Capítulo 5

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Helloooou!

Mais um capítulo pra vocês. ☺️

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POV CAROL 

Após eu oferecer a carona, Rosa acabou aceitando. Eu pude perceber que ela olhava para sua filha e via com contentamento ela brincar feliz da vida. Atitude típica de mães que se sacrificavam para ver seus filhos felizes.

Alguns convidados já tinham ido embora. A maioria das mesas já estavam vazias. Júlia e Alice monopolizavam os brinquedos. Elas corriam sorridentes de um para o outro sem ter mais filas de crianças na frente.

Eu e Rosa seguíamos numa conversa infinita. Onde um assunto seguia o outro, de forma espontânea. Ela me falava sobre Júlia e a dificuldade que ela tinha por ser muito tímida. No colégio, ela praticamente só conversava com Alice. Até se surpreendeu em vê-la brincando com as gêmeas hoje. Apesar de não ter nenhum problema de comportamento, ela sempre ficava mais quietinha na dela.

- Mas cê já tentou levar ela para conversar com uma psicóloga?

- Na verdade, ela já teve uma conversa com a do colégio. A professora me chamou para falar uma vez sobre isso. 

- Mas será que não valia a pena buscar uma outra opinião? Quem sabe conversando com uma boa profissional ela não possa se abrir mais...

- Pois é. Já pensei nisso. Mas tenho que buscar algumas recomendações.

- Olha, eu conheço uma muito boa. Ela é especialista na terapia infantil. É minha amiga e se quiser posso te passar o contato dela.

- Pode ser. Eu agradeço muito. 

Notei que mesmo sendo sincera no agradecimento, ela havia ficado um pouco incomodada. Eu não sabia se eu tinha ido longe demais falando disso ou se havia outro motivo. Preferi não pensar muito nisso e mudei logo de assunto. Tratei de perguntar sobre os planos dela após terminar a faculdade. Ela acabou me contando que tinha planos de trabalhar na área, mas não sabia como iria fazer, já que no trabalho atual ela tinha uma flexibilidade maior e podia levar a filha. Ela sabia que não era em qualquer trabalho que ela poderia fazer isso. Sem contar que também não queria abandonar a chefe, a quem tem muita gratidão.

No meio desse assunto, acabei falando um pouco sobre a empresa da família. Ela se mostrou atenta aos detalhes e a história que eu contava sobre como tudo cresceu. Ela também falou que conhecia o supermercado e que muitas vezes fazia compras na filial do seu bairro. Quando nos demos conta, nós mergulhamos num papo sobre trabalho e ela acabou se empolgando numas ideias que ela tinha de gestão. Trocamos várias opiniões sobre o assunto e aquilo me fazia ter mais certeza de como ela merecia ter mais oportunidades. Acabamos sendo interrompidas por Renata que sentou em uma das cadeiras livres da mesa e começou a reclamar que meu cunhado bebeu demais e ela teve que quase carregar ele para o quarto. Só aí nos demos conta que só tinha sobrado nós duas e as únicas mesas montadas da festa, eram a nossa e a da Marcela com sua namorada e amigas.

Olhei para Rosa e logo pude entender o recado. Estava tarde e ela precisava ir, mas provavelmente estava com vergonha de me falar já que elas iam comigo de carona. Então, sem demora, fui me adiantando e a chamando para irmos.

A cena que vimos a seguir foi a coisa mais fofa de todo aquele dia. Exaustas, pelo cansaço, Alice e Júlia tinham adormecido no meio da piscina de bolinhas. Eu encarei Rosa e ela sorria tanto quanto eu para aquela imagem a nossa frente. Com um pouco de dificuldade, eu entrei para que pudesse tirar Alice de lá, mas acontece que eu acabei me desequilibrando e mergulhando no meio das bolinhas. O que fez as meninas acordarem assustadas. Quando elas perceberam o que tinha acontecido, caíram na gargalhada e começaram a jogar bolinhas em mim. Rosamaria assistia aquilo gargalhando e negando com a cabeça.

- Para de rir, Rosa! Não tem graça. - eu dizia e ao mesmo tempo gargalhava tentando desviar das bolinhas. 

- Entra aqui também Tia!! 

- Vem, mãe! - Júlia endossava o coro de Alice.

