Karol

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Estou tomando uma ducha quando escuto alguém bater à porta.
Fico assustada porque é uma batida forte e incessante. Lady Diana não faria isso,
e ela é a única pessoa que já esteve aqui além de Ruggero.
Acabei de enxaguar o condicionador do cabelo, então abro a porta do banheiro e grito: - Pera aí!
Tento secar o máximo possível do corpo e do cabelo com a toalha para que eu não saia molhando tudo até a porta do apartamento.
Visto uma camiseta e uma calcinha, pego minha calça jeans e vou até a porta para olhar pelo olho mágico.
Quando vejo que é Ruggero destranco a porta e começo a vestir a calça enquanto ele entra.
Ele parece ficar surpreso com o fato de que não estou totalmente vestida.
Fica parado me encarando até eu abotoar a calça. Dou um sorriso.
- Abandonou seus pais?
Ele me puxa para me beijar, mas sou pega de surpresa porque este beijo é mais do que um beijo. Tem muita coisa por trás da maneira como sua boca
pressiona a minha, é como se ele não me visse há semanas, mas apenas umas três horas se passaram.
- Você está tão cheirosa. Diz ele, pressionando o rosto no meu cabelo
molhado.
Suas mãos descem pelas minhas coxas e me erguem, e eu enrosco as pernas em sua cintura. Ele nos leva até o sofá e nos acomoda ali.
- Isto não é uma cama. Provoco.
Ele mordisca meu lábio inferior.
- Tudo bem, não estou mais tão cuidadoso quanto tentei ser mais cedo.
Agora eu transaria com você em praticamente qualquer lugar.
- Se isso for acontecer, talvez seja melhor me colocar ali no colchão inflável, pois este sofá tem uma procedência questionável.
Sem nem hesitar, ele me ergue e me põe no colchão, mas, enquanto ele beija meu pescoço, Ivy começa a miar.
Ela sobe no colchão e começa a lamber a mão de Ruggero, que para de me beijar e olha para a minha gata.
- Que constrangedor. Vou deixá-la no banheiro.
Levo a gatinha ao banheiro e a tranco lá dentro com água e comida.
Desta vez, sou eu que me acomodo em cima de Ruggero. Eu me sento nele, e
suas mãos sobem e descem pelas minhas coxas enquanto seus olhos percorrem o meu corpo.
- Ainda está se sentindo bem em relação a isto? Pergunta ele.
- Isto o quê? Nós dois?
Ele faz que sim.
- Eu nunca me senti bem em relação a nós dois. Nós dois é uma péssima ideia.
Ele agarra a frente da minha camiseta e me puxa para baixo até nossas bocas quase se encostarem. Põe a outra mão na minha bunda.
- Estou falando sério.
Sorrio, pois ele não pode querer que eu fale sério enquanto está me agarrando deste jeito.
- Está tentando ter uma conversa séria comigo em cima de você?
Ele nos vira e fica em cima de mim.
- Eu trouxe camisinha.
Quero tirar sua roupa.
Quero transar com você de novo, mas acho que devo conversar com os Bernasconi antes de a gente dar mais um passo.
- É só sexo.
Ele suspira e diz: Karol.
Ele fala meu nome como se estivesse me repreendendo, mas depois pressiona a boca na minha, e é um beijo doce e suave e bem diferente de todos os outros que o precederam.
Entendo o que Ruggero quer dizer, mas cansei de pensar nesse assunto, porque eu gostaria de, por um tempo, não pensar nisso. Sempre que estou com Ruggero, só consigo pensar na minha situação. É difícil e, francamente,
assustador.
Ergo a mão até sua bochecha e afasto dela um fiapinho do tecido do sofá.
- Quer mesmo saber o que estou sentindo?
- Quero. Foi por isso que perguntei.
A preocupação fica se alternando. Você se preocupa, depois eu me preocupo, depois você se preocupa... mas não vamos resolver nada nos preocupando. Tenho a sensação de que isso não vai acabar bem. Ou talvez vá. Seja como for, nós dois gostamos de ficar juntos, então até que isso acabe bem ou acabe muito mal, não quero desperdiçar nosso tempo juntos pensando em um futuro que não temos como prever.
Então tire logo a minha roupa e faça amor comigo. Ruggero balança a cabeça, mas está sorrindo.
- É como se você tivesse lido a minha mente.
Talvez, mas tudo que acabei de dizer é bem diferente do que estou sentindo.
O que estou sentindo, na verdade, é pavor. No fundo, sei que não tem nada que ele possa dizer que faça os Bernasconi mudarem de ideia a meu
respeito. Eles nem estão errados: a decisão que os dois tomaram pensando
em si mesmos é a decisão certa, pois é a decisão que lhes traz mais paz.
E vou respeitá-la.
Depois desta noite.
Agora, no entanto, vou ser egoísta e me concentrar na única pessoa do mundo que parece me enxergar como eu gostaria que todos me enxergassem. E se isso significa mentir para ele e fingir que esta história pode ter um final feliz, é o que vou fazer.
Tiro sua camiseta, depois a minha, e então nossas calças jeans. Em questão de segundos, estamos pelados e ele está colocando a camisinha.
Não sei o motivo da nossa pressa, mas estamos fazendo tudo com urgência.
Beijando, tocando, arfando como se nosso tempo estivesse no fim.
Ele vai descendo pelo meu corpo com seus beijos até sua cabeça estar entre minhas pernas. Beija minhas duas coxas antes de me separar lentamente com a língua. A sensação é tão forte que pressiono os calcanhares no colchão e me deslizo para cima, fazendo-o segurar minhas coxas e puxar meu corpo de volta para sua boca.
Estendo o braço em busca de alguma coisa para segurar, mas não tem nem uma manta, então deixo minhas mãos no seu cabelo, movendo-se no mesmo ritmo de sua cabeça.
Não demoro muito para atingir o orgasmo, e quando as sensações se
espalham por mim e minhas pernas se contraem, Ruggero intensifica o
movimento com a língua.
Tremo e gemo até não aguentar mais. Preciso senti-lo dentro de mim.
Puxo seu cabelo até ele subir pelo meu corpo, e desta vez ele entra em mim de uma vez só e com rapidez.
Ele me penetra com força, várias vezes, e quando tudo acaba percebo que de alguma maneira fomos parar no chão ao lado do colchão inflável, cobertos de suor e ofegantes.
Acabamos indo tomar uma ducha juntos, com minhas costas em seu peito. A água escorre por nós dois enquanto ele me abraça em silêncio.
Quando penso em me despedir dele em algum momento, sinto vontade de me encolher e chorar.
Assim, tento me convencer de que me enganei em relação aos Bernasconi. Tento mentir para mim mesma, dizendo que tudo vai se resolver entre nós. Talvez não amanhã, talvez não este mês, mas espero que Ruggero tenha razão. Talvez algum dia ele consiga fazê-los mudar de ideia.
Talvez ele lhes diga algo que seja como uma semente, e então a semente vai crescer e crescer até eles começarem a se compadecer da minha situação.
Me viro para ele, ergo a mão e toco sua bochecha.
- Eu teria me apaixonado por você mesmo que você não amasse April.
Sua expressão muda, e então ele beija a palma da minha mão.
- Eu me apaixonei por você por causa do tanto que você a ama.
Que droga, Ruggero.
Dou-lhe um beijo em resposta às suas palavras.

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