara era absurda, na verdade, eu tinha certeza que era exatamente isso que ela estava fazendo.

Enquanto eu estava deitada na minha cama, domingo de tarde, me esforçando para tirar aquela filha da puta da minha cabeça ela provavelmente estaria rindo de mim.

Rindo do jeito que meus pelos no braço se arrepiaram com seu toque, do modo com que eu fiquei sem palavras ao ver seus seios tão perto do meu rosto, e gargalhando de como eu fechei os olhos para não me perder nos seus.

Meu deus, como eu odeio essa garota.

-Meu amor, eu fiz bolo de fubá, você quer? Sai desse quarto um pouco, Olivia...-Minha avó falou por trás da porta trancada do meu quarto, fazendo eu me sentar na cama bagunçada e destranca-la.

-Eu preciso de um abraço, vovó...- Eu falei manhosa antes de envolver o corpo pequeno da minha vó em um abraço demorado. Eu realmente só precisava de um carinho pra fazer minha cabeça parar de fervilhar.

A um passo do amor (lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora