Karol

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- Não foi um insulto. Diz ele, com a respiração roçando minha bochecha.
- Eu só estava pensando algumas coisas em voz alta. Ele pressiona a lateral da sua cabeça na minha, e fecho os olhos, porque é tão gostoso senti-lo.
Esqueci como era sentir que alguém precisa de mim.
Que alguém me deseja.
Que alguém gosta de mim.
Ruggero nos mantém bem abraçados enquanto diz: - No período de algumas semanas, eu deixei de te odiar, passei a gostar de você e depois a desejar o mundo para você, então me desculpe se às vezes esses sentimentos se sobrepõem uns aos outros.
Entendo mais do que ele imagina.
Às vezes quero gritar com ele por ter sido como que uma parede entre minha filha e eu, mas, ao mesmo tempo, quero beijá-lo por amá-la o bastante para ser uma parede que a protege.
Seus dedos tocam meu queixo, erguendo meu olhar até o seu.
- Eu queria poder retirar o que eu te disse quando falei que sua presença na vida de April não seria boa para a vida dela. Ele desliza as mãos pelo meu cabelo e me fita com sinceridade.
- Sorte a dela se tivesse alguém como você por perto. Você é altruísta, bondosa e forte. Você é tudo o que eu quero que April seja no futuro.
Ele enxuga uma lágrima que escorre pela minha bochecha.
- E não sei como posso fazê-los mudar de
ideia, mas vou tentar.
Quero lutar por você, pois sei que é o que Agus gostaria que eu fizesse.
Não faço ideia do que fazer com todos os sentimentos que afloraram com suas palavras.
Ruggero não me beija, mas só porque sou eu quem o beijo primeiro.

