Capítulo 32

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POV ROSAMARIA 

As últimas semanas têm sido maravilhosas. Já fazia mais de um mês que eu e Carol estávamos saindo. Ainda não tínhamos um rótulo para o que vínhamos vivendo. Mas ficávamos cada vez mais próximas. A vontade de estar junto, uma da outra, só aumentava com o nosso dia a dia. A mais velha ia nos buscar quase todos os dias de manhã e quando não podia, ela ia a noite no fim do meu turno da livraria.

Uma novidade durante esses dias foi o fato de Júlia começar a ir para consultas com uma psicóloga. A mulher era um doce de pessoa e minha filha estava adorando. Carol também me ajudava com isso, pois às vezes a buscava no consultório. Eu me sentia bem mais aliviada agora que ela vinha recebendo um tratamento especializado para lidar com os seus traumas.

Acho que eu podia dizer que minha vida estava entrando nos eixos. Era, sem dúvidas, uma das melhores fases que eu já vivi. Eu nunca tinha me sentido tão bem como agora. 

Deixei Júlia na porta de sua sala e me dirigi ao portão de saída. Eu teria que ir para a parada esperar o ônibus para ir ao trabalho. Hoje Carol não pôde nos buscar, porque precisava ir mais cedo para uma das filiais. Mal passei pela portaria e pude vê Renata entrando, segurando Alice pela mão.

- Tia Rosa! - gritou a menina e eu agachei, como sempre fazia, para lhe abraçar. - A Juju já tá na sala?

- Tá sim, pequena. - eu sorri, passando a mão em seus cabelos. - Bom dia, Renata! - me direcionei a mais velha.

- Bom dia, Rosa! - ela respondeu e nos cumprimentamos com dois beijinhos no rosto. - Será que cê pode me esperar enquanto eu deixo ela com a professora? Eu estava precisando conversar com você.

- Claro. Mas aconteceu algo? - eu questionei curiosa. Ela prontamente negou e pediu para eu aguardar.

Fiquei alguns minutos ali parada esperando. Eu não fazia ideia do que ela queria conversar comigo. Confesso que tive receio de que o assunto fosse Carol. Não sabia se ela estava sabendo de algo sobre nós e se era contra. Quando ela voltou, se ofereceu para me deixar na empresa e disse que poderíamos conversar no caminho.

- Eu espero que cê não se sinta desconfortável com o assunto, mas eu preciso mesmo falar sobre isso com você. - ela iniciou tranquila, enquanto mantinha a atenção no trânsito. - Você e minha irmã se aproximaram bastante desde que se conheceram e não me leve a mal, mas eu venho observando vocês quando a gente se encontra. - ela deu uma rápida olhada na minha direção. Permaneci calada ainda tentando entender onde a mulher queria chegar. - Você nunca se envolveu com nenhuma mulher, né? - eu confirmei, em silêncio, apenas balançando a cabeça. - Foi o que pensei.

- Renata, tu poderia ir direto ao ponto? Eu tô ficando um pouco nervosa. - eu disse angustiada e vi a mulher suspirar indecisa.

- Me desculpa se estou sendo intrometida, mas a Carol é minha irmã e não quero ver ela machucada. - ela continuou. - Eu tenho observado o jeito que cê olha ela. Sei que talvez cê deva estar confusa, mas eu vejo que cê tem algum tipo de carinho por ela. - a mulher disparava a falar e eu só queria um buraco para me enfiar. Eu não sabia o que dizer. Pelo visto Carol ainda não tinha contado nada sobre a gente. - Eu acho que cê já tem uma leve noção que minha irmã gosta de você e... - eu a interrompi.

- Renata, desculpa te interromper. Mas antes que tu continue eu preciso te dizer algo. - eu pausei. O carro parou no sinal vermelho e ela se virou me encarando. - Eu também gosto da sua irmã. Foi difícil para mim entender esses sentimentos. Mas eu finalmente caí na real. Eu quero que tu saiba que não tô enganando ela ou me aproveitando...

- Mas eu não ia dizer isso, Rosa. Pelo contrário, eu faço o maior gosto de vocês duas juntas. Eu quis falar com você porque achei que cê ainda estava confusa em relação a ela. 

Those Eyes - Rosattaz Onde histórias criam vida. Descubra agora