- Nem pensar! Tá na hora de vocês saírem daí já.

- Como cê pode negar algo para essas meninas lindas aqui? - eu falei puxando as duas garotinhas para perto de mim e cochichei para elas fazerem carinhas de cachorrinho pidão.

Sem conseguir negar algo para as meninas ela acabou entrando e sendo atingida por várias bolinhas que jogávamos nela. Todas nós nos divertíamos e ríamos da brincadeira. Por um instante, meu olhar cruzou com o dela. Eu sorria de um jeito bobo encarando-a. Ela, por sua vez, me devolveu um sorriso de lado, meio tímido.

O momento só parou quando percebemos que Renata estava morrendo de rir e tirando fotos da nossa diversão. O que levou Rosamaria a ficar completamente envergonhada e ir se levantando sob protestos meu e das crianças.

Depois de nos despedimos e da minha irmã preparar uma marmita com bolo e docinhos, para mim e para Rosa, saímos do condomínio. Júlia, que já havia ficado sonolenta de novo, ia dormindo tranquilamente no banco de trás. De vez em quando, Rosa virava para vê se ela não estava muito torta.

Já era tarde da noite. O trânsito era praticamente inexistente. Por isso mesmo eu tinha ainda mais cuidado na direção. Um sertanejo qualquer tocava, baixinho, no som do carro. O silêncio entre nós não era desconfortável. Acho que o cansaço já atingia nós duas também. 

Pelas informações que ela tinha me dado, nós já estávamos chegando perto de sua rua. Antes que não desse tempo, acabei falando o que já estava na minha cabeça há algum tempo.

- Rosa, o que cê acha de ir trabalhar lá no administrativo da empresa, quando cê terminar sua faculdade? - falei encerrando nosso silêncio. O que pareceu surpreendê-la.

- Isso seria uma grande oportunidade, Carol. Eu te agradeço, mas não sei se eu teria como dar conta. - ela fala me olhando com um ar um pouco triste.

- Olha, se eu tô te oferecendo é porque eu acho que cê consegue sim. Eu não iria te propor isso se eu soubesse que cê não dava conta.

- Não é isso. Eu sei que no trabalho eu seria boa. Mas... - ela pausou e olhando para trás continuou. - Eu não posso.

- Por conta da Júlia?

- Também. Eu não teria com quem deixá-la e eu não posso largar a Caterina na mão.

- Bem, mas não seja por isso. Na sede, nós temos uma creche. Os filhos dos funcionários são todos bem vindos lá. E quanto ao fato do seu trabalho, cê poderia começar fazendo uma experiência lá no escritório. Seu expediente poderia ser pela manhã se assim ficasse melhor para você e dessa forma cê não precisaria largar a livraria. Além de que seria no horário da escola da Júlia.

- Tu tá mesmo falando sério?

- Claro. Eu acho que cê seria uma ótima aquisição para empresa. Gostei muito das ideias que cê tem e acho que isso ia somar muito lá dentro.

Como se cronometrado, Rosa me interrompeu apontando para uma casa um pouco a frente. Fui diminuindo a velocidade e parando o automóvel bem em frente ao portão da pequena casa amarela. Como Júlia dormia e ela ainda tinha o depósito para carregar, desci do carro para ajudá-la. Peguei a menina no colo, enquanto ela abria o portão e a porta da casa.

- Pode deixar ela aqui no sofá, Carol. Depois eu levo ela para o quarto.

Em obediência, eu apenas acatei o pedido, deixando a garotinha deitada e plantando um beijo em sua testa. Me ergui e logo me dirigi para a porta. 

- Eu não sei nem como te agradecer, Carol. - ela falou encostada no batente. - Não só pela carona, mas também por essa oportunidade que tu quer me dar.

- Me agradece aceitando. - eu falei suave com um sorriso torto. - Sabe, meu pai sempre me ensinou a agarrar oportunidades quando elas apareciam. Na minha vida, eu não posso reclamar, eu tive um monte delas. Mais do que muitos teriam. Isso também me fez aprender sobre a hora que eu devo oferecer oportunidades e ouvindo tudo que cê tem em mente, eu não vejo uma hora melhor.

Those Eyes - Rosattaz Onde histórias criam vida. Descubra agora