Pressiono minha boca na sua, pois nada do que eu dissesse seria capaz de expressar o quanto valorizo a validação que ele acaba de me dar.
Uma coisa é ele admitir que deseja que eu a conheça, mas, ao dizer que quer que ela seja como eu, ele deu um milhão de passos a mais.
É a coisa mais doce que já me disseram na vida.
Sua língua desliza na minha, e o calor de sua boca parece pulsar para dentro de mim. Puxo-o para mais perto até nossos peitos se encontrarem, mas ainda assim não estamos próximos o bastante.
Eu não fazia ideia de que essa era a única coisa que me fazia hesitar em relação a Ruggero. Só precisava saber que ele acreditava em mim.
Agora que sei que ele acredita, não consigo encontrar nenhuma parte minha que não queira cada parte dele.
Ruggero me ergue e me leva até o sofá sem interromper nosso beijo.
É tão bom sentir o peso do seu corpo contra o meu.
Começo a tirar sua camisa, porque quero tocar sua pele, mas ele afasta minha mão.
- Pera aí. Diz ele, se afastando.
- Pera aí, pera aí, pera aí.
Encosto a cabeça no sofá e solto um grunhido. Não aguento mais esse vaivém. Estou finalmente no clima para deixá-lo fazer o que quiser comigo, e agora é ele que quer se afastar.
Ele beija meu queixo.
- Talvez eu esteja me adiantando, mas, se estamos prestes a transar, preciso pegar uma camisinha lá na picape antes que você tire minha roupa. A não ser que você tenha uma camisinha aqui.
Que alívio saber que foi por isso que ele parou. Afasto-o de mim.
- Vai logo. Vá pegar.
Ele sai do sofá e do apartamento em segundos. Uso o minuto livre para conferir meu reflexo no espelho do banheiro. Ivy está dormindo na caminha
que coloquei ao lado da banheira.
Pego um pouco de pasta de dente e a espalho nos dentes e na língua
Queria poder escrever uma cartinha curta para Agus.
Sinto que preciso avisá-lo sobre o que está prestes a acontecer, o que é ridículo, pois ele está morto e já se passaram cinco anos e posso transar com quem eu quiser, mas ele foi a última pessoa com quem transei, então agora parece um momento importante.
Sem contar que vai ser com o melhor amigo dele.
- Sinto muito por isso, Agus. Sussurro.
- Mas não tanto a ponto de impedir o que vai acontecer.
Escuto a porta do apartamento abrir, então saio do banheiro e encontro Ruggero trancando-a. Quando ele se vira para mim, dou uma risada, porque ele está encharcado de chuva.
A água do seu cabelo está pingando nos seus olhos, então ele o afasta.
- Acho que eu devia ter ido de guarda-chuva, mas não quis perder
tempo.
Vou até ele e o ajudo a tirar a camisa.
Ele retribui o favor, me ajudando a tirar a minha. Estou usando meu sutiã bonito: visto-o sempre que trabalho no bar, pois queria estar preparada caso isso acontecesse.
Eu estava tentando me convencer de que não aconteceria, mas, no fundo, torcia para que estivesse errada.
Ruggero se inclina para a frente e me beija na boca com seus lábios encharcados de chuva.
Ele está frio por ter se molhado, mas sua língua é um contraste escaldante em relação aos seus lábios gélidos.
Sinto um calor rodopiar na minha barriga quando ele põe a outra mão no
meu cabelo e inclina meu rosto para trás a fim de me beijar ainda mais
intensamente.
Levo minhas mãos até sua calça jeans e a desabotoo, ansiosa para tirá-la do seu corpo. Determinada a senti-lo contra mim. Temendo não lembrar como se faz isso.
Faz tanto tempo que não transo que sinto que devo alertá-lo. Ele começa a me levar até o colchão inflável.
Deita meu corpo na superfície e começa a tirar o restante das minhas roupas. Enquanto ele puxa minha calça jeans
pelas minhas pernas, digo: Eu não fico com ninguém desde Agus.
Seus olhos encontram os meus depois que ele tira minha calça, e vejo sua expressão tranquilizadora. Ele se deita sobre mim e me dá um leve beijo na boca.
- Tudo bem se quiser mudar de ideia.
Balanço a cabeça.
- Não quero. Só queria que você soubesse que faz um tempo. Caso eu não seja muito... Ele me interrompe com outro beijo e então diz:
- Você já superou minhas expectativas, Karol.
Ele leva a boca até meu pescoço, e sinto sua língua subir pela minha garganta. Fecho os olhos.
Ele tira minha calcinha, meu sutiã e sua calça enquanto sua língua explora todos os centímetros do meu pescoço à minha barriga. Quando ele sobe de volta para beijar minha boca, sinto-o rígido entre minhas pernas e me encho de expectativa. Dou-lhe um beijo longo, profundo e expressivo enquanto ele estende o braço e põe a camisinha.
Ele se posiciona contra mim, mas não me penetra. Em vez disso, desliza o dedo para dentro de mim, é tão inesperado que arqueio as costas e solto um gemido.
Meu gemido é abafado pelo trovão lá fora. Agora está chovendo mais ainda, mas gosto de ter a tempestade como nosso ruído de fundo.
De algum modo, ela deixa isso tudo ainda mais sensual.
Ruggero continua movimentando o dedo por cima, depois dentro de mim, e a sensação é tão intensa que nem consigo retribuir ao beijo. Meus lábios estão abertos, e solto gemidos entre minhas arfadas.
Ruggero mantém os lábios encostados nos meus enquanto começa a me penetrar.
Ele não consegue me penetrar com facilidade.
É uma experiência lenta, quase dolorosa, e levo minha boca até seu ombro enquanto ele avança delicadamente.
Quando ele está totalmente dentro de mim, encosto a cabeça no travesseiro porque a dor se transforma em prazer. Ele recua devagar e depois me penetra outra vez com um pouco mais de força. Expira subitamente, e sua respiração cobre meu ombro, fazendo cócegas na minha pele.
Ergo os quadris, me abrindo ainda mais para ele, e ele entra em mim de novo.
- Karol. Mal consigo abrir meus olhos para vê-lo. Seus lábios roçam os meus. -Isso é bom pra caralho. Porra. Porra, preciso parar. Sussurra ele.
Ele sai de dentro de mim, e, quando isso acontece, eu choramingo. É um vazio imediato para o qual eu não estava preparada.
Ruggero continua em cima do meu corpo e insere dois dedos em mim, então nem tenho tempo de reclamar antes de começar a gemer de novo.
Ele beija o canto logo abaixo da minha orelha.

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